O Sr. Presidente: - Bem! Nós tínhamos estabelecido a regra de não abrir oportunidade a diálogo através destes pedidos de esclarecimentos. De maneira que agradecia ao Sr. Deputado Vital Moreira que, da maneira mais breve possível, e definitivamente, pela última vez, fizesse o seu pedido de esclarecimento.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Não é propriamente para um protesto, é para me regozijar pelo afundamento em que acabou por cair o Sr. Deputado.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Pedro Roseta tem a palavra.

O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Eu tinha dois pedidos de esclarecimento, muito curtos, a fazer ao orador que subiu à Tribuna mas, uma vez que já vai sendo hábito, V. Ex.ª terá de me dar licença para fazer um comentário: é que, efectivamente, muitas vezes temos ouvido aqui qualificações, comentários, mesmo em pedidos de esclarecimento, por parte deste Sr. Deputado; até qualificando outras pessoas de «indigentes», «pusilânimes» «mentirosos», «ignorantes» - como ainda agora aconteceu em relação ao meu companheiro Casimiro Cobra -, etc.

Bom, eu deixo à consideração dos presentes nesta Assembleia saber se, junto com os seus tremendos juízos apodícticos e categóricos, é ele ou não quem faz terrorismo ideológico.

Mas, por mim, vou antes para a interpretação do conhecido Jacques Lacan, discípulo de Freud, que afirma: Parler c'est jouir.

Mas chamo a atenção do Sr. Deputado que o mesmo Lacan afirma, mais adiante, que: Lá où ça parle, ça jouit et ça sait rien.

Protestos da Assembleia.

E o povo português diz também que «quem muito fala pouco acerta» ...

O Sr. Presidente: - Eu pedia ao Sr. Deputado o favor de formular o seu pedido de esclarecimento.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Vital Moreira pode responder.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - É verdade, Sr. Deputado, quem muito fala pouco acerta e o Sr. Deputado falou demasiado.

Uma voz: - Boa piada!

O Orador: - A primeira pergunta: de facto a consagração dos direitos económico-sociais na Constituição de Weimar é o resultado da longa luta da classe operária alemã por esses direitos. E eu falei, além dessa consagração, do fracasso e da derrota da Revolução Alemã, de 1918-1919. Esse fracasso deve-se à traição da social-democracia.

Quanto à construção do socialismo através da classe burocrática, pois o Sr. Deputado estará em muito melhores condições para me dizer isso, porque pertence a uma classe burocrática, não à procura de poder, mais sim que tem efectivamente o poder.

O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Nunca dei por isso!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, é só para apresentar, sem espírito polémico e com toda a serenidade, um protesto. O protesto baseia-se no seguinte: estamos aqui assim a dar um exemplo de democracia formal e nós discutimos aqui muitas vezes que a democracia formal, que é parlamentarismo, e é isto que se está a passar. O Partido Socialista protesta contra este método de trabalho e propõe que passemos a fazer trabalho produtivo.

(O orador não reviu.)

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Não temos mais oradores inscritos. Por consequência podemos dar por encerrado