estarem ao desemprego, e estas famílias não são 10 nem 50, já passam de 250 000.

E também reivindicamos que se respeita a disciplina de trabalho a que o povo está sujeito. E é por isto que na nossa proposta vem escrito que cada :deputado deverá justificar qualquer falta no prazo de três dias. Caso contrário, achamos que esse dia lhe deve ser descontado no ordenado, e isto não é ser demagogo ou sensacionalista, a não ser que os Srs. Deputados afirmem aqui que é falso que um operário ou trabalhador, quando tem de faltar ao trabalho, por exemplo, por ter alguém da sua família doente, e não justifica com atestados a sua falta, quase vê desaparecer o seu salário com os descontos.

Claro que também poderão dizer que esta questão de ordenado e subsidio não diz respeito à Assembleia, pois isso já foi legislado pelo Governo. Mas nós afirmamos que quem faz uma lei também a desfaz, mudando-a desde que assim o queira. .

Tenho dito.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Foram feitas aqui várias declarações de voto que não vou expressamente referenciar. Procurares, no entanto, focar um tópico que me parece essencial. Não ponho, de forma nenhuma, em causa a legitimidade revolucionária que vem para todos aqueles que, por um acto de justiçai acompanhado da força necessária, derrubaram o regime fascista no dia 25 do Abril.

O que hoje digo é que esta Assembleia é duplamente legitimada: nasceu da vontade revolucionária dos homens do 25 de Abril, mas, acima de tudo, nasceu da vontade expressa dos 90 % de portugueses que nos trouxeram o seu voto e nos incumbiram de uma missão!

Vozes: -Muito bem!

O Orador: -Dentro desse espírito, eu gostaria de dizer aos meus queridos colegas deputados que nós, deputados do povo, que eu porque em meu nome falo, também deputado do povo, me não demitirei, e que entendo que não nos devemos demitir de, aqui, neste lugar, sermos os intérpretes da vontade do povo português, esse povo sofredor, esse povo oprimido, que confia nos seus delegados, naqueles que elegeu, naqueles que mandatou para dizerem das más dores e, sobretudo, da má vontade!

Ao fazê-lo, peço-o com uma redobrada autoridade, que é a de ser militante de um partido marxista (risos), partido que sabe que as constituições não nascem do Céu, dos conceitos, mas nascem do estudo vivificante das realidades concretas, nascem do estudo vivificante do conhecimento concreto do que se passa no nosso lado, e que não pode. ser sofismado por nenhumas declarações abstractas, porque só a verdade concreta é efectivamente revolucionária!

Vozes: -Muito bem!

Aplausos.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: -Eu entendo que os deputados desta Assembleia devem estar ligados ao povo que os elegeu, e, para além das discussões, para além dos debates, devem trazer constantemente algo que a imprensa, que a rádio e que a televisão muitas vezes se apostam em ocultar, e que é tão só a verdade! Disse.

(O orador não reviu.)

Vozes: -Muito bem!

Aplausos.

O Sr. Presidente: -Peço a atenção! Não se encontra mais nenhuma inscrição de deputado para usar da palavra, pelo que vamos ler a proposta do deputado António de Macedo, que já foi referida por ele próprio.

Foi lida. É a seguinte:

Proposta

Considerando o carácter da minha intervenção na última sessão desta Assembleia e tendo em conta que o dia de amanhã é feriado, a que se seguem um sábado, e domingo, proponho que sejam estes dias reservados para estudo e exame do projecto de Regimento agora em distribuição, devendo reunir o plenário da Assembleia às 15 horas do dia 16 para se iniciar a sua apreciação na generalidade.

Sala das Sessões, 12 de Junho de 1975. - O Deputado, António de Macedo.

Posta à admissão, a proposta foi admitida.

O Sr. Presidente: - A proposta está em discussão.

Pediu a palavra o deputado Américo Duarte.

O Sr. Américo Duarte: - Sr. Presidente: Só queria fazer uma nota sobre o trabalho da Comissão.

É que não ouvimos ler a nossa proposta de Regimento, tal como a entregámos à Comissão. E como só agora ouvi falar o relator da Comissão, ainda não me posso pronunciar se retiro ou não a minha proposta antes de analisar se a que foi feita pela Comissão respeita ou não a que eu propus. Portanto, peço ao Sr. Presidente que fique presente a esta Assembleia. a proposta da UDP, tal como a apresentámos, até eu me pronunciar sobre se a retiro ou não.