ainda aumentar, à medida que haja colaboração, por convicção ou por oportunismo, de novos quadros dirigentes, agora ditos com, como já disse, «espírito revolucionário».

E assim prosseguiu o controle da economia, quando se torna mais do que claro e evidente que a economia está em plena crise, pois todo o sistema de decisões está desmantelado - pelo menos, no domínio industrial e financeiro -, e torna claro também que o Estado não tem capacidade para digerir a produção.

O que se passa no campo da reforma agrária também é exemplo e fonte de reflexão, mas não nos podemos ocupar disso aqui.

5. Colagem ao e colonização do MFA.

5.1. A colagem ao MFA foi estratégia seguida desde a primeira hora e realizada sob dois aspectos. Em primeiro lugar, procurar a identificação. Em segundo, influenciar.

5.1.2. A influência sobre o MFA é exercida pelos homens dentro do MFA ganhos à sua causa e pela colocação ao serviço destes de slogans e orientação preconizada de antemão. Essa colonização ideológica sobre alguns militares mais susceptíveis e com menor formação política pode ser apreendida pela evolução da sua linguagem.

5.2. Também por um lado funcionam a infiltração e colonização ideológicas no interior do MFA. Como por exemplo é sintomático o comportamento da extinta 5.ª Divisão. O texto de apoio n.º 9 explica-o.

Através, portanto, desta colagem e desta infiltração, o PC pretendia aparecer identificado com o MFA, arrogando-se mesmo a sua defesa, se não mesmo a sua representação.

5.3. Simplesmente, à medida que este processo de simbiose avançava, encontraram-se ainda resistências. Estas trataram de ser eliminadas, e os oficiais «não progressistas» (os que se permitem discordar), passariam a ser progressivamente marginalizados, até que permanecessem apenas os ditos «progressistas» e o controle pessoal e funcional fosse efectivo, embora não aparente. Felizmente, a maioria do MFA reagiu.

6. As associações populares unitárias foram outra forma de conseguir antidemocraticamente o poder.

6.1. A institucionalização destes órgãos de poder anarco-populares e a transformação das forças armadas em «exército popular de apoio aos sovietes locais» iriam também, a prazo, fazer desaparecer o MFA. Este, não contendo ideologia própria, e sendo colonizado ideologicamente, seria progressivamente dominado pelas decisões daqueles órgãos e pela doutrina neles gerada.

O Sr. Presidente: - O orador dispõe de dois minutos.

O orador:- Ela foi, no entanto, contrariada e desmascarada quando, por descarada e triunfalista, se tornou demasiado evidente. Foi o povo que se manifestou claramente contra esta acção antidemocrática das pseudovanguardas e contra a desordem económica e social em que o País foi lançado. Foi também o pronunciamento do Exército e da Aviação, que, em novo gesto de retorno à pureza do 25 de Abril, impediram que ela prosseguisse.

Os mentores desta linha antidemocrática não desistiram, no entanto. Prosseguem nos insultos e nas calúnias, tentando desmembrar e dividir os adversários dos seus intentos e assustar o povo, prosseguem ainda os seus jogos divisionistas no seio do MFA, praticam a falsa informação e ameaçam com a desordem e com o caos social, ao mesmo tempo que procuram alianças espúrias e praticam comportamentos dúplices, numa aparente confusão desnorteante. Mas o povo e as forças armadas saberão responder e defender a democracia. Basta não termos medo. E não o teremos.

Esperamos que este novo Governo, que é o primeiro Governo com uma plataforma política própria, terá capacidade para relançar Portugal na causa da democracia e do 25 de Abril que o povo recebeu com alegria. Para isso, Srs. Deputados, demos-lhe todo o nosso apoio, pois talvez seja esta a última oportunidade da democracia.

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Medeiros Ferreira.

O Sr. Medeiros Ferreira (PS): - Eu pedia que me guardassem o uso da palavra para terça-feira.

O Sr, Presidente: - O Sr. Deputado José Luís Nunes.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Prescindo, guardando-me para terça-feira também.

O Sr. Presidente:- Temos oradores inscritos do Partido Comunista, mas que comunicaram adiar a sua intervenção.

O Sr. Deputado Manuel Canijo.

Pausa.

Está presente?

Pausa.

Carlos Candal?

Pausa.

Prescinde?

Tem então a palavra a Sr.ª Deputada Helena Roseta.