Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Orador: - Espalham o ódio, a violência, a destruição.

Querem erguer-se nas cinzas das ruínas por eles arquitectadas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A destruição da autoridade democrática é obra que interessa a extremistas da direita e esquerda.

É fundamental denunciar com veemência alguns órgãos de informação que, em nome do povo, suportados pelo povo, tanto o têm dividido.

A mentira campeia nesses órgãos. Milhares de trabalhadores viram junto da Emissora Nacional como se fabricam notícias falsas.

Na grande manifestação convocada pelo PS, perante uma multidão pacífica, forças sectárias e minoritárias dispararam sobre o povo.

Perante essa verdade comprovada por milhares de pessoas, leva-se o descaramento provocatório a transformar imediatamente os agressores em agredidos.

O País precisa de saber urgentemente quais as forças que sem reservas apoiam um Governo que é constituído com o mínimo de respeito pela vontade popular, expressa em 25 de Abril de 1975.

É urgente que a duplicidade de posições, que as declarações platónicas, dêem lugar ao empenhamento das forças que sinceramente defen dem a democracia, o socialismo e a Revolução.

Só na coerência se pode criar a unidade.

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Álvaro Monteiro.

lógicas e irreversíveis (e inevitáveis) que aquelas eleições em si continham e, creio, ainda contêm!

Após o V Governo (que deliberadamente esqueceu a vontade popular expressa nas eleições, que calcou a pés juntos os mais legítimos direitos dos Portugueses, designadamente quanto à exacta função que aos meios de comunicação social o programa do MFA desejou imprimir-lhe; e o recurso aos processos discriminatórios da então endeusada 5.ª Divisão, que pretendeu ser, de facto, o órgão superior de soberania nacional, com o mais absoluto desprezo de todos os demais que mergulhavam as suas raízes na legitimidade revolucionária ou constitucional - não falando já nos inúmeros factos que durante várias semanas lançaram o País num estado de angústia), depara-se-nos actualmente um problema extremamente grave: a indisciplina que lavra, infrene, nas forças armadas!

Como exemplo, e apenas como exemplo (bem significativo, aliás), o desvio de 1000 G-3 ou mais de 1000 G-3 e a confissão clara do facto por um oficial do COPCON! E {coisa de pasmar), a cobrir todo esse estranho acto, a declaração do mais directo e alto responsável dessa força militar, de que as aludidas armas estavam em «boas mãos»!

Para além de tal declaração corresponder, na prática, a uma dirimente para um acto criminal que todas as legislações do mundo punem (inclusivamente as dos países de maior expressão socialista) e que abre as portas à indisciplina total, não só nas forças armadas, mas também na vida civil (não será privilégio das forças armadas poderem ser indisciplinadas e o povo não ...), põe-se o problema fundamental para todo o Governo que realmente deva e queira governar: quem lhe garantirá a execução das medidas que repute úteis ao progresso político, económico e social?

Quem assegurará às leis e demais actos do Governo a força coerciva sem a qual governar não passará de imagem puramente poética, para não dizer ridícula?

O Sr. Primeiro-Ministro do V I Governo Provisório, Almirante Pinheiro de Azevedo, declarou que essa força estava assegurada, pois tinha o apoio, parece que pleno, dos militares que servem a Revolução na pureza das suas intenções: construir uma sociedade democrática, socialista e pluralista.

Tal afirmação que os órgãos da informação reproduziram, com mais ou menos destaque, consoante o agrado ou desagrado que provocaram, sossegou, durante alguns dias, infelizmente poucos, extensas camadas sociais do País, bem podendo dizer-se que o povo português, na sua enorme maioria, ficou tranquilo, já que tinha um Governo expressão da vontade popular e uma força que efectivamente o apoiava com os meios adequados!

Seria essa a almejada aliança Povo-MFA que os sucessos do anterior Governo tinham, infelizmente, posto em causa!

Era, de resto, o mínimo que se poderia exigir das forças armadas: que fizessem respeitar, na integra, um Governo que traduzia um sentimento nacional expresso no resultado das eleições de 25 de Abril de 1975! Que cumprisse o programa da Revolução!

Sem tergiversações, isto é, sem concessões à direita reaccionária ou contra-revolucionária, nem afagos aos