acção destruidora que contra ele e contra a democracia empreende na rua.

Uma voz: - Como sempre!

O Orador: - O prognóstico feito pelo PPD ao formar-se o VI Governo, segundo o qual o. comportamento do PC mostraria não haver lugar para ele nessa frente democrática e progressista, confirma-se infelizmente. Daí impor-se a sua saída do elenco governativo.

Vozes: - Muito bem!

Outras vozes: - Lacaios da burguesia!

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Orador: - Todos os cidadãos amantes da democracia e da liberdade, seja qual for a sua opção partidária, têm de estar cientes da amplitude do movimento totalitário que se pretende desencadear contra a esperança de democracia que é o VI Governo, esperança vivida pelo povo português e que ainda há dias constatei animar a Assembleia dos Parlamentares do Conselho da Europa.

A Sr.ª Hermenegilda Pereira (PCP): - Para tu ires passear, ando eu a butes.

Vozes: - Lacaios da burguesia. Fora a burguesia!

Outras vozes: - Ataca é o imperialismo!

O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Aliados de Hitler, calem a boca.

O Sr. Presidente: - Pede-se a atenção. Pede-se a atenção.

Os Deputados devem ouvir o orador em silêncio, interrompendo-o apenas com a sua autorização. Não é permitido qualquer diálogo.

O Orador: - Os órgãos de decisão militar têm de possuir nesta hora a clara noção de que uma atitude de firmeza democrática, em conformidade com a vontade que o povo já exuberantemente exprimiu, é o único meio de impedir que a liberdade, a democracia e a justiça pereçam na voragem de Praga ou de Santiago do Chile.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Milhões de portugueses democratas não querem Praga nem o Chile ...

Vozes: - Demagogo.

O Orador: - Querem paz, tranquilidade, ordem democrática, sem as quais os belos ideais de liberdade e justiça social da Revolução de Abril terão sido usurpados pelos serventuários da opressão, da discriminação e da dependência do estrangeiro.

Tenho dito.

(O orador não reviu e fez a sua intervenção na tribuna.)

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Ladrão da classe operária!

O Sr. Presidente: - Está inscrito em seguida o Sr. Deputado José Carlos, a quem peço licença para avisar que dispõe, com um pouco de liberalidade, de 10 minutos.

Tem a palavra.

O Sr. José Carlos (PCP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: As tentativas das forças de direita, enquadradas em partidos como o PPD e o CDS, e os esforços desenvolvidos por organizações terroristas como o ELP e o MDLP estão a revelar que objectivos visam atingir e quais são os meios que usam; os objectivos, como é evidente, são a liquidação das grandes conquistas do nosso povo, os meios são a liquidação ou marginalização das forças revolucionárias, a repressão sobre os trabalhadores e as massas populares.

Esta ofensiva reaccionária começou com os actos de violência terrorista contra os centros de trabalho do PCP, sindicatos é outras forças progressistas, assaltos a residências de democratas.

No Porto, o PPD, o CDS e também o PS, lançaram-se contra o Conselho Municipal, criado pelas massas populares, as comissões de moradores e de trabalhadores ...

Burburinho.

... em aliança estreita com o MFA. O governador civil considerou tal órgão popular como «inexistente», naturalmente à luz do Código Administrativo fascista. Proibiu as suas reuniões na Câmara Municipal, que a Comissão Administrativa Militar até então existente tornaram habituais e de grande significado para o povo do Porto. E esse mesmo governador, para impor a sua vontade, e o Código de M. Caetano, chamava a polícia para reprimir os representantes populares e os milhares de portuenses que os acompanhavam.

Uma voz: - É falso!

Agitação na Sala.

O Orador: - No Porto, assistimos então a algo de inédito após o 25 de Abril: a polícia de choque fez a sua aparição nas ruas do Porto, com a brutalidade que o povo durante anos lhe sofreu. Usando a parte