cionais e temperamentais, conseguirão é explicar como se torna possível manter esse Sr. Oficial à testa do corpo militar que ainda comanda.
Aplausos.
Uma voz: - O ELP vai chegar!
O Orador: - Srs. Deputados: Transparece de tudo quanto deixei dito ...
O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado dá-me licença? Queria adverti-lo de que está muito próximo o fim do seu período.
O Orador: - Vou terminar já.
O Sr. Presidente: - Queria que acabasse.
O Orador: - Srs. Deputados: Transparece de tudo quanto deixei dito um propósito indisfarçável de derrubar, a todo o custo, o VI Governo Provisório, a fim de levar de novo à Presidência do Ministério o inefável general Vasco Gonçalves.
O seu nome lançado ao eco, que o eco repercute, nos comícios e manifestações do PCP e de organizações da extrema-esquerda, não pode deixar em ninguém ilusões a tal respeito. E as bocas que o proferem, de mistura com vivas ao comunismo, não podem, outros sim, dar origem a equívocos quanto à sua verdadeira proveniência.
Uma voz: - O que é que isto quer dizer?
O Orador: - Srs. Deputados: Os espíritos e as almas dos Portugueses andam angustiados por incertezas e medos.
Já, entre nós, se dispararam muitos tiros; já eclodiram numerosas bombas; já correu, avonde, sangue de inocentes.
O espectro da guerra civil paira, ameaçador, .obre as nossas cabeças, ...
Uma voz: - Por culpa do PPD!
O Orador: - ... exacerbando, não sem razão, a imaginação de cada um, de modo a deixar vislumbrar, numa visão dantesca, corpos esventrados e vísceras dilaceradas, sangue e pus, lutos e lágrimas, maldições e ave-marias.
Uma voz: - Abaixo a burguesia!
O Orador: - É tempo, é mais que tempo de se pôr cobro definitivo a toda esta gigantesca vaga de insensatez.
Como Cícero, face a Catilina, urge perguntar: até quando, senhores comunistas, até quando, senhores da extrema-esquerda, abusarão da nossa paciência?
Tenho dito.
(O orador fez a sua intervenção na tribuna.)
Aplausos.
Uma voz: - Olha o tacho da Covina!...
O Sr. Vital Moreira (PCP): - Falou o representante dos monopólios!
Outras vozes: - Morte à burguesia e ao ELP!
Grandes manifestações.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Florival Nobre.
A agitação na sala continua.
Peço o favor de interromperem o diálogo, o Sr. Deputado Florival Nobre tem a palavra.
O Sr. Florival Nobre (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em 4 de Abril próximo passado, então todos os partidos entregues à campanha eleitoral, chamava eu à atenção para o facto de todos eles estarem a utilizar o direito de antena, apenas, para se digladiarem entre si, deixando o povo na ignorância política, que, como seria lógico, era dever de todos, praticarem uma política de esclarecimento, porque quarenta e oito anos de fascismo tinham-lhe retirado qualquer meio de formação ou informação, que levasse o povo a optar claramente e com conhecimento real do país real.
Não, Sr. Presidente, não, Srs. Deputados, apenas se pretendia o elogio próprio, cada partido só se via a si, chamando também a si a única verdade política e viável, aqui e agora, na ânsia de suplantar tudo e todos, alienando o povo, sem o esclarecer, pedindo o seu voto com chavões, iludindo-o com cidades inteiras forradas a cartazes e, por fim, apontando para um programa, que no fundo nenhum deles explicou!
Foi neste contexto que o Partido Socialista pacientemente construiu a sua vitória, porque assim não procedeu, explicando totalmente o seu programa ao povo, na sua linguagem, de maneira tal que não oferecesse dúvidas!
Vem isto a propósito de neste hemiciclo diariamente os Deputados utilizarem uma linguagem nada urbana, e um tratamento nada inteligente, em relação uns aos outros, não tendo em conta o jogo democrático, continuando a mesma política de «a verdadeira é só nossa», para além da qual nada existe, nada é bom.
É evidente que todos falam em nome do povo, incluindo aquele Sr. Deputado que, nesta Assembleia, começou por pedir 5500$ mensais para todos os colegas, não se esquecendo das oito horas diárias, dizendo que era o horário normal dos trabalhadores, mas que ele nunca cumpriu nem desejou, tanto mais que, de tanto falar no povo, acabou precisamente de se esquecer dele, senão não faltaria tantas vezes ou pura e simplesmente se ausentaria após o período de antes da ordem do dia em que despeja demagogia, que nalguns casos já atingiu as duzentas milhas marítimas!