repressão.

É preciso confiar um pouco mais na nossa juventude. O que aconteceu nos liceus e nas Faculdades é o mesmo que tem acontecido um pouco por toda a parte neste país. Foram as famosas vanguardas revolucionárias a destruir e a fracassar como por toda a parte.

Essas pseudovanguardas são pequenas minorias. Em termos democráticos de alto interesse pedagógico e cívico - a juventude escolar, com o apoio que merece por parte das autoridades escolares legítimas, devidamente participadas, abertas, prestigiadas e responsáveis, reduzirá a influência dessas pequenas minorias às suas reais proporções e importância, nas escolas como por toda a parte.

Houve nas escolas também assaltos ao poder, intimidações e prepotências de pseudo-revolucionários. Podem repetir-se. Mas esses fenómenos e os seus promotores não devem ser tomados por mais do que aquilo que são e que realmente valem.

Eu terminaria com um apelo muito veemente ao Sr. Primeiro-Ministro e ao VI Governo.

É preciso atribuir outra importância à educação em Portugal. É preciso não esquecer que desde há décadas a juventude deste país, e por seu intermédio a vida nacional inteira, tem sido deformada por um sistema de ensino em que nem sequer se aprende a estudar, nem sequer se aprende o que é ter responsabilidades próprias e o que significa ser-se livre. E esta situação, com carapaças de uma ou de outra cor, não pode continuar.

É preciso pensar que aqui se joga o futuro da democracia, da participação, do desenvolvimento e da justiça neste país.

É preciso finalmente que as turbulências das minorias não possam levar o Governo a viver o dia-a-dia, sem tempo para mais, a contar chaimites e espingardas que andam daqui para ali, a ouvir manifestações e palavras de ordem, a responder a calúnias.

É preciso que o Governo tenha tempo e espaço para tratar com. a profundidade devida para procurar soluções convenientes para os grandes problemas deste país, em que o futuro se joga e a justiça está em causa, como é este, que consiste na efectiva garantia do direito à educação e ao ensino de todos os portugueses.

O orador fez a sua intervenção na tribuna.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Sottomayor Cardia.

O Sr. Sottomayor Cardia (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Se os lutadores da liberdade e ia democracia, unidos em torno do VI Governo e do almirante Pinheiro de Azevedo, não dispuserem de força necessária para restaurar a ordem pública, um futuro trágico espera este país, em breve e inevitavelmente.

Em sectores activistas de pseudo-esquerda e na direita hostil ao processo democrático, desenvolvem-se sentimentos de ódio e sementes de violência que urge neutralizar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se o país real e as forças empenhadas em construir a democracia pluralista não contiverem esses factores de perturbação, o colapso da Revolução de 25 de Abril encontra-se infelizmente à vista.

O aventureirismo pseudo-revolucionário está tentando tudo para sabotar a actividade do VI Governo e precipitar a sua queda. Durante meses sentou-se lentamente à mesa do orçamento na boa tradição burguesa das frustradas revoluções portuguesas. Dispõe assim de posições chaves na administração pública. Abusa quotidianamente da paciência do povo, praticando uma desinformação e intoxicação em tudo semelhantes às do salazarismo deposto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Organiza a insubordinação activa das forças militares. Fomenta ocupações ilegais e ilegítimas. Paralisa serviços públicos. Anima reivindicações salariais incomportáveis. Procura erguer contra o poder democrático e revolucionário um poder insurreccional assente em comissões de moradores autonomeadas, conselhos municipais fantoches, comités militares subversivos.

Vozes: - Não apoiado!

Vozes: - Apoiado!