Se a disciplina e autoridade do Governo consistem em mandar forças militares e militarizadas espancar cobardemente velhos, mulheres grávidas e crianças, enquanto os fascistas são deixados à solta;

3) Se a ordem de que o Governo fala é a do brigadeiro Carlos Azeredo, descarado defensor das forças mais fascistas reaccionárias da Madeira;

4) Se a liberdade de que tanto se fala é ameaçar profissionais da rádio de prisão, quando estes dão a voz ao povo para que este possa expor os seus problemas, como fez o brigadeiro Carlos Azeredo, interrompendo uma transmissão da emissora da Madeira;

5) Se o Governo pensa continuar a ignorar as organizações fascistas como a FLAMA, da Madeira, o MAPA, dos Açores, o ELP e o MDLP aqui, ou se a indiferença das forças oficiais face à actuação à luz do dia de tais organizações fascistas é porque o Governo já lhes deu oficiosamente estatuto de legalidade;

6) Se o Governo pensa ignorar as provocações do PPD e CDS quanto ao referendo nos Açores, questão em que defendem e seguem a linha dos fascisdo MAPA, depois de na Assembleia Constituinte virem votar que os Açores e Madeira fazem parte do território português;

7) Se o Governo, que diz que a Rádio Renascença pode provocar um conflito religioso, não acha que um verdadeiro conflito religioso é o que está a ser criado pelo governador militar e civil da Madeira, Sr. Carlos Azeredo, que destitui do seu cargo oficial, para o qual foi democraticamente eleito, o padre Martins, que é querido e estimado pela população que o elegeu por larga maioria.

O Deputado da UDP, Américo dos Reis Duarte.

Está outro requerimento, também assinado pelo Deputado da UDP, Américo dos Reis Duarte, cujo texto é o seguinte:

Requerimento

5 - Considerando que ontem à tarde foram disparados cerca de sete tiros contra duas viaturas Berliet do RALIS, no Campo Grande, quando estas transportavam crianças que vinham do Jardim Zoológico e que só por mero acaso não feriram gravemente uma criança, tendo apenas um tiro rasgado a camisola de uma das crianças;

6 - Considerando que esta madrugada rebentaram vários petardos na cidade de Lisboa numa acção concertada dos fascistas inimigos mortais do povo trabalhador;

7 - Considerando que durante a madrugada em mais um atentado fascista rebentou uma bomba no centro do Instituto de Reorganização Agrária de Alcácer do Sal;

8 - Considerando que ontem o semanário fascista Tempo traz em letras bem grandes na primeira página, com grande realce, as palavras «Às armas»;

9 - Considerando a onda de boatos sobre golpes e contragolpes espalhada e transcrita na tão falada imprensa livre democrática e pluralista;

Manifestações de protesto.

10 - Considerando que tudo isto se passa quando os governantes querem desarmar as organizações de vontade popular sem se preocuparem com as 50 000 armas citadas pelo Sr. Emílio Guerreiro e outros, como o comandante da Região Militar do Norte, proíbem uma reunião democrática de soldados do RASP:

Requeiro que o Governo informe: Quem é que deu ordem para a Polícia andar no Porto a passear-se com capacetes, viseiras e G-3 ...

Aplausos.

... tentando intimidar o povo trabalhador do Norte com a repressão fascista;

2) De que rotina falava o comandante da PSP quando essa rotina só existiu no tempo do fascismo;

3) Onde está a ordem, a autoridade e a disciplina quando os fascistas já atacam a tiro crianças que vinham de passar a tarde a brincar no Jardim Zoológico;

4) Onde está a ordem, a autoridade e a disciplina quando os fascistas põem bombas;

5) Quais as medidas que o Governo tomou contra os fascistas que disparam sobre crianças e cobardemente põem bombas durante a noite;

6) Qual a liberdade apregoada pelo Governo que proíbe os soldados de se reunirem democraticamente;

7) Que é que se passa com o inquérito que o Conselho da Revolução decidiu instaurar às afirmações do Sr. Emílio Guerreiro sobre as 50 000 armas.

O Deputado da UDP, Américo dos Reis Duarte.