Será ser socialista louvar demagogicamente os homens da enxada, os pescadores, os operários, esquecendo todos os que trabalham sem preconceitos, quer com a enxada, quer com o anzol ou a rede, quer com a pena ou a cabeça?

Vozes de protesto.

... Será socialista apresentar, somente, os homens ...

Burburinho na Sala.

Eu estou a dar resposta - peço desculpa - à intervenção de ontem que ouvi e em silêncio.

Será socialista apresentar somente os homens que utilizam a pá e a pica, ou não será melhor apresentarem todos os homens que foram, que são e que serão mais úteis ao desenvolvimento nacional, seja qual for a sua profissão, a sua cultura ou o seu cargo?

Será socialista serem peças de museu os mais lídimos valores nacionais, quando os chamam portugueses, primeiro que os entendam como valores internacionais?

Será que se pensa que esta Constituição, feita mais para esta Constituinte que para Portugal, nos levará a um ponto de segurança? Impor-se-á que isto em que estamos trabalhando servirá todos os verdadeiros portugueses?

Concordo, porém, quando nos diz que a rádio e a TV, nos seus programas, devem utilizas linguagem acessível. E eu diria mais: acessível, simples, mas também essencialmente correcta.

Porque isto de mínimos tantos, sem a menor cultura, sem a menor educação, sem a mínima preparação, dizer «pá», palavra sim, palavra não, não é, com certeza, falar ao povo português. É falar a qualquer «pá», sem inteligência, sem educação, sem cultura, sem o mínimo de preparação.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Porque me sobra um pouco do tempo, vou propor umas questões a outro Sr. Deputado que a mim se dirigiu, em tempos.

Aos 3 de Outubro corrente, fiz uma intervenção sobre o vinho do Porto (dá-me a impressão que o Sr. Deputado não está, mas ele depois responderá). Tenciono responder cabalmente, o que não posso fazer hoje por falta manifesta de tempo suficiente.

Porém, a referência que a mim faz o Sr. Deputado Avelino Gonçalves leva-me a fazer algumas perguntas às quais responderei oportunamente, se a elas não obtiver capaz resposta.

Assim, mesmo considerando que a referida intervenção mereça construtiva resposta da minha parte e na certeza, porém, que, por princípio, o não apodarei de ilustre, quer entre aspas, q liquidada? A transformação não antecipa a posterior extinção do desnecessário?

7 - Quando é que o Sr. Deputado fala verdade: quando, depois de perguntar se o elevado preço da aguardente afecta os pequenos produtores do Douro, afirma que «isto seria verdade, se os pequenos vinicultores transformassem eles próprios as suas uvas em vinho e procedessem à sua beneficiação», ou quando confirma a minha opinião de que «o elevado preço da aguardente apenas vai atingir os pequenos (e médios) produtores»?

Por hoje, tenho dito.

Muito obrigado.

O Sr. Presidente: - Se é para um pedido de esclarecimento, a Sr.ª Deputada faz favor!

A Sr.ª Laura Cardoso (PS): - Começo por dizer que compreendo perfeitamente o ponto de vista do Sr. Deputado do CDS, e se eu fosse do CDS, eu também pensaria da mesma maneira!

Mas o que eu queria perguntar ao Sr. Deputado era o seguinte:

Se ele entende que as crianças que chegam às nossas escolas primárias - e eu falei principalmente no ensino primário, que eu conheço, como professora primária que sou -, se entende que essas crianças que chegam às nossas escolas só falando por balbucios, porque a maior parte delas nem falar sabem, podem compreender as figuras que vamos apresentar na História como antigamente se fazia.

Se ele entende isso, com crianças que não estão preparadas, como na pré-escola, como nos jardins infantis. O Sr. Deputado certamente conhece as escolas dos centros urbanos, mas não conhece os centros rurais. E eu queria que ele me dissesse se essas crianças podem compreender as figuras que eles apresentavam na sua verdade histórica, e não como até aqui se apresentavam!

Se podemos dizer que Vasco da Gama foi descobrir o caminho marítimo para a índia, não só para o engrandecimento e para espalhar a fé cristã, mas também porque ia atrás de mercados de escravos e atrás de ouro!

Podemos dizer isso a uma criança na instrução primária? Não será mais útil, portanto, fazê-las compreender o meio em que vivem de ouvir tudo que as rodeia, que elas não compreendem, porque não compreendem, eu sei que não, queria que o Sr. Deputado me respondesse a esta pergunta.

(A oradora não reviu.)

Aplausos.