O Governo não lançou ainda nenhum grande programa de habitação social, nem fez nada para baixar os seus custos - prefere ver cheios os armazéns das fábricas nacionalizadas, a vender o varão de aço, o cimento, o vidro a preço mais baixo.

Nada fez para dar trabalho aos milhares de operários da construção civil, pondo a trabalhar para este programa de construção as máquinas e os gabinetes de projecto das grandes firmas empreiteiras e da engenharia militar.

O Governo prefere que os fascistas explorem o descontentamento dos empregados da construção civil. O Governo não lançou, ao mesmo tempo que o programa de habitação social, um grande programa de encomendas às fábricas e oficinas de mobiliário, de têxteis para habitação, etc.

O Governo nada fez para pôr as fábricas de material eléctrico e electrónico dos imperialistas a produzir os bens de consumo que importamos, como por exemplo telefonias, electrodomésticos; a produzir as máquinas eléctricas necessárias às insta lações de frio para o peixe, o leite e os produtos agrícolas; a produzir o material de comunicações necessário para quebrar o isolamento de milhares de aldeias e vidas e para equipar as pequenas cidades; a fornecer o material eléctrico necessário à produção de tractores e veículos para o campo.

Os Governos burgueses preferem curvar-se às exigências da ITT fazendo-lhe um empréstimo de 200 000 contos para que não feche as fábricas que cá tem, que produzem as peças dos televisores e das centrais telefónicas, que depois nos vendem a nós.

Os Governos burgueses preferem que a ameaça de desemprego esteja a pairar sobre os milhares de operários desta indústria, porque tem esperanças que isso diminua o ímpeto da luta da classe operária e do povo.

Os Governos burgueses nada fizeram para lançar rapidamente um programa de renovação da nossa frota de pesca e das instalações frigoríficas nos barcos e em terra, que são uma reivindicação dos pescadores, e permitiria dar trabal ho aos nossos estaleiros e às fábricas mecânicas, que podiam começar cá a produzir motores e outras peças desses ,barcos, até agora importados.

Assistem às importações de 2 milhões de contos de peixe par ano, porque a nossa frota é velha e foi deixada num estado precário pelos fascistas do grupo do Tenreiro, e não expropriam os diversos capitalistas deste grupo que continuam a ser donos da maior parte da frota de pesca portuguesa.

Os Governos burgueses nacionalizaram as companhias de navegação mas não tentaram diminuir o peso que as navios estrangeiros têm no abastecimento de Portugal. Assistem à saída anual de mais de 2 milhões de contos em fretes pagos a esses armadores estrangeiros e não fazem encomendas de alguns grandes navios para transporte de produtos essenciais ao País (cereais, minérios), diminuindo a dependência para com os imperialistas.

Os Governos burgueses têm medo dos operários dos estaleiros, e por isso preferem pôr os administradores desses estaleiros a dizer que a culpa de falta de encomendas e da ameaça de desemprego é da classe operária, para ver se causam divisão no meio dos trabalhadores.

Os Governos burgueses não lançaram um programa de grandes encomendas de fatos de trabalho para os operários e os camponeses, nem de vestuário que colocariam depois ao custo de fábrica nos pequenos lojistas e armazéns de revenda que cumprissem condições justas impostas pelo Estado.

Os Governos burgueses preferem que dezenas de milharas de operários têxteis estejam já desempregados ou ameaçados de ficar sem emprego.

Deixam os imperialistas fechar as fábricas e pôr-se a andar com o dinheiro.

As nacionalizações feitas pela burguesia e inspiradas pelos cunhalistas não foram um instrumento da luta pelo pão e pela terra.

Em próxima intervenção veremos que também não foram postos ao serviço da independência nacional.

As nacionalizações feitas pela burguesia e propagandeadas pelos cunhalistas, como sendo o socialismo, como sendo uma arma poderosa nas mãos do povo, quando de facto o podiam ser, não serviram as massas populares e deixam as portas abertas à propaganda dos fascistas e seus lacaios que pretendem recuperar essas fábricas para os monopólios.

O Sr. Presidente: - A proposta continua em apreciação. Não há ninguém inscrito?

O Sr. Deputado Luís Catarino.

(O orador não reviu.)

Vamos então passar à votação.

Submetida à votação, foi rejeitada, com 1 voto a favor (UDP) e 22 abstenções (20 do PCP e 2 do MDP/CDE.)