ao começo da reforma acelerar rapidamente o desenvolvimento dos outros sectores de produção nestas zonas.

As ocupações mesmo em herdades abrangidas pela lei só poderão ser integradas na reforma após a legalização de todo o processo.

As ocupações criam um clima psicológico altamente negativo e têm reflexo principalmente nas zonas minifundiárias, são acções motoras de instabilidade que jogam a favor da reacção. É um processo que começa em nome da lei, mas não se sabe onde vai acabar.

Sem a planificação regional, a reforma minifundiária e impossível.

A sua melhoria de condições de vida passa de imediato pela justa valorização dos produtos da terra o encurtamento dos sectores de distribuição.

Não podemos continuar a aceitar que, nesta caminhada para uma sociedade mais justa, mais livre e mais fraterna, feita em nome dos mais oprimidos, se dê possibilidades ao aparecimento de novos opressores.

A luta pelo mínimo de dignidade de vida para todos os portugu eses tem de ser encabeçada pela classe trabalhadora deste país.

A demagogia utilizada nesta Revolução, a grande causadora das dificuldades por que estamos a passar, não tem permitido uma luta conjunta em prol dos mais oprimidos.

Enquanto alguns sectores de trabalhadores aumentaram os seus vencimentos em mais de 300%, nos últimos dezoito meses, o pequeno campesinato espera indefinidamente alguma migalha que os pseudo-revolucionários do seu socialismo lhes deixem.

Os pequenos agricultores continuam a ser miseravelmente extorquidos do valor do seu trabalho.

Eles que são, hoje dos grandes sustentáculos da economia! Eles que tiveram de abandonar numa percentagem elevadíssima este país para sobreviverem!

Eles que enviam milhões de divisas e que têm ajudado a aguentar esta evolução, que pretende ser socialista, mas onde todos querem o máximo possível para si, sem saberem quem o produziu!

Só por ironia de um estado doentio colectivo se vêem compelidos a receber a ajuda dos desperdícios desta Lisboa cada vez mais burguesa.

Comem-lhes a carne e, depois, com uma desfaçatez revoltante, pretendem oferecer-lhes os ossos.

Como na realidade estas comissões de moradores de Lisboa são progressistas!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não temos um solo nem um subsolo privilegiados e o nosso desenvolvimento tem de ser equilibrado e dependerá sempre da capacidade de produção da classe trabalhadora, bem como do sentido organizativo que dermos à nossa economia.

Não podemos permitir que para uns vá tudo e para os outros só vá a miséria.

A Reforma Agrária é uma conquista política de todos os trabalhadores. ha terá de ser estudada para abranger todo o País.

O pequeno cultivador do Norte ou do Centro também é povo, e tão desejoso de justiça como o do Alentejo.

Não pretende ser vanguarda, mas, de espírito profundamente democrático, acredita que a justiça imporá neste país que parte da sociedade não continue a viver da exploração permanente do seu suor e do seu subemprego; mas acredita também que nascerá um movimento consciente de revolta nas grandes cinturas industriais que faça parar as reivindicações demagógicas e irrealistas e lhes seja dada prioridade no auxílio a saírem da miséria institucionalizada em que se encontram há séculos.

Aumentam-se os salários e de imediato passa o povo a pagar mais caros os produtos produzidos. A lei é geral para a indústria, excepção feita, claro, para a agricultura, principalmente minifundiária, onde o vinho baixou ou não se vende, a resina baixou, a carne importa-se do estrangeiro bastante mais cara, mas não pode subir no preço na lavoura nacional.

Que grande socialismo se desenha, que grande aliança operária-camponesa surgiu neste país, não é verdade, Sr. Américo Duarte?

Sussurros.

O «venha a nós» é a lei existente, mas alguns dizem que vamos a caminho de uma sociedade socialista.

Mas que socialismo? O da consciência de Classe Ou do oportunismo de momento?

O da vontade maioritária do povo, ou o da manipulação oportunista de plenários de dezenas a elegerem representação da vontade de dezenas de milhares?

Tenho dito.

(O orador não reviu.)

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Magro, que tem apenas dez minutos.

tra a independência de Angola se vêm a maquinar, desde o 25 de Abril, os mais sombrios planos de desvirtuação e sabotagem.