e do imperialismo, movimentos fantoches que nada têm a ver com os interesses do povo angolano.

Tais posições nada têm a ver com os interesses do nosso povo. O nosso povo quer ter relações fraternas e iguais com todos os povos do mundo, particularmente com os países progressistas de África e com os povos das antigas colónias portuguesas.

Uma voz: - Com a China também ...

O Orador: - Ora, as posições do PS e do PPD no Governo põem em causa tais relações, são contrárias às aspirações do nosso povo e aos interesses do nosso país.

Vozes: - Não apoiado!

O Orador: - O caso de Angola é um elemento aferidor, que permite verificar quem está e quem não está com o processo revolucionário, quem defende ou quem está contra as conquistas do nosso povo, queira quer ou quem não quer as liberdades ...

Uma voz: - As nossas liberdades!

O Orador:-... as nacionalizações, a Reforma Agrária, a descolonização.

Nem é por acaso que aqui há dias, nesta Assembleia, o Deputado Sottomayor Cardia declarava que o pacto firmado entre os partidos e o MFA não servia o MFA nem a autoridade do Estado, para além de em princípio não servir a democracia e o socialismo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É sintomático que para o seu congresso o PS tenha convidado só o MPLA e que, hoje, defenda em relação a Angola as posições que defende.

O Sr. João Gomes (PS): - Muito bem!

O Orador: - Como sintomático é que a direcção do PS apareça hoje a contestar o pacto que ainda há pouco assinara. São curiosas as inflexões da política do Partido Socialista.

Estamos entretanto convencidos de que os trabalhadores socialistas, todos aqueles militantes socialistas que ontem connosco lutaram contra o colonialismo e contra a guerra colonial, que ontem arrostavam a repressão fascista devido a essa luta...

O Sr. João Gomes (PS): - Essa não cola!

O Orador: - ... e que hoje sinceramente desejam a independência de Angola, estarão connosco no apoio firme e decidido ao legítimo representante e à vanguarda revolucionária do povo angolano, o Movimento Popular de Libertação de Angola.

O Sr. João Gomes (PS): - Abaixo o divisionismo!

O Orador: - Certos de interpretar o sentir da grande massa dos trabalhadores, dos democratas e dos anticolonialistas portugueses, daqui saudamos a República Popular de Angola e o seu presidente, o Dr. Agostinho Neto.

Aplausos do PCP.

Mais propomos que esta Assembleia se associe à nossa saudação e que esta seja enviada pelo Prof. Henrique de Barros aos legítimos representantes do povo de Angola.

Aplausos.

Vozes: - Não apoiado!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado propõe um voto que deseja que seja posto à votação? É isso?

O Sr. Octávio Pato (PCP): - Bem, isso é como o Sr. Presidente entender melhor.

O Sr. Presidente: - Não. O Sr. Presidente não entende coisa nenhuma. Os Srs. Deputados podem propor os votos que entenderem ...

O Sr. Octávio Pato (PCP):- De, acordo, de acordo ...

O Sr. Presidente: - ... e o presidente põe à votação.

O Sr. Octávio Pato (PCP): - É meu desejo que ponha à votação.

O Sr. Presidente: - Muito bem. Agora o voto tem que ser formulado, para sabermos o que é que vamos votar. Agradecia que o fizesse.

Tenha a bondade.

O Sr. Octávio Pato (PCP): - Podemos simplificar, Sr. Presidente, formulando o voto neste sentido:

Assembleia Constituinte formula saudações pela formação da República Popular de Angola e pelo seu Presidente, o Dr. Agostinho Neto.

Vozes: - Não apoiado!

O Sr. Presidente: - Portanto, ouviram a proposta de voto. Vamos votá-la. É evidente que, a ser aprovada, será transmitida.

Submetida à votação, foi rejeitada, com 27 votos a favor (PCP, MDP/CDE e 2 Deputados do PS) e três abstenções (Deputados do PS).

Aplausos.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Luís Catarino deseja fazer uma declaração de voto?

Pausa.

Faz favor.

O Sr. Luís Catarino (MDP/CDE): - Apenas uma declaração de voto muito curta.

Sempre que o MDP/CDE se opôs, relativamente à competência desta Assembleia, à emissão de votos, tal como este voto foi emitido.