estética ou às suas concepções sobre o destino do País; mas não deve permanecer em funções tão responsáveis como a chefia do COPCON.

Vozes: - Não apoiado!

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Orador: - Desde há séculos, este país ... perdão, os Srs. Deputados disseram alguma coisa?

Burburinho.

Então eu continuo.

O Sr. Presidente: - Deixem falar o orador, meus senhores. Faz favor.

O Orador: - Eu vou continuar, Sr. Presidente.

Desde há séculos, este país é fértil em Messias e em Bonapartes caseiros

Vozes: - Muito bem!

Manifestações na Sala.

O Orador: - Mas agora precisa de um comando militar operacional.

O Sr. João Gomes (PS):- Abaixo o social-fascismo.

O Orador: - Não ignoro que os Srs. Generais graduados Otelo Saraiva de Carvalho e Carlos Fabião se contam entre os paladinos militares do que imprecisa e erradamente se denomina poder popular. Na verdade os homens dever ser compreendidos e apreciados na coerência profunda dos seus actos. Bem difícil se afigura que esses dois destacados oficiais se dispam da formação spinolista auferida na Guiné colonial.

Aplausos.

Manifestações na Sala.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O povo português perdeu, é incontestável, a esperança de que certas figuras da Revolução se libertem, enfim, da sombra tutelar do general Spínola, não apenas como pai, mas, o que seria verdadeiramente importante, como mentor. É demasiado visível que o conceito castrense de poder popular tem a sua raiz histórica nos congressos dos povos da Guiné. Mas por mais que isso fira certos mecanismos de desculpabilização, o povo português não é africano nem colonizado. O Portugal africano acabou, embora tal possa chocar os vários colonialismos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O Partido Socialista confia no MFA e na sua capacidade para restaurar a dignidade da instituição militar. A todas as derrotas se sucedem crises dilacerantes. A todas as vitórias se sucedem euforias ingénuas. Mas para restaurar a dignidade da instituição militar, o MFA precisa de se impermeabilizar à corrosão partidária.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Porque, enquanto o partidarismo o minar, um exército vencido não será unido. Sem coesão e disciplina não haverá forças armadas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em todo o caso, o Partido Socialista não abdicará de lutar pela unidade nacional, pela coesão nacional dos portuguesas do Norte, dó Centro e do Sul.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Orador: - Como não abdicará de lutar pela liberdade, pela democracia, pelo socialismo.

Deslocou-se no último fim de semana ao Norte o Grupo Parlamentar do Partido Socialista. Simbolicamente o meu partido quis significar, através desta deslocação, que se dispõe a considerar, como último recurso, a possibilidade de transferência dos legítimos órgãos de Soberania democrática para outro ponto do território nacional se, em Lisboa, os responsáveis militares não dispuserem da autoridade e decisão suficientes para assegurar o normal funcionamento das instituições do Poder Central.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

Vozes de protesto.

O Sr. Manuel Gusmão (PCP): - Isto não é sedição?

O Orador: - Não, Sr. Deputado, isto não é sedição, isto é assegurar o respeito pela vigência do curso democrático.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Orador: - A presença neste fim de semana no Norte de representativas reservas da democracia actuou como importante factor de dissuasão do projecto insurreccional que se preparava para Lisboa no passado domingo.

Agitação na Sala.

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O Partido Socialista está consciente de que constitui o principal garante da paz, da concórdia e da convivência cívica entro os portugueses.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.