que acabo de citar. Portanto, é evidente que o meu Partido desaprova os acontecimentos como se verificaram.

Gargalhadas.

Manifestações na Sala.

O Sr. Presidente: - Peço a vossa atenção, Srs. Deputados.

Temos mais oradores inscritos.

O Orador: - Posso continuar, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Com certeza.

O Orador: - Eu não compreendo a hilariedade da Câmara.

O Sr. Vital Moreira: - Está divertida!

O Orador: - Posso continuar, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Pode continuar. Tem esse direito.

O Orador: - Eu quero significar com isso que nós não concordamos com o rótulo de reaccionários que é posto a esses militares por alguns partidos presentes ou por alguns dirigentes dos partidos presentes.

Nós condenamos a sua acção mas compreendemos a sua indignação. É isso, aliás, que está implícito na declaração que acabo de fazer. Portanto, nós entendemos que a sua indignação era justificada, como já dissemos, pelo prosseguimento dos saneamentos à esquerda e todas as medidas administrativas de carácter repressivo que contra militares progressistas estavam a ser adoptadas.

Aplausos.

Quanto à forma utilizada, ela está perfeitamente em oposição àquilo que nós, comunistas, temos defendido, que é o entendimento, que é a conversação, que é a negociação entre as diferentes tendências do MFA.

Vozes de protesto.

Burburinho.

Posso continuar, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Pode continuar

O Orador: - Quanto à segunda pergunta do Dr. Sottomayor Cardia, relativamente ao VI Governo, nós participámos na elaboração da plataforma do VI Governo.

A Sr.a Maria Emitia Moreira da Silva (PS):- Mas não parece...

O Orador: - Portanto, o que temos condenado na política do VI Governo é o seu afastamento e, por vezes, o realizar uma política contrária à da plataforma.

É sempre nessa base que temos feito a nossa crítica. Portanto, mantemo-nos fiéis à plataforma que com outros partidos elaborámos e que subscrevemos.

Portanto, quanto à nomeação de oficiais reaccionários para os comandos, eu pergunto ao Sr. Deputado se não tem conhecimento de alguns.

Vozes de protesto.

Burburinho.

Certamente são conhecidos casos ...

Vozes - Isso não é resposta.

O Orador: - Quanto aos oficiais progressistas, quanto aos oficiais da PM, portanto, eu desconheço até agora, não dou como provado, que oficiais da PM tenham participado em torturas. Não tenho uma base fundamentada para fazer qualquer apreciação nesse sentido.

O Sr. José Augusto Seabra (PPD): - Isso é o que diziam os juizes dos tribunais plenários.

Burburinho.

O Sr. Presidente: - Os Srs. Deputados deixem o Sr. Deputado Carlos de Brito concluir a sua resposta, por favor!

O Orador: - Portanto, desconheço esses factos.

Manifestações diversas.

E é tudo, Sr. Presidente.

Burburinho.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado José Luís Nunes.

Pausa.

Burburinho.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Atravessa o País um momento em que às objurgatórias, às situações passionais, às ondas de violência verbal, e não só, importa que suceda a frieza e a análise concreta das circunstâncias concretas, para que a partir dessa análise se tirem implacavelmente as conclusões.

Em primeiro lugar, voltaríamos uns momentos atrás, a uns meses atrás, que neste processo de aceleração da história parecem anos, e diremos que a revolução iniciada em 25 de Abril de 1974 veio pôr aos portugueses graves problemas que a hora presente, como qualquer hora de crise, não faz mais do que tornar mais claras, mais críticas, mais visíveis, mais evidentes, na sua realidade, na sua verdade. Correndo o risco de sermos acusados de simplificar demasiado, diremos que as grandes opções nacionais se sintetizam nas respostas que dermos às seguintes questões:

Que tipo de sociedade pretendemos construir?

Que caminho vamos trilhar para atingir esse tipo de sociedade?