Uma voz: - Ah!

não perdoam ao MFA o ter feito o 25 de Abril, sem esperar pela sua criação e existência. Dir-se-ia, particularmente, que lhe não perdoam ter resistido à ofensiva visando a sua liquidação ou marginalização política, desde os primeiros dias após o 25 de Abril.

Dir-se-ia que, possuídas de um complexo de auto-afirmação - certamente produzido por deverem a sua existência precisamente ao 25 de Abril -, essas forças políticas querem recuperar em seu exclusivo proveito um processo para o qual pouco ou nada contribuíram.

Na verdade, como se concebe que partidos políticos que se vincularam à plataforma constitucional achem agora inconcebíveis as suas soluções?

Como se concebe que partidos políticos que assinaram a plataforma protestem agora a incompatibilidade entre as soluções dela e o seu projecto político?

Como se concebe que partidos políticos que pugnavam pelo saneamento do Conselho da Revolução venham agora - conseguido o saneamento dos elementos por eles inaceitáveis -, venham precisamente agora propugnar a liquidação desse Conselho da Revolução?

Que exemplo mais bizarro de hipocrisia e de farsa política e de arrogância das forças da direita?

Apupos e risos.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Será que o projecto spinolista de liquidação do MFA revolucionário irá finalmente realizar-se em homenagem agora e mais uma vez à Revolução? Será que aqueles que dentro do MFA alinharam nas iniciativas contra a esquerda militar irão eles mesmo ser atirados pela borda fora imediatamente após a liquidação da resistência da esquerda militar? A proposta de eliminação do MFA como figura política é o último degrau da ofensiva das forças de direita contra as instituições revolucionárias

A Sr.ª Raquel Franco (PS): - Manhoso.

O Orador: - Já sabia, Sr.ª Deputada, que para si a esquerda estava no CDS.

Risos e protestos.

Após terem tentado sanear os elementos mais profundamente empenhados da estrutura superior do MFA, após terem tentado diluir o MFA nas forças armadas, agora qualificados como contra-revolucionários, tenta-se agora liquidar o que resta desse movimento revolucionário, eliminando-o da cena política.

O PCP, por seu lado, fiel à plataforma constitucional a que se vinculou ...

... e à sua ideia fundamental de manutenção do papel

político de um movimento militar progressista ...

Uma voz: - Qual?

O Orador:- ... como estímulo e garante da acção revolucionária das massas populares.

Uma voz: - Quais?

O Orador: - Nós não excluímos certamente a possibilidade de reconsiderar algumas soluções pontuais constantes da plataforma.

Uma voz: - Ah!

O Orador: - Nós não nos furtaremos ao seu reexame se tal for solicitado pela outra parte interessada, nomeadamente o MFA.

Mas nós não consideramos de modo algum necessária uma revisão da plataforma prévia à aprovação da Constituição. A Constituição terá de prever um processo de revisão do texto constitucional. Essa será a sede própria para eventual alteração de algumas soluções hoje constantes da plataforma. Nós não consideramos que sejam necessárias alterações imediatas tão sensíveis que exijam uma revisão da plataforma prévia à elaboração da Constituição.

Para o Partido Comunista Português a questão do MFA continua a ser uma questão política e não uma questão constitucional. Essa já está decidida.

Aplausos.