De momento, não quero discutir isso, mas também podíamos discutir esse facto. Até porque é, de certo modo, uma ligação do passado colonialista ao presente de um Portugal democrático, que não tem nada a ver com esse passado colonialista.

No que respeita a uma outra afirmação aqui feita de que por vezes se deturpam afirmações e até intervenções e até tendo em conta o incidente que aqui se registou relativamente à imprensa, à imprensa que se diz manipulada e outras coisas no género, permitem-me que eu leia uma passagem de um jornal datado de ontem, dia 18, que é o Portugal Socialista, e que diz o seguinte:

Murmúrios na sala.

... resta acrescentar que já depois de suspensa a sessão o deputado Octávio Pato, protestando contra a decisão do presidente, declarou que tomava a responsabilidade pelo comportamento da galeria ...

Vozes: - É verdade.

O Orador: - Ai é verdade? Essa é das boas! É das boas!

O Sr. Presidente: - Peço a atenção da Assembleia. Agradeço que não se manifestem e deixem o orador falar.

O Orador: - É que eu nem tinha ideia de que não foram os socialistas que disseram isto a apoiar o director do seu jornal que está aqui. Mas isto não é verdade. Isto é falso. Não foi nada afirmado isto. Portanto, vê-se quem é que manipula, quem é que principalmente procura manipular a imprensa. As pessoas que hoje acusam de manipulação a imprensa portuguesa, o Diário de Notícias, O Século, o Rádio Clube Português, a Televisão, etc., não faziam essas acusações quando à frente desses órgãos estavam socialistas; nessa altura não faziam essas acusações de qualquer espécie. Diz-se adiante deste número do Portugal Socialista o seguinte:

Forçoso nos parece inserir as provocações desta tarde num processo cuidadosamente arquitectado para desacreditar a Assembleia, em que os partidos instigadores da desordem se vêem em minoria, por não lhes não ter o povo português conferido senão uma bem magra representação.

Quer dizer correctamente que nós, suponho eu, os comunistas portugueses, e não sei se mais alguns dos que estão aqui presentes, somos acusados de partidos instigadores da desordem ...

O Sr. Carlos Brito: - Esta acusação já foi feita antes do 25 de Abril.

O Orador: - Exacto. Os fascistas acusavam-nos, a nós comunistas, instigadores da desordem quando nós lutávamos contra o fascismo. Era verdade.

Aplausos.

O Orador: - Mas nós nunca nos assustámos com tais acusações, e nunca nos assustámos, já também aqui foi dito, quando em certas épocas nós olhávamos para a esquerda, olhávamos para a direita, para a frente e para trás e não encontrávamos quaisquer outros partidos a lutarem contra o fascismo.

Não apoiado.

O Sr. Olívio França (PPD): - É falso.

O Sr. Presidente: - Peço a atenção da Assembleia no sentido de que mantenha a sua calma.

O Orador: - Essa também é das boas! Essa também é das boas!

Quando eu disse outros partidos - a não ser que o senhor [a pessoa que ali se levantou, o deputado Olívio França] que o PPD já existia antes do 25 de Abril? Ou que o CDS também já existia antes do 25 de Abril?

O Orador: - Se é isso, aqui neste caso, lamento a minha ignorância quanto ao facto em si. Mas eu creio na verdade que durante muitos anos os comunistas portugueses lutaram muitas vezes absolutamente sozinhos ou melhor, com muitos aliados, mas esses aliados eram homens sem partido, era o povo português, era a classe operária em primeiro lugar, era c campesinato português, era com toda esta gente, moa gente sem partido. E nunca hesitámos em manter bem alta a bandeira da luta contra o fascismo. Era só isto, Sr. Presidente, que eu desejava dizer.

(O orador não reviu.)

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Luís Catarino tem a palavra.

O Sr. Luís Catarino: - Seria naturalmente redundante eu afirmar, em nome do MDP/CDE, que apoiamos até entusiasticamente, a ideia expressa pelo Sr. Deputado Lopes Cardoso quando há momentos