Queremos aqui dizer claramente que, com o mesmo vigor, a mesma firmeza e a mesma determinação com que nos batemos contra o aventureirismo golpista e pseudo-revolucionário, nos bateremos contra qualquer tentativa das forças reaccionárias para destruir as conquistas democráticas do povo português.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O golpismo não passou.

A reacção não passará.

A democracia e o socialismo vencerão, porque essa é a vontade do povo português.

(O orador não reviu, tendo feito a sua intervenção da tribuna.)

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Pedido de esclarecimento, quem pediu?

Pausa.

Tenha a bondade, Sr. Deputado Afonso Dias.

O Sr. Afonso Dias (UDP): - Eu queria pedir um esclarecimento ao Sr. Deputado. Se o PS considera, erros e desvios ao respeito à liberdade do povo e à ordem democrática as rusgas pela calada da noite, as prisões dos antifascistas, a ameaça de ilegalização das comissões de moradores e ainda, quando diz que não defende só a liberdade para o PS mas a liberdade para os outros, pergunto se nos outros se incluí a libertação dos pides, como foi sugerido na televisão pelo Dr. Mário Soares.

(O orador não reviu.)

Burburinho.

Uma voz: - Provocador!

O Sr. Presidente:- Poderá o Sr. Deputado Manuel Alegre responder, se assim o entender.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Bom, Sr. Presidente, normalmente não respondemos a provocações. Nós não advogamos a libertação dos pides nem o nosso camarada Mário Soares alguma vez advogou tal libertação. Advogou, sim, o respeito da lei e o julgamento de todos aqueles que se encontram detidos. Quando falo de desvios e de erros da Revolução, refiro-me por exemplo a certas práticas, a certas torturas que foram cometidas no Regimento de Polícia Militar, uma unidade que com certeza o Sr. Deputado considera uma unidade progressista.

(O orador não reviu.)

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Herculano de Carvalho.

O Sr. Herculano de Carvalho (PCP): - Eu queria perguntar à Mesa se a minha intervenção de hoje poderá ser adiada para amanhã, dado que ainda não tenho a minha intervenção preparada.

O Sr. Presidente: - Com certeza.

Segue-se o Sr. Deputado Galvão de Melo. Tenha a bondade.

O Sr. Galvão de Melo (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A propósito do que, na penúltima sessão, aqui foi dito pelo Sr. Deputado Nobre Gusmão do Partido Comunista sobre anticomunismo, parece-me oportuno fazer algumas observações. Passando de lado os termos particularmente infelizes usados pelo Sr. Nobre Gusmão ao dirigir-se a esta Assembleia, ao dirigir-se ao Partido Popular Democrático e ao dirigir-se a mim próprio decidi esta vez responder, não esquecendo nem o banho de mar nem a matraca que exibi no comício de Rio Maior. Eu, todos o sabem, sou anticomunista na medida em que sou antitotalitarista.

Vozes: - És fascista!

O Orador: - Contudo, mais que anticomunista, eu sou democrata.

Uma voz: - E humorista.

O Orador:- Eu gostava ...

Burburinho.

O Orador: - E humorista, também, quando se trata de comunistas.

Eu gostava de chamar a atenção dos Srs. Deputados do Partido Comunista que nunca os interrompi enquanto falam.

Uma voz:- És um provocador.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados tenham paciência. Não podem, efectivamente, manter um diálogo, e ainda para mais do tipo daquele que estava a iniciar-se.

Continuará V. Ex.ª no uso da palavra.

O Orador: - Contudo, mais que anticomunista, eu sou democrata, e portanto respeitador das ideias dos outros homens. E portanto respeitador das ideias dos comunistas, tanto como de todos aqueles que, seguidores de outras ideologias, possam, porventura, estar em oposição política comigo.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Aliás, foi esta convicção democrática que, dois dias depois dó golpe revolucionário de 25 de Abril do ano passado, sendo membro da Junta de Salvação Nacional, me autorizou e obrigou, perante numerosa imprensa (escrita, rádio e TV), a declarar «se a maioria dos portugueses optarem pelo comu-