"A bilheteira é no edifício grande ou no pequeno?" Os cidadãos de Vila Real sabem que os dois volumes de forma oval que cresceram na margem esquerda do rio Corgo, na zona de expansão da cidade transmontana, constituem o novo teatro municipal local, mas o seu desenho causa-lhes alguma estranheza. Esta semana, não faltaram telefonemas e interrogações de pessoas a questionarem em qual dos edifícios se situa a bilheteira, em qual deles se realizarão os futuros espectáculos.

O novo teatro de Vila Real é hoje inaugurado pelo primeiro-ministro, Durão Barroso, e por meio milhar de convidados locais. A partir de hoje, poderão ser desfeitas todas as dúvidas sobre a nova casa das artes. Com uma imagem exterior que se aproxima de uma guitarra portuguesa - à qual não lhe faltam, aliás, as cordas, embora estas sejam 11, menos uma que as da guitarra que imita -, os dois volumes de betão de diferentes dimensões são, nas palavras do autor do projecto, o arquitecto portuense Filipe Oliveira Dias, a "forma poética" dos dois auditórios. Os dois volumes confrontam-se entre si, mas o acesso a cada um deles é comum: efectua-se pelo "foyer", ao qual se chega após descer alguns degraus do corredor envidraçado que serve de entrada ao teatro.

A nova casa de espectáculos é inaugurada esta noite com uma versão para dança flamenca da ópera "Carmen", de Bizet, interpretada pela Companhia de Bailado Flamenco de Madrid - o espectáculo é repetido amanhã, para o público em geral -, mas quem, na passada terça-feira, visse o ambiente de estaleiro que ainda estava instalado no local não acreditaria que isso fosse possível. No exterior do teatro, os trabalhos de jardinagem decorriam de forma acelerada e, no seu interior, a azáfama também era grande.

No "foyer" principal, acumulavam-se expositores, cadeirões, fios de electricidade, andaimes, papelões... No "foyer" do grande auditório, faltava ainda instalar o painel cerâmico de João Botelho. E no palco deste auditório, com 500 lugares, as experiências decorriam a todo o vapor.

Neste palco, um dos maiores do país, estava também a ser instalada a pesadíssima porta de aço que lhe permite ter dupla face, servindo também o anfiteatro exterior. No pequeno auditório, no meio do barulho estridente de "berbequins", diversos trabalhadores instalavam a mecânica de cena. Este auditório tem 150 lugares e, à excepção do fosso de orquestra, tem todas as características do seu congénere maior.

"Vai estar tudo pronto a tempo e horas", garantia Vítor Nogueira, director do Teatro de Vila Real. O momento é demasiado importante para haver qualquer falhanço. O novo teatro é talvez o equipamento cultural mais ambicioso da história do município transmontano. Nele será possível realizar todo o tipo de espectáculos, teatro, dança, ópera, concertos e projecção de filmes.

Numa cidade onde o marasmo cultural é regra, este poderá ser o início de uma verdadeira revolução cultural. "Vila Real vai tornar-se o principal pólo cultural de todo o Norte interior", promete Manuel Martins, presidente da câmara transmontana.

A nova casa das artes faz parte da rede nacional de teatros e cineteatros que, em Março de 1997, o então ministro da Cultura, o socialista Manuel Maria Carrilho, lançou com a perspectiva de aumentar a oferta cultural em todo o país. Este equipamento deveria estar concluído em 2001, mas foi sofrendo sucessivos atrasos. Um deles deveu-se ao chumbo do Tribunal de Contas, que não aceitou que o preço de adjudicação da obra duplicasse o preço-base definido no concurso de concepção/construção da mesma. Mas, na prática, além dos atrasos, este chumbo apenas provocou um agravamento superior a um milhão e 200 mil euros ao preço final da empreitada. Este rondará os 8,7 milhões de euros, financiados por fundos comunitários.

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