cão contra a qual a maioria do País se tem pronunciado pelos seus órgãos na imprensa, que temos de concordar que reflectem a opinião das mais diversas correntes. A culpa desta demora não deve ser atribuída à Câmara em todos os seus pares, mas sim à sua maioria, à maioria do Govêrno, que levou tempo a fixar-se numa fórmula, esquecendo-se, lamentavelmente, ou não querendo ver, o que é pior, que na solução do problema dos tabacos está em jôgo todo o ressurgimento nacional, não se tratando dum episódio da política de campanário, da política partidária, da política de interêsses pessoais ou privados.
A exiguidade de tempo não deve de forma nenhuma inibir as minorias da Câmara de tratar da questão com a largueza que o assunto requere, e da qual depende, indubitavelmente, a restauração das finanças públicas.
Na solução do problema deve haver o máximo cuidado, a máxima perenidade, pois que ela tem uma acção tam decisiva sôbre o Tesouro Público, que conveniente seria que não dêsse margem, como já está dando, a maledicência de qualquer espécie.
Falando desta questão, outro intuito não tenho senão o de defender os interêsses gerais do País, e, consequentemente, evitar que se caminhe, como pretende a maioria governamental, para uma situação que me assusta.
Na questão dos tabacos há que ter em conta a questão da moralidade. Teve-a a maioria da Câmara? Não, e tanto assim, que só arrojou a atirar-nos à cara com a pior fórmula dos três sistemas económicos a adoptar, a régie, não se importando que contra ela se insurja o País, não tendo pejo em pôr de parte as fórmulas mais dignas de aceitar. Esta persistência, esta teimosia, concorre, e com razão, para se radicar a opinião de que já nem se procura guardar as aparências. Há, parece, o propósito de se atirar um audacioso desafio à opinião pública do País que trabalha.
Dizer-se que a opinião pública se desinteressa da questão, pelo facto de não vir sentar-se nas galerias da Câmara a assistir à nossa discussão, é uma maneira de ver inaceitável.
A opinião pública ainda não veio paraas galerias, porque teima em não acreditar que desta discussão saia a régie. Mas a verdade é que a opinião pública logo que viu qual era a desgraçada solução que o Partido Democrático, pelos seus representantes nesta Câmara, queria dar à questão, bradou às armas.
Se exceptuarmos o órgão das comissões políticas do Partido Democrático, nenhum outro tem a audácia, direi mesmo, a ousadia, de defender a régie.
E êsse mesmo., é preciso que se registe, defendendo a régie, está, como a maioria desta Câmara, em oposição com o programa do partido que dizem representar, em oposição com os propagandistas da República, em oposição mesmo com um dos estruturais princípios da democracia - a liberdade económica.
E o brado de armas do País tem a sua razão de ser.
E que o País já infelizmente sabe, por tristes e negregadas experiências, o que são as administrações do Estado, que têm falido enterradas no lodo e no escândalo.
Os Transportes Marítimos do Estado ficaram sendo um símbolo; os Bairros Sociais uma condenação; e a Exposição do Rio de Janeiro um rosário de esbanjamentos e de ladroeiras.
A prova de que a opinião pública segue a questão com interêsse, é que ela já obrigou a maioria da Câmara a pôr de parte a régie pura, a régie carrément, para a substituir por um ridículo sistema, que chamaram co-régie em vez do chamarem "guilhotina" do Tesouro Público.
Afirmo também, como já afirmou o nosso ilustre colega, Sr. Pestana Júnior, que ninguém tem o direito de dizer que se defende esta ou aquela fórmula, êste ou aquele sistema, com o espírito de qualquer interêsse particular.
Mas o que também quero afirmar é que na adopção do sistema da régie ou co-régie há, por parto de alguns, o desejo criminoso de fomentar clientelas políticas.
Para o Tesouro Público o pior dos sistemas a adoptar é o monopólio do Estado ou seja a régie pura, a régie sem partícula.
Se com o exclusivo particular, o monopólio privado, a receita, podendo não ser grande, representava, todavia, a entrada