peição lançada pelo Sr. Amâncio de Alpoim e S. Exa. continua a acusar tudo e todos.

Quere dizer, Sr. Presidente, que para nós todos êstes factos são quási sem importância.

Que importa o descrédito do nosso primeiro estabelecimento bancário?

Que importam as acusações que pairam sôbre êle?

Para nós, o caso parece que não tem importância de maior, aguardando se o veredictum da comissão de contas, que infelizmente até hoje não nos disse nada sôbre os ódios aqui espalhados pelo Sr. Amâncio de Alpoim contra o nosso primeiro estabelecimento bancário.

O Sr. Amâncio de Alpoim (interrompendo): - A primeira pessoa que nesta casa chamou falsas às notas do Banco de Portugal foi V. Exa.

O Orador: - Emquanto em Portugal se proceder da forma como se tem procedido até hoje, é fácil ouvir cousas como aquelas que aqui foram ditas pelo Sr. Amâncio de Alpoim.

O Sr. Agatão Lança (interrompendo): - Êsse discurso teve a vantagem de servir para o advogado de Marang o apresentar em Maia como defesa dêste.

O Orador: - Já, na verdade, ouvi dizer, Sr. Presidente, que na defesa do grande burlão figura, como um dos primeiros elemento de defesa, o discurso do Sr. Amâncio de Alpoim.

O que não se compreende, Sr. Presidente, é que a comissão de contas até hoje não nos tenha dito ainda nada sôbre o assunto.

Apoiados.

Entendo que temos a obrigação de pedir esclarecimentos sôbre o caso à comissão de contas, pois que de duas ama: ou os directores do Banco de Portugal não podem continuar à frente dêsse estabelecimento do Estado, ou o Sr. Amâncio de Alpoim não pode continuar a exercer aqui o seu lugar, pois a argumentação de S. Exa. é sempre da mesma natureza.

Um grupo de bandidos e falsários ligados aos inimigos da nossa Pátria falsifica assinaturas oficiais, falsifica documentos, manda imprimir notas, não para satisfazer necessidades do Estado, não para dar a aplicação legal a êsse dinheiro, embora as notas fossem ilegais, mas para lhes permitir satisfazer a sua ânsia desmedida de gozo e ambições, e ainda para fins criminosos e ilícitos. É uma desonestidade confundir certos actos de administração com o procedimento dêstes homens.

Apoiados.

Pois muito bem, esta confusão tenta estabelecer-se, e argumentou-se com as minhas palavras, para que lhes podesse servir, porventura, para desculpa, para os falsários José Bandeira e Alves dos Beis.

Nada de confusões.

Os Srs. António Maria da Silva e Velhinho Correia são meus adversários políticos, mas eu digo-o: autorizaram uma emissão de notas e nem uma, para amostra sequer, lhes ficou nos bolsos.

E o Parlamento deu-lhes um bill de indemnidade: houve por bem deminuir a responsabilidade dêsses homens, e absolvê-los de uma irregularidade.

Confundir, porém, com homens honrados os Alves dos Reis e os Josés Bandeiras, que emitiram notas para satisfazer a sua ambição ávida de dinheiro, e pagar com elas os seus contratos, espalhando-as pelas colónias para se atirarem sôbre estas, a fim de, porventura, as entregarem ao estrangeiro, fazer esta confusão, é criminoso!

Apoiados.

É tam criminoso como estabelecer a confusão entre os que manufacturaram bombas para a implantação do regime republicano e os que as fabricaram criminosamente, e cuja atitude estamos agora discutindo.

Apoiados.

Os homens que estabelecem uma tal confusão são duas vezes criminosos.

Apoiados.

Mal de nós, porque tivemos de empregar essa arma; mal de nós, porque tivemos a inspiração de a empregar; mal de nós porque êsse instrumento, que havia de ajudar a desfazer a monarquia, passou a empregar-se em desfazer a sociedade. Mas confundir as mãos limpas de uns com as mãos sujas de outros é tam criminoso como confundir as emissões de notas verdadeiras com as notas dos burlões Alves dos Reis o José Bandeira.

Apoiados.