A Dieta das Proteínas Faz Ou Não Mal à Saúde?

%Andréia Azevedo Soares

Muito já se escreveu sobre os regimes hiper-proteicos - a que os norte-americanos chamam de dieta de Atkins - e, ao que parece, estamos longe de um consenso. O fenómeno já conquistou adeptos por todo mundo, incluindo estrelas do cinema e da música, mas tem sido duramente criticado por várias organizações de saúde. No entanto, um estudo recente revela indícios de que, afinal, estes hábitos alimentares podem não ser tão prejudiciais assim. Difícil é saber quem, ao fim de contas, está com a razão.

Vários especialistas garantem que uma alimentação que ignora os hidratos de carbono (o pão, o arroz e as massas, por exemplo) não só não faz bem à saúde, uma vez que não é equilibrada, como também pode ter efeitos adversos a longo prazo. A Associação Americana de Cardiologia já alertou para o risco desta aposta frenética em alimentos ricos em proteína animal - carnes e laticínios -, o que pode fazer disparar os níveis de colesterol. Além disso, já foram registados casos de pessoas que, após a interrupção da dieta, voltam rapidamente ao peso que tinham antes.

Uma equipa de investigadores franceses publicou, há menos de dois meses, um artigo que estuda o efeito, a longo prazo, de uma dieta proteica em ratinhos machos. A importância deste estudo está justamente no facto de, até agora, não terem sido avaliadas as consequências destes hábitos ao longo de um período significativo. A conclusão? Os roedores consumiram três vezes mais proteínas do que aquelas que necessitavam e, diz o estudo, não foram identificados quaisquer efeitos adversos. Tanto a função renal como a hepática dos bichinhos não sofreu prejuízos aparentes. Pelo contrário, os animais até apresentaram resultados positivos em termos de concentrações de glicose e insulina no sangue.

É claro que esta investigação, desenvolvida por cientistas do Hospital Avicenne em parceria com o Instituto Nacional Agronómico Paris-Grignon, não é suficiente para colocar uma pedra sobre o assunto. Mais estudos têm de ser feitos para esclarecer se, de facto, uma dieta rica em proteínas é ou não uma boa opção para combater a obesidade de forma saudável. Contudo, estes resultados provavelmente constituirão mais um argumento de defesa das dietas ricas em proteínas.

Este tipo de regime nasceu no início dos anos setenta, quando um médico norte-americano chamado Robert Atkins desenhou um sistema alimentar que permitia o consumo de delícias, até então proibidas em dietas, como enchidos, molhos e hambúrgueres. O segredo fisiológico está no facto de, por regra, o organismo preferir os hidratos de carbono às proteínas para a obtenção imediata de energia. Com uma ingestão quase exclusiva de proteínas - o que provoca um incrível mau hálito -, o corpo vê-se obrigado a buscar energia nas reservas de gordura. Daí a perda repentina de peso nas primeiras semanas, algo que não se verifica tão facilmente nos meses subsequentes.

Muitos médicos levam a mão à cabeça quando se deparam com estes conselhos alimentares. As críticas baseiam-se no facto de, com o tempo, o organismo estar a gastar não só os "pneuzinhos" da barriga, mas também músculos. Isso pode levar a um desgaste muscular e fadiga crónica. Além disso, este tipo de regime reduz o consumo de frutas - que também são ricas em hidratos de carbono -, podendo levar à carência de vitaminas e sais minerais. O próprio Atkins enfrentou problemas cardíacos e de obesidade no fim da vida. Morreu aos 72 anos.

Pelo sim pelo não, uma dieta variada, rica em vegetais e combinada com exercício físico, continua a ser a escolha mais segura.

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