O coordenador do grupo parlamentar do SPD, Wilhelm Schmidt, procurou ontem desvalorizar notícias da imprensa alemã sobre um eventual abandono da política de contenção orçamental por parte do governo de centro-esquerda.

O semanário "Der Spiegel" revelou na edição de segunda-feira que, numa reunião de dirigentes da coligação governamental com o chanceler Gerhard Schroeder, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Joschka Fischer, e o presidente do SPD, Franz Muentefering, foi decidido renunciar à política de austeridade.

Esta política para conter o défice orçamental foi intensificada há pouco mais de um ano pelo executivo de centro-esquerda, com a aprovação da Agenda 2010, em que se advogam vários cortes sociais para reequilibrar as finanças públicas. O próprio chanceler Schroeder afirmou repetidamente que fazia depender o seu futuro político da aplicação "ponto por ponto" da Agenda 2010, que teve o apoio parcial da oposição conservadora e das confederações patronais, mas tem sido muito criticada pelos sindicatos.

Wilhelm Schmidt garantiu ontem, no entanto, que na referida reunião, quarta-feira passada, na Chancelaria Federal, em Berlim, "não houve nenhuma mudança de paradigma". "Analisaram-se apenas as possibilidades de investir mais dinheiro no ensino e na investigação", explicou.

O deputado social-democrata lembrou que, já no ano passado, o governo renunciou "conscientemente", em parte, à política de consolidação orçamental, "mas não se pode falar de uma decisão favorável a uma política de endividamento na reunião com o chanceler", acrescentou Schmidt.

De acordo com o matutino "Saechische Zeitung", o presidente do SPD, Franz Muentefering, criticou terça-feira, durante um plenário do grupo parlamentar do SPD, as indiscrições saídas de dirigentes da coligação de centro-esquerda. "Parece que houve alguém que deu à língua sobre o que se passou na conversa confidencial da semana passada sobre política orçamental", terá dito Muentefering aos seus camaradas de partido, segundo fontes social-democratas citadas pelo jornal da Saxónia.

O chefe do SPD terá ainda mostrado o seu desagrado pelo facto de o tema da eventual inflexão na política de austeridade do governo ter vindo a público, o que considerou, segundo as mesmas fontes, "um bom pretexto para críticas da oposição". Apesar das notícias surgidas na imprensa alemã, o governo recusou-se a revelar o conteúdo da reunião confidencial do chanceler federal com dirigentes da coligação.

Durante uma entrevista à televisão pública (ARD), na terça-feira à noite, Schroeder admitiu, no entanto, que "20 por cento das notícias publicadas correspondem à verdade", sem explicitar quais. O político social-democrata garantiu, no entanto, que na referida cimeira da coligação "não foi combinado abandonar a política de austeridade".

Vários jornais referiram, entretanto, que o défice orçamental alemão poderá sofrer um agravamento entre 15 e 18 mil milhões de euros no Orçamento do Estado deste ano, ultrapassando, no total, 45 mil milhões de euros. Se o governo não tomar medidas para reduzir o défice, recorrendo a financiamentos extraordinários, a Alemanha arrisca-se, assim, a violar, também em 2005, pela quarta vez consecutiva, o limite dos três por cento de défice orçamental estabelecido pelo Pacto de Estabilidade da União Europeia.

Os cálculos actuais da Comissão Europeia prevêem que o défice orçamental alemão atinja os 2,8 por cento no próximo ano, mas no seu Relatório da Primavera os seis principais institutos alemães de pesquisa económica afirmam que o défice deverá atingir 3,5 por cento em 2005, mesmo que o crescimento económico atinja os 1,5 por cento vaticinados pelo executivo.

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