Após ter conhecido um apreciável dinamismo em Janeiro, o mercado bolsista registou em Fevereiro uma quebra generalizada do volume de negócios. Esta relativa apatia por parte dos investidores, ter-se-á ficado a dever, em parte, à expectativa quanto à aprovação do Orçamento do Estado para 1996. Com efeito, nas 20 sessões normais de bolsa, que se realizaram no mês em apreço, transaccionaram-se 61,6 milhões de unidades de valores mobiliários, a que correspondeu um total de 318,5 milhões de contos, valor que reflecte uma diminuição mensal de 16,7%, mas que, quando comparado com o período homólogo, traduz um crescimento de 87,9%. Em termos acumulados, o valor das transacções efectuadas em sessões normais ascendeu a 701,1 milhões de contos, ou seja, +91,7% do que no período homólogo de 1995.

O segmento obrigacionista, com negócios no valor de 248,7 milhões de contos (-11% do que no mês anterior), foi responsável por 78,1% das transacções, entre as quais se destacaram os valores do Tesouro que, por si só, contribuíram com 56,2% para o movimento global em sessões normais. A confirmar esta preponderância, as 10 obrigações mais procuradas no mercado foram todas representativas de empréstimos da dívida pública e concentraram 88,6% do valor total movimentado no mês de Fevereiro no segmento obrigacionista do Mercado de Cotações Oficiais.

Os índices BVL ORF e BVL ORF-OT3 registaram descidas de 37 b.p. e 32 b.p., respectivamente, em relação ao final do mês de Janeiro, evidenciando uma inversão, ainda que ligeira, da tendência para a subida dos preços das obrigações, que se vinha verificando ao longo dos últimos meses.

No mercado accionista, a diminuição das transacções relativamente ao mês anterior foi mais acentuada do que no obrigacionista. Com efeito, movimentaram-se 69,1 milhões de contos, valor que correspondeu a uma quebra de 31,5% em confronto com Janeiro. Todavia, os volumes diários médios das acções negociados em Fevereiro mantiveram-se a um nível bastante significativo (3,5 milhões de contos), se bem que fortemente concentrado nas 10 acções mais líquidas do mercado, que, no seu conjunto, foram responsáveis por 82,7% do valor total movimentado no segmento accionista do Mercado de Cotações Oficiais.

Em Fevereiro, após uma significativa valorização registada no mês anterior, os índices BVL Geral e BVL30 apresentaram evoluções diferenciadas, que se traduziram no crescimento do primeiro em 0,12% e na desvalorização do segundo em 0,16%. Em relação à última sessão do ano de 1995, os índices de acções calculados pela Bolsa de Valores de Lisboa, na sua quase totalidade, evoluiram positivamente, apenas constituindo excepção o índice do sector da Construção. Na verdade, os índices BVL Geral e BVL30 valorizaram-se 7,78% e 8,78%, respectivamente. Entre os sectoriais merece particular destaque o índice dos Produtos Minerais não Metálicos, com um crescimento de 12,39%.

No mês de Fevereiro, apenas se realizou uma sessão especial destinada à execução extrajudicial de penhor de 1,3 milhões de acções representativas do capital social da Hotelagos, pelo valor base de 458,5 mil contos. A Gestrês-Gestão Estratégica Espírito Santo, SA arrematou o lote indivisível de acções que se encontravam em operação e que foi alienado pelo Banco Essi, SA.

As transacções efectuadas no mês de Fevereiro no mercado secundário global ascenderam a 1 142,6 milhões de contos e apresentaram uma evolução mensal negativa nas vertentes do Mercado em Bolsa e no MEOG de 20,6% e 21,8%, respectivamente, enquanto que no Mercado de Balcão (só considerando os valores transaccionáveis em bolsa) se registou uma subida das transacções de 32,1%. No conjunto dos dois primeiros meses do ano, o valor transaccionado foi de 2 591,8 milhões de contos e repartiu-se da seguinte forma: Bolsa de Valores de Lisboa 27,8%, MEOG 71,4% e Mercado de Balcão os restantes 0,8%.

No âmbito do programa "As empresas e o Mercado de Capitais", concebido com o objectivo de estreitar o relacionamento entre a Bolsa de Valores de Lisboa e as sociedades com valores admitidos à negociação, realizou-se no dia 29 de Fevereiro a apresentação da Lusomundo, SGPS.

Por outro lado, tendo em vista proporcionar melhores condições para a investigação teórica e aplicada no contexto do mercado de capitais e para a formação de docentes especializados nesse domínio, a Bolsa de Valores de Lisboa decidiu atribuir bolsas de estudos para mestrados e doutoramentos em Economia e Finanças.