Não tenho problemas físicos

Maurício Hanuch tarda em afirmar-se no Sporting. Depois de apenas três jogos (e não consecutivos), o argentino demonstrou ontem a sua insatisfação. «Aqui ainda não joguei na minha posição preferida, atrás do ponta-de-lança», reiterou à saída de Alvalade, onde espera por mais oportunidades para se mostrar.

Poucos minutos antes de os 19 jogadores convocados para o encontro de hoje na Amadora seguirem para estágio, Hanuch abandonou Alvalade na sua viatura. Antes, deteve-se por alguns instantes, junto do Comunicação Social. Para não deixar nenhuma pergunta sem resposta e, até, dar a sua versão dos «problemas físicos» aventados anteriormente por Augusto Inácio para justificar a sua não inclusão nos convocados. Bem diferente do treinador, por sinal. Mas a conversa não poderia deixar de começar pelo mal-entendido gerado a propósito das afirmações do seu compatriota Julian Kmet.

Alguma vez se sentiu discriminado no Sporting?

Não, em momento algum senti qualquer forma de discriminação neste grupo. Creio que Kmet se terá equivocado naquilo que disse. Não se percebe se estava a falar dos companheiros ou de outras pessoas. Pessoalmente, fui tão bem aceite como os outros argentinos mas cada um tem o seu pensamento. A mim, nunca me discriminaram. Até porque, vejam bem, no Sporting não há apenas cinco argentinos, há mais estrangeiros. E já cá jogaram muitos anteriormente, sem que nenhum tenha falado em discriminação.

Não é por esse motivo que não joga, então

Sim. Quando não se joga regularmente, há sempre um motivo. Não forçosamente discriminação, que não é o caso. Tenho uma óptima relação com todos neste clube. Terei mais proximidade com alguns do que com outros, mas isso também é natural...

Sente-se triste ou desiludido?

Sinto-me triste por não jogar, lógico. Mas são assim as coisas do futebol. Há momentos bons, em que estamos bem e jogamos, e outros maus, como este, em que isso não acontece. Por mim, vou continuar a lutar por um lugar na equipa e tentar chegar, com mérito, onde eu quero!

Já falou com o treinador sobre a sua situação?

Em momento algum o deveria fazer. Nunca pedi explicações a nenhum técnico. Essa é a função deles. Ele é que decide quem põe em campo, e quem tira.

Admite sair do Sporting, rodar noutro clube?

Estou tranquilo. Em algum lugar vou jogar. Menos na Argentina, onde, agora, e para já, não tenho possibilidades. De qualquer forma, os dirigentes do Sporting, de quem depende tudo em primeira instância, irão decidir depois, se a situação se colocar. Em Maio, verei. Se não puder jogar cá, então, vou fazer pela vida. Mas estou tranquilo, pois ainda falta muito para terminar a época.

«Preciso de jogar com continuidade»

Acha que merecia mais oportunidades?

Penso que sim. Se forem a analisar bem, só joguei três jogos pelo Sporting, no total. E não foram todos seguidos, foram intercalados. Preciso de jogar com continuidade para poder ter o ritmo que necessito e, assim, mostrar o meu real valor. Para que todos possam, então, ver o verdadeiro Hanuch! Se eu tivesse feito 10 jogos e tivesse sido um desastre a jogar, aí sim, não teria desculpa, compreenderia que as pessoas pudessem dizer que tinha fracassado no Sporting. Mas assim não! Nunca tive oportunidades para mostrar o que posso valer, como viram os jornalistas portugueses que foram à Argentina, na posição que gosto mais e em que me sinto mais cómodo

Atrás do ponta-de-lança...

Sim. Ainda nunca joguei nessa posição aqui. Continuo a batalhar e a trabalhar diariamente para jogar, de qualquer forma. Aliás, nunca me desculpei com esse facto para não jogar, não vai ser agora.

Augusto Inácio aventou já, numa ocasião, problemas físicos como argumento para não o convocar. Como se sente fisicamente?

Sinto-me bem! Não tenho quaisquer problemas físicos! O mister pode pensar que eu não estou bem, é o papel dele. O meu é treinar-me mais um pouco e dar o máximo para mudar a sua opinião!