O estatuto dos novos membros da Aliança Atlântica durante o período que precede a sua integração plena deverá ser discutido pela organização nos próximos meses.

Convidados na última cimeira de Madrid, Polónia, Hungria e República Checa vão agora encetar conversações com a organização atlântica para concretizar a sua adesão.

Os passos do processo de integração já estão definidos, devendo ser assinados na reunião ministerial do Conselho Atlântico, marcado para 16 e 17 de Dezembro, os respectivos Protocolos de Adesão.

Depois, como esses protocolos contêm alterações ao Tratado de Washington, constitutivo do Pacto do Atlântico, terão de ser ratificados pelos estados-membros.

Por último, só após a sua aprovação pelos "Dezasseis" é que os instrumentos de adesão serão depositados junto do Governo dos Estados Unidos.

Até agora, reina a maior confiança no processo de adesão daqueles três países que já mantém com a OTAN relações intensas desde que, pela primeira vez, se colocou a possibilidade do seu alargamento.

"As conversações entre a Aliança Atlântica e responsáveis dos três candidatos à adesão vão decorrer sem sobressaltos" -- afirmam fontes diplomáticas conhecedoras do processo.

Desde que se estabeleceu, consensualmente, quais os escolhidos da primeira vaga de adesões, os três países têm feito um importante esforço na aproximação aos padrões da organização atlântica.

A única dificuldade que se admite pelo caminho, até à total integração, poderá surgir no momento em que o debate for feito nos estados-membros, por ocasião da ratificação dos Protocolos de Adesão.

É sabido que nos Estados Unidos há sectores políticos que colocam reticências à "nova OTAN", por entenderem que ela representará um custo muito elevado para o orçamento norte-americano, principal contribuinte para os encargos do alargamento.

Modificar o Tratado de Washington requer no Senado norte-americano a maioria de dois terços e, segundo fontes da Aliança, julga-se que na altura da votação não haverá problemas.

Com efeito, o número daqueles que no Senado se opõem ao alargamento da OTAN não é, por agora, suficiente para bloquear a ratificação dos Protocolos de Adesão.

O principal receio tem a ver com o período do debate que, por se prever que suscite larga controvérsia, possa acentuar as clivagens já existentes.

Enquanto se aguarda pelas respectivas rectificações, a Aliança Atlântica terá de discutir o estatuto que deverá ser reservado aos três países convidados, o que acontecerá no regresso de férias.

Como a organização registou, anteriormente, outros alargamentos, é muito possível que a experiência passada possa servir de quadro de referência para a presente situação.

Recorde-se que tanto a Alemanha, em 1954, como a Espanha, em 1982, não tiveram assento na s instâncias da Aliança até que o respectivo processo de adesão tivesse ficado concluído.

Porém, quando em 1951 se deu a adesão da Grécia e da Turquia, estes países puderam assistir, como observadores, a reuniões ministeriais onde se discutiram os protocolos de acesso que lhes diziam respeito.

Fontes bem informadas referem que nos meios da OTAN se admite que seja tomada uma decisão sobre o assunto, o mais tardar em Outubro, para que na reunião ministerial de Dezembro obtenha aprovação.

Até lá, está estabelecido que os futuros membros não participarão em sessões da Aliança, mas serão mantidos informados sobre o seu processo decisório.

Este tratamento diferenciado não deixará de levar em linha de conta que, na sua condição de aderentes, Polónia, Hungria e República Checa já estão numa categoria superior à dos países que se associaram ao programa "Parceria para a Paz".

Numa situação nova, aparentemente com menos ameaças do que num passado recente, as exigências e susceptibilidades agora não são menores: todos querem beneficiar das vantagens de segurança oferecidas pela Aliança Atlântica, para, desse modo, enterrar os velhos fantasmas da guerra fria.