O Orador : Mas faça-o com humildade e tolerância, não ousando denegrir a imagem e o prestígio do cidadão Artur Santos Silva.
Aplausos do PSD.
O Sr. José Junqueiro (PS): Que tristeza!
O Sr. Presidente : Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires de Lima.
A Sr.ª Isabel Pires de Lima (PS): Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Ministro da Cultura, Sr. as e Srs. Deputados, o assunto Porto 2001 interessa-me de modo particular: fui eleita pelo círculo do Porto, 30 anos de vida no Porto fizeram dessa a minha cidade e, desde sempre, tenho trabalhado na área da cultura. Foi, portanto, com entusiasmo, partilhado pelos portuenses, que vivi a notícia da vitória da candidatura do Porto a Capital Europeia da Cultura em 2001. Esta vitória foi, de resto, consequência do continuado e quase pioneiro trabalho que, no campo da cultura, foi desenvolvido, por um lado, pela liderança autárquica de Fernando Gomes
O Sr. José Junqueiro (PS): Muito bem!
A Oradora : ... e, em especial, pelo dinamismo da sua vereadora da Cultura, Manuela Melo,
A Oradora : ... e, por outro lado, o Sr. Ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho,
O Sr. José Junqueiro (PS): Muito bem!
O Sr. Honório Novo (PCP): Já agora, também do Eng. Guterres!
A Oradora : ... o único responsável da área da cultura ao nível do poder central, que, de há vários governos a esta parte, vi subir, ou descer, ao Porto como preferirem!
Aplausos do PS.
O resultado de tudo isto foi Serralves, o Museu de Arte Contemporânea,
Risos e protestos do PSD.
Vozes do PS : Serralves, sim!
O Sr. Presidente : Srs. Deputados, agradeço que façam silêncio!
O Sr. José Junqueiro (PS): O PSD não quer ouvir, mas tem de ouvir!
A Oradora : Para os portuenses, tornou-se claro que a autarquia e o Governo, numa consonância nunca sentida antes na área da cultura, tinham uma política cultural,
O Sr. João Carlos Silva (PS): Muito bem!
A Oradora : ... e uma política cultural concertada.
A cultura, em Portugal, via-se, de resto, dotada de meios nunca antes disponíveis. O plano de investimento do Ministério da Cultura de 1996 a 1999 aumentou, relativamente ao de 1992 a 1995, isto é, ao do último governo do PSD, mais de 60%.
A Sr.ª Maria Celeste Correia (PS): Muito bem!
A Oradora : Em certos domínios, como as artes do espectáculo, ultrapassou os 100% e em artes plásticas e fotografia foi mesmo 10 vezes superior.
Vozes do PS : Muito bem!
A Oradora : Foi a dinâmica que subjaz a tudo isto que levou a população portuenses e os seus intelectuais a depositarem grandes expectativas
A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): O problema é precisamente esse!
A escolha do Governo de um portuense com forte inserção na realidade local, com um perfil ético e profissional marcado pelo rigor e pela seriedade como o Dr. Artur Santos Silva, foi acolhida também com agrado e confiança, assim como a equipa de que este último se rodeou.
Seria será uma ocasião única para a cidade se revivificar culturalmente, aproveitando o efémero que sempre um festival como este comporta e capitalizando, no sentido de, por um lado, enraizar novas práticas culturais passíveis de se reproduzirem para além de 2001, por outro, de se apetrechar ao nível de equipamentos culturais, alguns deles com atrasos de décadas (como é o caso da Casa da Música), e, por outro ainda, de intervir ao nível da requalificação urbana, sobretudo da zona histórica.
A Sr.ª Maria Celeste Correia (PS): Muito bem!
A Oradora : Tudo parecia, pois, concertado para que a iniciativa fosse um êxito, aliando vontade política do Governo, do Ministro da Cultura e da Câmara Municipal do Porto com o dinamismo e competência técnica por parte da sociedade Porto 2001, SA e com meios financeiros elevados.
Sr. Ministro da Cultura, foram ou não disponibilizados meios financeiros adequados para levar a bom termo esta empresa?
O Sr. José Junqueiro (PS): Bem perguntado!
A Oradora : Se sim, como se explica que a justificativa apresentada em conferência de imprensa para o abandono do projecto por parte do Dr. Artur Santos Silva refira questões deste domínio? Se sim, como se explica que até ao momento, estando-se a um escasso ano do evento, não tenha sido ainda iniciada uma única obra na área da requalificação urbana?