Oskar Lafontaine é o preferido pelo SPD e Gerhard Schroeder

é o preferido pelas sondagens. Esta é a dicotomia

que os social-democratas terão de dirimir e digerir até Março de 1998,

data prometida para a indicação de quem será o cabeça

do partido para enfrentar Helmut Kohl nas eleições gerais

Correspondente em Bona

Mesmo no congresso, realizado em Hannover - a capital do estado federado da Baixa Saxónia, feudo do SPD, governado precisamente por Schroeder -, o tema "candidato" foi desde o seu início considerado tabu. E não é por acaso: é que, em Março de 1998, há eleições regionais na Baixa Saxónia e é preciso ver qual a percentagem obtida pelo seu ministro-presidente.

A indicação do candidato a chanceler só se fará em Março - ordem do partido há meses tornada pública e que se prende inevitavelmente com este acontecimento. O que não é isento de críticas discurso final de apontar a estratégia futura do partido, quando este conquistar o poder, no sector da economia. Como combater, no entanto, as 30 mil falências de empresas previstas para 1998, o que provocará 600 mil desempregados a mais? Já em 1997 se registaram 27 700 empresas falidas, mais 8,5% do que em 1996, gerando mais 554 mil desempregados.

O que Schroeder propõe como traves mestras traduz-se nestes pontos: um programa de investimentos, uma ofensiva na área da educação e formação profissional e reforço no apoio à formação de empresas, eliminando uma série de mecanismos burocráticos que paralisa actualmente qualquer intenção de iniciativa privada. O programa de investimentos futuros prevê a criação de 750 mil novos postos de trabalho nas áreas ecológica e de melhoria de infra-estruturas - um pouco à semelhança do que acontece na Dinamarca. Falta, no entanto, pormenores concretos sobre como o conseguir. Esta posição do ministro-presidente da Baixa Saxónia, eleito à primeira volta (o que não acontecera no congresso há dois anos) para a direcção do partido por 75% dos votos dos delegados, agrada à ala esquerda do SPD e ao partido "Os Verdes". Contudo, a soma apontada de 35 mil milhões de marcos para aquele efeito não encontrou maioria.

Outra posição assumida em Hannover pelo SPD também vem, curiosamente, ao encontro das aspirações dos Verdes e tem a ver com a introdução de um imposto ecológico sobre as empresas, aliviando desta forma e em consequência a sobrecarga fiscal sobre o contribuinte médio e por conta de outrém.

Sob o lema "Justiça e inovação", o congresso do SPD quis mostrar que os social-democratas são um partido moderno e apto a assumir as rédeas do poder, destronando a actual coligação CDU/CSU/FDP. Por isso, não foram esquecidos temas tão actuais, relevantes e polémicos como as novas tecnologias - por exemplo, biotecnologia - como forma de combate ao desemprego. E aqui outro exemplo: a Holanda. De modo idêntico, falou-se em reforço do investimento na ciência e na pesquisa, numa colagem oportuna ao movimento actual dos estudantes. Alguns representantes destes puderam fazer ouvir a sua voz em Hannover, sacudindo consciências adormecidas:

"Como é que é possível que haja aqui políticos que viveram e actuaram na década de sessenta e agora se sintam insensíveis aos nossos apelos de melhoria de condições de estudo?" - perguntaram.

Tanto bastou para que o partido se revesse e, sobretudo, que Schroeder fizesse marcha-atrás no seu discurso habitual, o qual, em princípio, nada era a favor dos estudantes. Mas "noblesse oblige".

O apelo do futuro candidato do SPD à chancelaria dirigiu-se também à capacidade de trabalho e inovação dos trabalhadores, artesãos e funcionários públicos, afirmando que "o sucesso económico de uma sociedade não se mede pelo número dos seus milionários, mas é obtido diariamente por milhões de pessoas quase anónimas".

Sintetizando: Schroeder percebeu que, externa, também algumas notas diferentes do curso até agora seguido pelo SPD. A partir de agora, a concordância de princípio para intervenções das Forças Armadas Alemãs em acções de paz em zonas de conflito.