Floren, Criado Real por Um Dia
Chama-se Florencio Torrigano Mata, mas no dia-a-dia, desde há muitos anos, é Floren, empregado num restaurante de 7,5 euros o menu, na esquina das "calles" Albasanz e Miguel Yuste, que aguenta as pressas, impertinências e maus humores da clientela de operários, secretárias e jornalistas. Tem 30 anos de trabalho nas lides da restauração madrilena e foi com orgulho que, uma tarde, ao balcão, revelou: "Don Nuno, voy a la boda." Claro que vai. Como criado de mesa.
"Nunca servi um casamento real; para mim, compreenda que isto é muito importante, tenho muita curiosidade e, de alguma forma, vou viver em directo este acontecimento", diz Floren, 44 anos, casado e um filho. Chegou da aldeia de Villarumbia de Santiago, Toledo, há três décadas.
"Comecei a trabalhar numa tasca, uma casa de comidas como então se dizia, depois passei para os hotéis Palace, Emperatriz e, quando me chamam, 'faço' casamentos e baptizados." Contas feitas, conhece mais hotéis de luxo de Madrid que os turistas endinheirados.
Em três décadas de trabalho, esteve ao lado, mas sempre de pé, das mesas de Manuel Fraga, actual presidente da Galiza e antigo ministro de Francisco Franco, e de Josep Tarradellas, primeiro presidente do Governo catalão entre 1997 e 80. "Então, lembro-me de servir Jordi Pujol [ex-presidente da Catalunha], quando ele não era ninguém", revela, com esse contentamento de quem recita uma folha de serviço: "Ah!, uma vez, no Hotel Santo Mauro, servi a Infanta Elena", relembra.
Floren ajusta os óculos e bebe um trago da "caña" [imperial]. A sua cara denota felicidade. "Não vou estar tão feliz como os noivos", diz com um sorriso matreiro, "mas isto é um avanço, uma coisa que nunca fiz".
São mais de 300 os criados de mesa que servem o banquete, entre contratados, empregados da Casa Real e da Moncloa. "Na prática, vou fazer o que faço todos os dias", diz. "Não estive na escola de hotelaria, mas sou um profissional, não estou nervoso e isto é muito simples", prossegue: "Num casamento, qualquer casamento, há sempre um protocolo, quem marca o ritmo é a mesa da presidência, e nós seguimos essas instruções."
Floren, que saiu de casa aos 14 anos em busca de melhor vida, que sofreu a notícia da morte do pai quando labutava no primeiro emprego, não sabe quanto vai ganhar mas sempre adianta: "No sábado, vamos estar muito cedo no Jockey, de onde saímos [os empregados de mesa] em autocarros para o Palácio Real, onde nos vestimos."
A vestimenta, "à Fernandina", é da colecção real: fato de cor azul-escura, casaco de abas largas, com decoração dourada no colarinho, mangas e na vertical das calças. Obrigatórios são os sapatos e meias negras.
"O meu maior desejo era tirar uma fotografia com o fato, seria uma recordação, mas não nos deixam levar câmaras fotográficas nem telemóveis", lamenta-se. "Já houve gente que me pediu para ver se conseguia uma garrafa de vinho da boda, mas o que realmente me interessa é a fotografia", insiste. Um pedido mais que justificado.
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