Algumas das questões surpreenderam-me bastante porque revelam falta de informação, que tentarei colmatar.

Em primeiro lugar, Sr. Deputado, foi pena que não se interrogasse por que é que não estou aqui mais cedo, se é por culpa do Governo ou se é por culpa da Assembleia...

Vozes do PS: - É preciso ter lata!

O Orador: - Foi o Governo que se colocou à disposição desta Assembleia, pelo que o Sr. Deputado terá, pelo menos, de se questionar sobre se o Governo colocou alguma dificuldade para se deslocar mais cedo a este Parlamento, tendo presentes algumas condicionantes que V. Ex.ª concerteza compreende, e que são a realização do Conselho de Ministros à quinta-feira de manhã e a reunião com o Sr. Presidente da República na parte da tarde da própria quinta-feira.

Mas em relação a um aspecto focado pelo Sr. Deputado e também pelo Sr. Deputado João Amaral sobre a falta de debate nesta Câmara, não quero deixar de fazer um pequeno comentário. Ao ouvir aqui de forma repetitiva algumas acusações ao Governo, quando tenho oportunidade de me encontrar com os meus colegas primeiros-ministros da Europa, proeuro obter informação do que e que se passa nos seus países.

Primeiro, foi aquela acusação frequente da presença em excesso do Governo na televisão, pelo que perguntei, por exemplo, como e que, se faz em Espanha a distribuição dos tempos de antena pelos diferentes partidos, governo e oposição, e qual não foi a minha surpresa quando verifiquei que essa distribuição è proporcional ao número de deputados de cada um dos partidos políticos.

Aplausos do PSD.

Fiquei surpreendido...

O Sr. Jaime Gama (PS): Sr. Primeiro-Ministro, permite-me que o interrompa?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Jaime Gama (PS): - Isso, mesmo assim, em Portugal, já seria bom. Se V. Ex.ª olhar para a Sala e para a distribuição das câmaras terá um exemplo evidente: enquanto eu falo de costas para a televisão, V. Ex.ª tem a televisão toda para o filmar.

Aplausos do PS.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Nós também estamos de costas!

O Orador: - Aqui lhe deixo a promessa de que no próximo Conselho Europeu perguntarei aos meus colegas como são filmados os deputados nos diferentes parlamentos europeus.

Aplausos do PSD.

Mas também agora resolvi indagar como tinham sido os debates nas assembleias dos respectivos países sobre a operação de Maastricht e tive uma grande surpresa..

Vozes do PS: - À porta fechada!

O Orador: - Se quiser abrir a porta, peça autorização, não sou eu que lhe coloco obstáculos para abrir a porta.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - O PSD não deixa!

O Orador: - Como dizia, se o Sr. Ministro não veio mais vezes e porque os Srs. Deputados da oposição gostam de fazer a acusação de que o Governo não vem à Assembleia, mas depois quando isso acontece alguns de vós ficam incomodados.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Protestos do PS.

O Orador: - Mas deixemos esta questão de parte.

Parece-me depois que o Sr. Deputado sugeriu que eu tinha feito uma conferência de imprensa. Ora, eu não dei nenhuma conferência de imprensa.

Protestos do PS.

Sr. Deputado, deve estar enganado... Eu fiz uma conferência de imprensa?!...

O Sr. José Lello (PS): - Então o que é que foi?!

O Orador: - Sr. Deputado, face a essa enormidade quase que pedia para desligar o microfone.

É que há enormidades de diferente nível...

O Sr. José Lello (PS): - Mas esta e uma barbaridade formal!

O Orador: - O Sr. Deputado queria que ao terminar o Conselho Europeu, no momento em que todos os primeiros-ministros falam com os seus meios de comunicação social, o Primeiro-Ministro Português fechasse a porta e dissesse assim: «não pode falar, está proibido de falar no fim do Conselho Europeu porque vai tomar o avião para Lisboa».

Sr. Deputado, há barbaridades que tem limites, até no próprio Parlamento.

O Sr. João Rui de Almeida (PS): - Palavra de honra?!

Aplausos do PSD.