O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado, mas a interrupção deverá ser descontada no seu tempo, pois preciso de tempo para responder.

O Sr. António Barreto (PS): - O Sr. Deputado fez-me uma pergunta e, como não vou poder responder depois, se me deixar interrompê-lo, respondo já.

O Orador: - Com certeza, Sr. Deputado.

O Sr. António Barreto (PS): - Sr. Deputado, devo dizer que não sou signatário desse apelo por muitas razões, mas não sou só eu, pois muitos milhares de socialistas também não o assinaram.

Vozes do PSD: - Ainda bem!

O Sr. António Barreto (PS): - Devo dizer-lhe que, sinceramente, considero um sinal de maturidade o facto de, no PS, haver alguns militantes que, a título individual, tenham assinado esse documento.

as não o assinei porque, em primeiro lugar, penso que é um gesto de folclore político, de que não gosto muito.

O Orador: - Só por isso?!

O Sr. António Barreto (PS): - Sei que estou a utilizar o seu tempo, mas, se me permitir, responderei até ao fim.

Em segundo lugar, penso que é um gesto de profundo equívoco e ambiguidade, de que não gosto de partilhar.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Deputado António Barreto, é evidente que estamos de acordo em relação a muitos pontos que referiu. As razões por que ambos não assinaríamos o apelo são comuns.

Quanto à questão das culpas, devo dizer que não faço qualquer processo de intenção nem de culpas objectivas mas, apenas, um apelo a que respondam a esta simples pergunta: desde o momento em que votaram a moção de censura, qual tem sido a actuação política de vulto, de fundo, na qual houve, efectivamente, uma distinção na posição do Partido Socialista? A resposta é vazia!

Portanto, não basta ter um programa actualizado. O problema do programa do PS e que, apesar de ele ter alguns aspectos de actualização política importantes, a prática do partido não corresponde ao programa e em termos políticos a prática é que conta.

O PS está numa espécie de encruzilhada e não sabe como sair dela. E nessa encruzilhada o PS não tem efectivamente contribuído para uma consolidação dos factores da vida d emocrática mas, sim, para uma lógica oposicionista que - e o Sr. Deputado sabe-o tão bem como eu - sempre tem servido o PCP, enquanto lógica unitária e frentista. Aliás, o PCP está muito contente com ela, como todos sabemos, pois é das poucas coisas que lhe dá alguma razão para estar contente.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Estamos contentes com o 25 de Abril!

não tenham o mesmo peso político em função da legitimação eleitoral de cada um deles. E, se tiver de haver conversas, negociação política e debate técnico, o PS tem de admitir que num debate político democrático, do ponto de vista da razão, o que conta - para não falar no interesse nacional, que, como sabemos, e em parte politicamente determinado - é a legitimidade eleitoral. No entanto, e embora sejam necessários dois partidos, o PS tem de admitir que existe uma maior consonância entre as soluções propostas pelo PSD e a vontade do eleitorado, caso contrário não teríamos 51% e os senhores cerca de 20%. Esta é uma realidade objectiva!

O Sr. José Magalhães (PCP): - Que rica teoria!

O Orador: - Sei que vos custa ouvir isto, mas num processo democrático as posições partidárias são legitimadas pelo voto e valem em função dele.

Portanto, embora o voto não substitua a razão, em democracia há uma parte da razão política que deriva directamente do sufrágio. Logo, os partidos não tem o mesmo peso! Em democracia isso é simples, caso contrário não teria sentido a existência da própria democracia!

Esta é a razão por que não há aqui ditadura por parte da maioria mas apenas o seu exercício normal...

Protestos do PCP.

No ano passado, quando estavam em maioria, os senhores faziam o mesmo! Faz parte do processo político normal.

Aplausos do PSD.

Bom, já não tenho tempo para responder a mais questões.