unitário para os cinco países. De todos, a Argélia tem a mais equívoca história com a França de Mitterand: ministro do Interior de Mendés Francês, em 1954, coube-lhe iniciar a luta armada contra os nacionalistas e só em 1976 criou um clima de cooperaçâo entre os social islãs franceses e o Presidente Boumediéne.

Na Argélia, a guerra da independência é chamada «Revolução» e proclama que lhe custou um milhão e meio de mortos; em França chama-se «guerra da Argélia» e promoveu o nascimento da V República gaulista, a divisão das forças armadas, o envio dos generais mais condecorados da França para a prisão, a emigração de 1 milhão de pied-noirs, tudo coisas que o Acordo de Evian, de 19 de Março de 1962, não fez esquecer.

Todavia, a Argélia conseguiu um protagonismo diplomático com prestígio, desde a Conferência dos não Alinhados de 1973 à defesa da nova ordem económica na ONU ern 1974, e um equilíbrio que foi caracterizado deste modo por Besarabski: «Dependendo d a URSS para os seus armamentos e equipamentos militares, concluiu importantes contratos económicos e comerciais com as multinacionais americanas e europeias.»

O crescimento alarmante do integrismo agrava severamente a deterioração, que se vinha a verificar, da capacidade de o governo manter este centrismo especial e causa definitivamente um alarme que não pode ser ignorado. No vasto cinturão muçulmano que divide o norte do sul do mundo, desde as colinas de Hércules à Indonésia, estes acontecimentos, na área da UMA, alteraram severamente os termos de referência no flanco sul da Europa, ameaçam desestabilizar o corredor do Norte de África, afectam a segurança europeia, mas talvez tenha de admitir-se que afectam, em primeira linha, a segurança global.

Se tudo é uma chamada séria de atenção das instituições responsáveis pela segurança europeia, para a imprudência de concentrar todas as energias na revisão do conceito estratégico, tendo em vista exclusivamente os novos desafios do teste europeu, também, por outro lado, conviria moderar o eurocentrismo, em recuperação, que tende a esquecer que a segurança global tem órgãos, que a ONU precisa de ser reanimada porque o conflito do golfo não foi necessariamente um caso único, que esse realismo não é coerente com a passividade da crítica que acompanhou a decisão unilateral da Federação Russa, no sentido de tomar assento na cadeira de veto que pertenceu à URSS.

Não é apenas a NATO que tem a necessidade, que assumiu, de rever o seu conceito estratégico e as suas estruturas internas, passa-se o mesmo com a ONU e, muito especialmente, com o Conselho de Segurança.

A revisão é inadiável, não porque lenha melhorado a percepção do mundo, mas porque o mundo não corresponde às velhas percepções. A Europa está a ser um centro mundial de referencia, por razão da história - em parte da história colonial - e pela distância científica, tecnológica, económica e cultural que adquiriu. Mas não tem ra zões, nem interesse, nem capacidade, para querer dar ao euromundismo renascente uma dimensão que preencha o vazio criado pelo desaparecimento de uma das superpotências.

Para bem da segurança mundial, é necessário que as questões que a afectam não sejam apropriadas pelos órgãos de segurança regional. O integrismo parece uma questão de segurança global e exige uma avaliação urgente dos países interessados na segurança do corredor do Norte de África.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Urbano Rodrigues.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Adriano Moreira, há ainda mais alguns pedidos de esclarecimento. Pretende responder já ou no fim?

O Sr. Adriano Moreira (CDS): - No fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vera Jardim.

concordará que não é inteiramente idêntico a outros sinais de fundamentalismo, designadamente ao fundamentalismo do Irão, porque anda, muitas vezes, misturado com verdadeiros movimentos sociais que nos fazem lembrar projectos que deitámos um pouco para o lado. E refiro-me, por exemplo, ao problema das relações Norte/Sul, que, nos últimos anos, com o avolumar de acontecimentos no Leste, terá ficado esquecido. Pergunto, pois, se não será o momento, talvez já um pouco tardio, de renovar todo o conteúdo, a mensagem e a esperança do relatório Willy Brandt e de tudo o que lançava quanto à temática Norte/Sul?

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Pereira.