Oliveira Lopes

Enviado JN

Depois do que a "senhora" Fernanda Ribeiro fez na segunda eliminatória da légua, que apurava para a final de amanhã (18.20 horas em Portugal), só nos apetece dizer: temos mulher! Ao cabo e ao resto, a "resposta" de uma campeã, que já tem nas pernas (e nos tendões doridos...) 25 quilómetros na pista de Atenas.

Menos sorte teve a outra portuguesa presente nestas meias-finais de 5.000 metros, ao ser eliminada. Porém, Marina Bastos, prometeu "voltar, um dia, ao jeito do que fiz nos "Mundiais" de pista coberta deste ano, em Paris. É a promessa que deixo a todos vós portugueses".

Já a corrida da série em que participou a Fernanda Ribeiro não teve história, a não ser a que ela "escreveu" com as suas "pernas" e a sua "cabeça", se calhar, a contrariar um pouco as recomendações do seu treinador, João Campos, ao dizer "adeus" às suas companheiras, a quatro voltas do fim. Sonia O'Sullivan -campeã em título que bateu no "sprint" final Fernanda Ribeiro em Gotemburgo-95 - foi eliminada.

"Fiz a minha corrida, ao meu jeito, e depois explicarei ao João Campos a razão de lhe ter desobedecido ao não abrandar. Ele compreenderá as minhas justificações", começou por dizer Fernanda Ribeiro.

No tocante à final, naquele seu modo aberto de dizer o que pensa, acrescentou: "Vou lutar para ganhar, pois é para isso que cá estou, e só não o farei se não tiver pernas para ir mais depressa". Quanto às candidatas às medalhas, Fernanda Ribeiro apontou várias, entre as quais a romena Gabriela Szabo, e lembrou que "não é preciso esquecer a queniana Cheromei".

O "dia desportivo português" começou, ontem, pelas sete horas da manhã de Atenas, menos duas em Lisboa, com os 50 quilómetros marcha.

Entre os 42 presentes, o português José Magalhães "andou" com o objectivo de chegar ao fim e obter o tempo máximo de 4 horas e dez minutos. Perdeu o segundo por apenas três segundos, conforme disse, pelo facto de nos primeiros 15 quilómetros já ter duas advertências - à terceira era desclassificado - o melhor foi "marchar com os pés nos chão", como mandam as regras, e, naturalmente, mais devagarinho. Depois, foi recuperando, vindo a terminar no 27.º posto, beneficiando de cinco desistências e oito desclassificações.

Coisas da marcha. Que teve, esta prova, um vencedor esperado: o campeão olímpico Korzeniowski, da Polónia, ainda que "apertado" pelo espanhol Angel Garcia.

No peso feminino, as alemães voltaram a dar cartas, com o "ás" de trunfo a estar nas mãos de Kumbernussen. Depois de Atlanta, a discóbola da Gafanha da Nazaré, Teresa Machado, voltou a lançar "mais longe", mas sem ainda derrubar o seu recorde nacional (63.70 metros), ao classificar-se no sexto lugar na final do disco, ganha um tanto surpreendentemente pela neozelandesa Faumuina, com a marca de 66.82 metros.

E, curiosamente, com o seu primeiro lançamento, de 62 metros, que a cl assificou para os três últimos ensaios. No entanto, a partir daí, nunca mais Teresa Machado "repetiu a dose", ao rubricar mais dois válidos: 60.78 e 59.52.

A possante atleta portuguesa, mas de longe "a mais feminina de todas as finalistas", o que para Teresa Machado nada quer dizer, a não ser "o facto de elas terem comido mais sopa do que eu em pequeninas...".

Uma ironia que foi completada com algumas insuficiências, como "falta-me outras coisas para chegar mais longe e melhor", mas logo a esclarecer que "isso não significa que as outras tomam "doping" ou mais vitaminas do que eu".

Falando das tais insuficiências, disse: "Falta-me um massagista próprio, um fisioterapeuta e um acompanhamento médico mais cuidado".

De resto, sublinhou, que "este resultado dá-me prazer, até porque, ainda que devagar, estou a subir uns degrauzinhos na escala mundial".

Em tudo o mais, aconteceram algumas "coisas" interessantes: a vitória da italiana Sidoti, algo facilitada pela desclassificação da campeã olímpica, a russa Stankina, na marcha; o apuramento fácil para a final de Maria Mutola, nos 800 metros; e, finalmente, a ausência nas meias-finais de 200 metros de Marie Jose-Perec, ela que é detentora do título olímpico da distância e ainda dos dos 400 metros. E jornada terminou com a vitória do norte-americano Allen Johnson nos 110 metros barreiras e com o melhor tempo do ano.