Tenho aqui um mapa que ponho à disposição de todos os ilustres Deputados, a fim de que possam ver melhor a deficiência de estradas no distrito de Beja.
Aquele distrito é um dos que mais contribuições paga, e nem ao menos a capital do distrito está ligada por estradas com todos os concelhos! Apenas Beja tem estradas para Vidigueira, Ferreira e Mértola; não estando ligada com Aljustrel, Almodóvar, Barrancos. Cuba, Castro Verde, Moura, Odemira, Ourique e Serpa. Há troços intermédios de estradas construídas e começadas; é preciso terminá-las.
Nestas condições seria iníquo que pagássemos para a amortização dos 300.000 contos, sem ter a indispensável compensação que consistiria na construção dos troços que faltam, para completar estas ligações.
Já na comissão eu tive a honra de chamar a atenção dos meus colegas para êste facto e ainda para o concelho de Odemira, em que não existem ligações com a capital do distrito nem do concelho com as diferentes freguesias, o que tem servido há mais de meio século para em todas as eleições se especular com isso.
Há umas pontes entre Odemira e S. Luís e outra entre Odemira e S. Teotónio onde só nos momentos das eleições aparecem por lá os apontadores a fingir que vão do início às obras... E o mesmo sucede nos concelhos de Aljustrel e de Ourique.
Sr. Presidente: chegou o momento de terminar com esta comédia que não é própria de homens que desejam as obras feitas. Trata-se de uma região onde abundam as riquezas naturais, que não podem ser transportadas por falta de estradas. Em S. Luís há minas de manganês e ferro que não podem ser exploradas, visto não haver vias de comunicação que transportem o minério até o rio Mira. Ora isto não se pode consentir que se mantenha, e torna-se absolutamente necessário que se concluam os troços de estrada já iniciados, e que se construam as ligações que faltam.
Mas, se formos enumerar os casos especiais de todos os concelhos, chegamos a esta conclusão: sendo o distrito de Beja de uma grande extensão e cortado por bastantes linhas de água, nem sequer as pontes das estradas que devem ligar à capital do distrito estão totalmente construídas.
Há até um caso já célebre, que já nesta Câmara tem sido tratado há bastantes dezenas de anos, e que é a ligação de Lisboa com o Algarve. Essa estrada que, como muito bem lhe chamou o Sr. Ministro do Comércio, constitui aã espinha dorsal das estradas", tem de ser olhada com atenção, porque em alguns pontos está interrompida de uma maneira vergonhosa.
Em Almodóvar há uma ponte que, por deficiências burocráticas, foi começada e várias vezes abandonada e da última vez, já quando os habitantes daquela região, julgando que a ponte ia finalmente ser construída, tinham mandado fazer um cemitério do outro lado da ribeira
Sr. Presidente: como a ponte não se concluiu acontece que, quando chove, não se podem enterrar os defuntos, originando isso uma certa falta de respeito pelos mortos, visto que o caixão tem de passar para o outro lado da ribeira sôbre o dorso de qualquer animal ou transportado numa carroça, como qualquer mercadoria vulgar. Isto é vergonhoso. Tanto mais que noutros pontos do País se têm gasto muitos milhares de contos em estradas que apenas são úteis aos caciques locais.
Não seria justo que o distrito de Beja pagasse para amortizar os 300.000 contos de reparações das estradas que não tem.
Assim, retirando dêsse fundo 30:000 contos divididos em 5 anuidades, já seria possível equitativamente terminar os lanços que faltam para estabelecer as ligações dos concelhos e dar uma justa reparação aos povos daquela região.
Eu espero que esta verba seja destinada a continuar os lanços do estradas que estão incompletos, nomeadamente aquelas que têm ligação com o Algarve, não esquecendo as pontes do Roxo e Galhudos da estrada n.° 75 e a de Almodóvar da estrada n.° 17.
Trocam-se àpartes.
O Orador: - Nem todos podem ter as mesmas aspirações, porque nem todos têm a mesma justa razão nem as mesmas necessidades.
O assunto que eu trato representa uma necessidade impreterível.
Há mais de trinta anos que estamos fa-