Teimosias

Escolhida a selecção, dita pela FPF, a melhor e a de todos os portugueses, permitem-se os mais amantes discordar da opinião. Sempre foi assim, sempre assim será. No contrário, na unanimidade, nem seria necessário um seleccionador, quanto muito apenas um treinador de campo. Para trás ficaram largos meses de polémica. Por Baía, mas sem Baía. É a pecha de Scolari. E por ela já foi julgado. Aconteceu algo semelhante no Brasil com a "novela" Romário que antecedeu o Mundial da Ásia.

Questões de teimosias. As do futebol, de todos os seus agentes, ou dos que o circundam, mas também de Scolari, que chegou galardoado e com os pressupostos de repetir a glória e prosseguir um trabalho (tímido, mas já revelador) de rejuvenescimento da selecção. Com o interinato de Agostinho Oliveira (quatro jogos), Baía apenas jogou a primeira parte do jogo com a Inglaterra (Setembro 2002, em Birmingham). Há o Mundial de 2006. Mas Scolari não tem contrato vitalício. Haverá novos jogadores e ainda menos que os actuais dez sobreviventes do Mundial de 2002 que transitaram para esta campanha. E haverá, também, Moreira. Mas estaria seguro o brasileiro que Baía não seria ainda capaz de realizar (quase) imaculadas campanhas nacional e na Liga dos Campeões? Se nunca justificou o seu processo dedutivo pelo qual tanto se orgulha...

É teimoso. E às críticas responde com irritante alheamento ou com ira. O caso mais recente, caricato, mas também revelador, aconteceu há dias, em Lisboa, numa reunião com os jornalistas, onde um dos directores da FPF, José Cavaco, figura ainda não antes vistas em actos do género, colocou o pé em ramo verde, tergiversando sobre as expectativas dos adeptos. E com fraseado lapidar: "Penso que o seleccionador devia estar atento às vontades do povo português e, se possível, satisfazê-las." Gilberto Madaíl incomodou-se e Scolari bufou. Afinal, parece que também na FPF o repisado discurso público de apoio ao seleccionador não expressa, necessariamente, a opinião de todos os seus titulares. E o que diz a vontade do povo adepto do futebol: ainda Baía, em vez de Ricardo. O resultado de uma consulta do PÚBLICO (70 inquiridos) a personalidades dos mais variados quadrantes profissionais, também o confirmou.

Baía à parte - atleta que sempre manteve uma atitude digna e profissional perante todo este processo, demarcando-se mesmo da rotura sugerida por José Mourinho -, Moreira é a surpresa desta selecção, capaz de responder a dois compromissos, depois da campanha do Europeu de sub-21 na Alemanha, ainda que, entre os "AA", até ver, como o número três na hierarquia da baliza. A não ser que Scolari queira voltar a surpreender. Mas Moreira será, claramente, o guarda-redes do futuro, rumo ao Mundial 06.

Maniche está em grande forma, e tem sido tanto uma mais-valia para o FC Porto como o será para a selecção. E tudo indica que será titular. É um regresso justo e consensual. Ao contrário da chamada de Tiago, de tão notório que é o seu baixo rendimento actual. Scolari quis salvaguardar o meio-campo, mesmo que forçado a sacrificar Luís Boa Morte, jogador que fez uma boa época no Fulham, explosivo, capaz de desequilibrar o sector esquerdo quando as coisas estão complicadas e por quem o brasileiro sempre nutriu particular admiração. Mas o seleccionador optou pela também salutar criatividade de Hélder Postiga, como terceiro ponta-de-lança, jogador que tem capacidades e um férreo desejo de se firmar definitivamente entre os consagrados. Não lhe fica mal. A um e a outro.

É escasso o tempo para acertar o passo com os procedimentos e rotinas de jogo. Mas também por teimosia de Scolari. Outra. Que usou e abusou de experiências, a maior parte das quais inócuas, descabidas, substituições umas atrás das outras. Em duas mãos cheias de jogos. Um desperdício.

E a surpresa de Scolari é... Moreira

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