Romances de uma vida
ameaçam o presidente
O caso da jovem Monica Lewinski com o presidente americano terá tido como cenário a Sala Oval da Casa Branca
Correspondente em Nova Iorque
No centro de mais um escândalo sexual na Presidência norte-americana está a jovem Monica Lewinsky, de 23 anos, que iniciou o seu estágio na Casa Branca em Agosto de 1995, quando tinha 21 e acabara de tirar o curso de Psicologia no "Lewis and Clark College", de Oregon.
O pai era rico, contribuira com verbas elevadas para a campanha eleitoral de Clinton e conseguiu o estágio para a filha.
Monica trabalhou inicialmente na secção de recepção de cartas endereçadas ao presidente, secção essa distante duas salas do Gabinete Oval. Segundo contou à sua amiga Linda Tripp, procurou atrair as atenções do presidente logo que entrou na Casa Branca, o que viria a conseguir em Novembro, graças a um atraente vestido que levou a uma das festas. Teria começado aí o caso entre os dois, que durou até 1997.
Segundo a revista "Newsweek", cujos editores ouviram algumas das fitas gravadas, os dois mantinham encontros sexuais sobretudo ao fim da tarde, às vezes aos fins-de-semana, e pelo menos uma vez - à noite, a uma hora tardia - na sala da Casa Branca designada por Gabinete Oval.
Monica tornou-se entretanto funcionária efectiva da Casa Branca e, depois, passou a trabalhar no Pentágono, mas a relação com Clinton, que às vezes lhe telefonava para casa a meio da noite, continuou.
Foi antes da sua eleição para a Casa Branca que Bill Clinton se viu atingido pelo primeiro escândalo sexual. Na altura, uma mulher do Arkansas chamada Gennifer Flowers disse a jornalistas, durante as eleições primárias para as presidenciais de 1992, que fora amante de Clinton durante vários anos, inclusive quando ele era governador do estado do Arkansas. No primeiro momento, Clinton negou toda a história, mas acabou por confessar esse relacionamento.
Dois anos depois, em 1994, já Bill Clinton ocupava a Casa Branca quando outra mulher do Arkansas, Paula Corbin Jones, anunciou um processo contra ele por assédio sexual. Paula relatou então que em Maio de 1991 fora levada ao apartamento de Clinton, num hotel de luxo de Little Rock (Arkansas), onde Clinton era na altura governador, e que este baixou as calças e lhe pediu que fizesse sexo oral.
Paula Jones, então funcionária pública, disse ter sido perseguida no emprego por rejeitar as propostas do presidente Clinton. Agora, os advogados de Paula exigem do presidente uma indemnização de 360 mil contos e um pedido formal de desculpas.
O início do julgamento está previsto para Maio, e por causa deste processo judicial outras mulheres chegaram às primeiras páginas.
Em Agosto do ano passado, a funcionária Linda Tripp, que também trabalhou na Casa Branca e que actualmente trabalha no Pentágono (Ministério da Defesa), contou à revista "Newsweek" ter visto outra funcionária, Kathleen Willey, ter saído um dia do gabinete do presidente a arranjar-se à pressa, com a pintura desfeita e o vestido amarrotado, por ter sofrido um assédio sexual do presidente.
Quando a notícia foi publicada, o advogado de Clinton no caso Paula Jones, Robert Bennett, negou a história, chamou "mentirosa" a Linda Tripp e acusou-a de, à época do Governo Bush, ter também transmitido uma informação semelhante à Imprensa contra o então presidente George Bush.
Irritada, Linda passou a gravar as suas conversas telefónicas com a sua amiga Monica, a quem contava tudo sobre o seu caso.
Ao ser informada de que seria intimada a depor no processo Paula Jones, Linda contratou o advogado Jim Moody e resolveu procurar o promotor Starr, a quem levou 17 cassettes gravadas.
Foi nessa altura que os investigadores do promotor lhe pediram que aceitasse usar microfones sob a roupa e transmissores para obter provas sobre a alegada relação amorosa entre Clinton e Monica.
A ex-estagiária da Casa Branca, cuja fotografia aparece agora nas primeiras páginas de todos os jornais dos EUA, depõe amanhã no caso Paula Jones. Mas os advogados de Paula já intimaram mais uma mulher - Sheila Lawrence, cujo marido morreu como embaixador na Suíça, depois de ter sido um dos grandes doadores para a campanha eleitoral de Bill Clinton.
Sheila também será chamada a falar sobre o seu relacionamento com o presidente. Ela apareceu recentemente nos noticiários quando se descobriu que o seu marido não tinha direito a ficar enterrado no cemitério de Arlington, destinado a heróis de guerra, porque tinha mentido sobre a sua participação na II Guerra Mundial.