O Sr. Fernando Roriz (PSD): - Queria protestar contra as afirmações do Sr. Deputado Sousa Marques.

Primeiro, não falei aqui em boicote, falei, sim, em dificuldades que foram levantadas por alguns estabelecimentos bancários e que eu poderia comprovar. O único critério que existia nessa altura era o de facilitar determinadas operações a empresas que mereciam a simpatia dessas administrações e dificultar todas as outras operações.

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Diga quais!

A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - Prove, diga nomes!

O Orador: - Era este esclarecimento que eu queria dar à Câmara e protestar ...

Protestos do PCP.

Posso continuar?

Pausa.

Queria terminar, dizendo que o Partido Comunista mais uma vez quer ser o único e exclusivo detentor da verdade.

Protestos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Manuel Dias.

adstrita, não será exagero afirmar que da empresa MDF dependem directamente cerca de 10 000 pessoas.

Na sua longa vida a empresa, criada e desenvolvida tendo como base o fabrico de material destinado às actividades agrícolas, terá passado necessariamente aos altos e baixos.

No ano de 1963 a MDF firma um contrato com a Berliet francesa e passa a montar veículos de transporte pesado. Com o desenvolvimento da guerra colonial dedica a sua atenção à montagem de camiões que o então exército colonial consumia. De tal maneira se subordina a esse fabrico/montagem que no início da década de 70 perto de 80 % da sua produção se relacionavam com os camiões militares.

Depois de mais de oitenta anos de fabrico de máquinas e utensílios para a paz - trabalhar a terra e os seus produtos -, passa-se a fabricar material para alimentar a guerra, abandonando em grande parte o seu fabrico tradicional. Talvez porque o mercado ligado à lavoura era pobre - sempre foi pobre -, volta-se a atenção para o lucro mais fácil, coisa muito coerente para o capital.

Só que, como diria alguém, o capital põe e Deus dispõe. A guerra colonial acaba - felizmente - e os camiões deixam de ser motivo de bom lucro. As dificuldades, que eram já uma realidade antes do 25 de Abril, agudizam-se e põem a descoberto a verdadeira situação da empresa: Havia perdido grande parte do seu mercado tradicional - maquinaria agrícola;

2) Não obstante a sua dimensão, não se encontrava estruturada para de uma penada se dedicar a novos fabricos;

3) Os trabalhadores reivindicaram melhores condições de vida, o que era justíssimo, dado o nível salarial muito baixo.

No Verão de 1974 a administração é contestada pelos trabalhadores e, depois de um mês sem receberem salário, solicitam ao Governo que tome posição perante a MDF. Após um inquérito feito à empresa, o Governo decide, em Dezembro do mesmo ano, proceder à intervenção estatal, como se pode ler na respectiva resolução: «Tendo em conta remediar uma situação particularmente grave, não só no aspecto financeiro, como na economia global da empresa» e ainda «considerando o número de trabalhadores envolvidos, a importância regional da empresa e considerando ainda que ela dispõe de um potencial de técnica e equipamento que importa não perder, tendo em vista assegurar a continuidade da MDF e consequentemente o trabalho de mais de 2500 pessoas».

Ao longo de quatro anos vários relatórios e estudos têm sido elaborados, várias comissões têm sido nomeadas para tratar do complexo problema da MDF. Em diversas reuniões do Conselho de Ministros o assunto tem sido debatido, sem que até agora tenha havido a decisão que importa tomar. Os trabalhadores vivem angustiados, milhares de pessoas atravessam enormes dificuldades, a grande maioria não tem nada senão o rendimento do produto dó seu trabalho, muitos começam a ficar desesperados por aguardarem há tanto tempo uma decisão que não chega.

Urge decidir do futuro de tantos que em nada contribuíram para a actual situação da MDF. Sempre trabalharam e não querem fazer outra coisa que não seja trabalhar, para poderem garantir o pão dos seus filhos. Os trabalhadores da MDF interrogam-se - e nós com eles - sobre o seu futuro, e perguntam: Por que não se toma a decisão que mais cedo ou mais tarde tem de ser tomada? Por que motivo, tendo sido prorrogada a intervenção estatal até 15 de Janeiro próximo, não se resolve a situação presente? Recordamos que no respeitante aos últimos dois meses (Setembro e Outubro) os trabalhadores receberam na totalidade 5500S, dos quais 2500S no passado dia 6, para já não referir o caso das portarias, que só no Departamento do Tramagal montam