52 Diário da Câmara dos Deputados

grado o dever de impedir por todas as formas, sejam elas quais furem, as mais violentas, que essa obra se realize contra os destinos da Nação, porque a régie é a pior das formlas: é o monopólio dum Estado que não sabe administrar-se, que não tem moral.

Várias vezes neste Parlamento eu fiz profecias. Uma delas foi sôbre os Transportes Marítimos do Estado. Profetizei que êles haviam de apodrecer no Tejo. Dois anos depois sucedia-lhes o que eu tini 1.1 previsto.

Quando se discutiu o modus vivendí referente ao célebre acordo de 4 de Agosto...

O orador nesta altura, apesar dos esfôrços que emprega para se fazer ouvir, não consegue o seu intento, por virtude do sussurro que há na sala.

O Orador (bastante exaltado): - Sr. Presidente: termino as minhas considerações porque a Câmara não tem por mim a consideração a que tenho direito.

Os homens que têm a responsabilidade de tudo que se está passando quanto ao importante problema dos tabacos estão aqui como num recinto de folia.

Pois bem, eu cá estou para lhes responder na hora própria e por todas as formas.

Aqui lhe afirmo.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Rafael Ribeiro: - Sr. Presidente: já o sub-leader do meu Partido marcou, e brilhantemente, a posição do mesmo Partido perante o negócio urgente que está em discussão. Não me atrevo, pois, a falar no assunto propriamente, tanto mais que me parece estarmos já nunca, discussão inútil, porquanto eu tenho a certeza absoluta de que, depois da resposta que o Sr. Presidente do Ministério deu às preguntas formuladas pelo ilustre Deputado Sr. Cunha Leal, S. Exa., por uma questão de decoro mental, irá amanhã pedir a demissão do Govêrno, pois não pode continuar na situação política que ocupa um Presidente do Ministério que responde de maneira confusa e atrabitrária, que demonstra ignorância completa de tudo quanto se tem tratado a respeito da questão dos tabacos. Creio, pois, que a discussão é inútil nesta ocasião, porque tenho que acreditar, repito, que o Sr. Presidente do Ministério, por decoro mental, vai abandonar as cadeiras do poder.

As preguntas que formulou o Sr. Cunha Leal e às que formulou o meu correligionário Sr. Francisco Cruz vou juntar mais duas para mais uma vez pôr à prova o Sr. António Maria da Silva. Ausente o Sr. Ministro das Finanças eu formulo a S. Exa. o Sr. António Maria da Silva as seguintes preguntas:

Primeira, quais as importâncias restituídas ao Estado pela Companhia dos Tabacos pelos cupões não pagos de 4 1/2 por cento e títulos sorteados e não pagos do mesmo empréstimo?

Segunda, quais as importâncias entregues de juros e amortizações dos mesmos títulos e se a Companhia cumpriu êste encargo?

O orador não reviu.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: para tranquilizar a Câmara digo que não serão longas as considerações que vou fazer, porque a atitude dêste lado da Câmara está definida pelo ilustre leader Sr. Pinheiro Torres. No emtanto, nau posso esquecer que uma vez o Sr. Presidente do Ministério, muito zangado comigo, me dizia daquelas cadeiras que eu o poupava monos do que os outros, esquecendo porventura velhas relações que tinha com S. Exa.

A prova de que as não esqueço é que tinha ao apreciar as considerações que o Sr. Presidente do Ministério há pouco fez de começar por dizer a S. Exa. que é suficientemente inteligente para, se alguma voz tivesse estudado o contrato dos tabacos, não dizer o que disse há pouco. Exa., nas respostas que deu, ou antes, que deixou de dar ao ilustre Deputado Sr. Cunha Leal, veio mostrar que é uma pessoa que está absolutamente em branco na questão dos tabacos.

E, Sr. Presidente, como esta questão é a mais importante questão que pode debater-se na actualidade, o Sr. Presidente do Ministério uma vez que não quis estudar esta questão só tem um caminho a seguir: demitir-se para não causar mais danos ao País.

Preguntou o Sr. Cunha Leal ao Sr. Presidente do Ministério qual a situação do