Não há esperança de encontrar sobreviventes da tragédia, que poderá ter sido provocada pelo manto de fumo dos incêndios que lavram no país O pior acidente da história da aviação civil indonésia ocorreu ontem na parte norte da ilha de Sumatra. As operações de resgate das vítimas deverão terminar hoje, mas não há qualquer esperança de encontrar sobreviventes - o balanço aponta para 234 corpos calcinados. O presidente Suharto encarregou o ministro da tutela para que procedesse a um inquérito, tanto mais que há informações, não confirmadas, segundo as quais o aparelho terá explodido antes do embate. Outro motivo, mais insistentemente referido, é o manto de fumo que cobre toda a região, resultado dos múltiplos incêndios que têm fustigado o Sudeste Asiático.

Efeitos da catástrofe ecológica irão repercutir-se por centenas de anos O fumo dos múltiplos incêndios na Indonésia tornou-se ontem ainda mais denso na ilha de Sumatra, a mais afectada pelo sinistro, bloqueando as estradas e obrigando ao encerramento de várias escolas. Peritos internacionais dizem que as repercussões da catástrofe irão fazer-se sentir durante centenas de anos.

NOVO RECORDE DE VELOCIDADE Um novo recorde mundial de velocidade no solo foi estabelecido no deserto do Nevada, Estados Unidos, pelo veículo britânico "Thrust SSC", com uma velocidade média de 1149,57 quilómetros por hora. O anterior recorde, alcançado em 4 de Outubro de 1983, era de 1019,44 quilómetros/hora. O "Thrust SSC" foi pilotado por Andy Green, de 35 anos, chefe de esquadrilha da Força Aérea Real britânica. O carro está equipado com dois motores "Rolls Royce" e consome 18,18 litros de gasolina por segundo. Os organizadores não conseguiram, contudo, alcançar o objectivo de superar a barreira do som (1.206 quilómetros/hora).

Afonso Dhlakama sente-se no papel de quem fica em casa a assistir de longe ao festim dos "beneficiários"...

Este homem, Afonso Dhlakama, vindo da cordilheira trevosa de uma guerrilha contra-regimental e por muitos considerada de origem suspeita ou repulsiva, considera hoje multipotente a força da implantação da Renamo em todo o território de Moçambique. O JN entrevistou Dhlakama na cidade de Maputo e nele detectou todas as pulsões características de um líder partidário convicto de que vai chegar ao poder e ser Governo. As primeiras eleições autárquicas moçambicanas estão na mira da Renamo, para, no "país real", empurrar a Frelimo, partido no poder, contra as cordas! Luís Alberto Ferreira Enviado JN O líder da Renamo entende que a Frelimo, partido moçambicano no poder desde a independência nacional, "está a retroceder e a perder o apoio" de outros tempos, "até mesmo no Sul de Moçambique", que lhe tem sido, tradicionalmente, favorável.

Renamo esconde ou não tem mesmo "tiques" etnoculturais?

Embora em Moçambique se cruzem, com alguma frequência, no discurso popular, as referências etnónimas aos partidos e aos dirigentes políticos, a verdade é que esse fenómeno, o das implicações tribais ou etnoculturais, se revela mais, muito mais acentuadamente em Angola. Uma conversa tão longa quanto foi a do JN, agora em Maputo, com Afonso Dhlakama, ajuda a perceber isso mesmo. Por mais inflamado que se revele, o discurso do líder da Renamo só muito vagamente cede às "explicações" do foro etnocultural. Bem ao contrário do que faz, reiterada e perigosamente, Jonas Malheiro Savimbi, líder da UNITA.

Implacável, Dhlakama garante que o seu partido já "convenceu" as populações dos centros urbanos

Durante a sua longa conversa com o JN, em Maputo, Afonso Dhlakama sublinhou com muita força o que ele considera uma alteração comportamental do eleitorado moçambicano, principalmente o dos centros urbanos. Uma assertiva mais veemente: "A Renamo deixou de estar mergulhada e condicionada nas matas. A Renamo veio para as cidades, deu-se a conhecer. E os resultados estão bem à vista de todos: as pessoas já confiam em nós, fizemos amizades e ganhamos credibilidade entre os moçambicanos".

Dhlakama a favor de uma revisão constitucional

Moçambique e o modelo económico, Moçambique e a "lei da terra", Moçambique e as privatizações. O Clero, pelo que ouvimos do bispo de Maputo, não aprecia os critérios do Governo de Chissano em matéria de privatizações. O Clero questiona a Frelimo sobre o "modelo económico". Na imprensa angolana (crónica de um correspondente em Maputo) apareceu, ultimamente, uma denúncia: "Chissano está a facilitar a venda de terras úberes aos especuladores e oportunistas estrangeiros".