Objectivo é o regresso aos lucros em 2005

"Design" e preço competitivo são os factores-chave do renascimento do terceiro maior construtor sul-coreano, agora conduzido pelo líder mundial do sector automóvel

O cenário paradisíaco do castelo altaneiro de Munot, em Schaffhausen, na Suíça, foi o palco escolhido para enterrar dois anos terríveis na história do terceiro maior construtor automóvel sul-coreano, Daewoo Motors, e dar início a um novo e promissor capítulo da sua história: a formalização da aquisição de uma posição de controlo por parte da norte-americana General Motors (GM) - ainda não concretizada, somente por motivos burocráticos -, dando origem à GM Daewoo Auto & Technology. Foi dado também a conhecer, à imprensa nacional, o Daewoo Kalos, o primeiro de uma família de futuros veículos GM Daewoo de estética fortemente europeia, que como vantagem competitiva oferece um "elevado nível de 'design'" a um preço "muito" competitivo (ver caixa).

As conversações para a aquisição da Daewoo remontam a 1998, com a GM e a Ford interessadas e a disputarem o negócio. Em Setembro de 2000, a Ford retira a sua proposta de aquisição de sete mil milhões de euros, deixando o caminho livre para o maior construtor de automóveis do mundo. No dia 8 de Novembro do mesmo ano, e depois de quinze meses de endividamento incomportável aos seus bancos credores, a Daewoo Motors, requer aos tribunais a sua "falência judicial", um passo estratégico para a sua compra pelo maior construtor automóvel do mundo. São despedidos trinta e três por cento dos trabalhadores - cerca de sete mil pessoas - ao abrigo de um plano de reestruturação que tinha como objectivo principal criar condições para a venda do construtor sul-coreano e combater o encerramento conclusivo da empresa e consequente falência das cerca de nove mil pessoas sub-contratadas que, no conjunto, representam dez por cento do PIB sul-coreano.

Mas é só um ano depois, em Setembro de 2001, é que a GM assina um memorando de entendimento para a aquisição ao maior banco credor da Daewoo, o Korean Development Bank, de 67 por cento do construtor sul-coreano, por 400 milhões de euros (suportando o passivo da empresa nesta proporção), 42 por cento detidos directamente pela GM e os restantes 25 detidos por parceiros do construtor norte-americano, entre os quais a Suzuky que ficará com 14,9 por cento. O restante poderá ir parar às mãos da Chevrolet. O Korean Development Bank ficou com 33 por cento do capital da nova empresa resultante da fusão dos dois construtores.

"A Daewoo sobreviverá?", perguntou o administrador europeu à plateia, respondendo logo de seguida que "sim, sem dúvida, senão a GM não a teria comprado". A GM Daewoo pretende facturar anualmente cinco mil milhões de euros, mas o responsável máximo europeu está consciente que "a estrada para o sucesso será sinuosa". Erhard Spranger afirmou que, em 2005, a GM Daewoo pretende atingir o "break-even". A"A GM Daewoo não tem ainda uma grande história, mas tem um grande futuro pela frente", finalizou. Kalos é a aposta

Para isso conta com o Daewoo Kalos, um veículo da categoria B - concorre directamente com o Clio, Corsa, Polo, 206, entre outros -, que esteticamente tem escrito "mercado europeu" no chassis. É uma aposta num segmento que, entre 1999 e 2001, cresceu 11 por cento, ou 420 mil unidades. O kalos pretende ter uma quota de três por cento.

A Europa é o mercado de exportação prioritário da Daewoo (o mercado doméstico representa 35 por cento das vendas). No continente europeu, o Kalos começará a ser comercializado em Outubro (Fevereiro, em Portugal) e terá dois alvos: no Norte do continente, um "target" feminino, adquirido como segundo carro, e no Sul os jovens casais/ famílias, já que o espaço interior é uma grande mais-valia do veículo.

UE exige à Suíça fim do segredo bancário para comunitários

Atraso na retoma da economia faz cair défice zero em 2004

General Motors senta-se ao volante da Daewoo