O Documentário Regressa a Serpa
A 4é edição do Doc's Kingdom arranca hoje, em formato de seminário nacional. Até dia 9
Com o Festival DocLisboa reduzido a um formato mínimo, o Doc's Kingdom continua a ser lugar de resistência: entre hoje e domingo, Serpa volta a acolher, pelo quarto ano, o seminário sobre cinema documental que reserva as primeiras apresentações dos recentes filmes de Catarina Alves Costa e Sérgio Tréfaut, entre outros.
Nem festival nem competição, esta iniciativa da AporDoc - Associação pelo Documentário, em colaboração com a Câmara Municipal de Serpa, é uma plataforma de discussão sobre a actual produção documental que reúne realizadores, investigadores, técnicos e estudantes: cada filme é seguido por um debate, culminando, no dia de encerramento, num diagnóstico sobre "O estado do documentário em Portugal".
Um modelo particular que permite, por exemplo, que Sérgio Tréfaut, autor de "Outro País" e "Fleurette", apresente uma versão inacabada do seu projecto em torno da imigração, "Lisboetas" (sábado, 15h30). "Vou mostrar um 'work in progress'. Espero que haja uma discussão à volta do estado de impasse de um trabalho que ainda pode levar todos os caminhos possíveis", explica ao PòBLICO. "Quero confrontar-me com o material que já tenho e quero ouvir as pessoas." Nascido de uma proposta do Parc de la Villette para a exposição "Lisbonne/Lisboa" que decorre em Paris, "Lisboetas" é um olhar "panorâmico" sobre comunidades estrangeiras em Lisboa onde se confrontam, segundo Tréfaut, sentimentos contraditórios entre o facto de a imigração "corresponder a uma liberdade para se ser autor da sua própria existência e, ao mesmo tempo, não conseguir ultrapassar a sua condição de prisão". Em La Villette apresentou uma instalação-vídeo de 30 minutos, Serpa verá uma montagem de duas horas e meia.
Depois de um programa internacional em 2002, o Doc's Kingdom deste ano é dedicado a produções nacionais, num total de nove, que serão exibidas - mais de metade em estreia - na Galeria Vemos, Ouvimos e Lemos. O arranque é dado hoje, às 21h30, com "Rabo de Peixe", de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, sobre aquela comunidade de pescadores de São Miguel, Açores, uma das mais pobres do país.
A ideia de comunidade é o fio condutor de "Terra Longe" (sábado, 11h), do alemão Daniel-Emmanuel Thorbecke, sobre a vila de Chã das Caldeiras, junto do vulcão do Fogo, em Cabo Verde, "O Arquitecto e a Cidade Velha" (sábado, 21h30), de Catarina Alves Costa, sobre o projecto de reabilitação daquela zona da Ilha de Santiago, em Cabo Verde, por çlvaro Siza, e "Mercado do Bolhão" (amanhã, 11h), de Renata Sancho. Este último já valeu à realizadora o Prémio de Jovem Cineasta Português no último Festival de Curtas-Metragens de Vila do Conde e esteve em competição em Locarno, na Suíça: regista as rotinas daquele mercado do Porto sob a forma de retratos pessoais, deixando a sensação de que se caminha para o fim de qualquer coisa. É um "documentário de observação": "Tem um lado de espera de que as coisas aconteçam", diz Sancho. A espera vale a pena: por aqui desfilam pequenos dramas e comédias dos vendedores, entre preparativos para o S. João, a subida de preços, a adaptação ao euro, o Mundial de Futebol...
Completam o programa "Pintura s/ Título", de Luísa Homem, "Bitola", de Nuno Ventura Barbosa, "Da Natureza das Coisas", de Luís Miguel Correia (amanhã, 15h30), obras em torno de artistas plásticos e das suas exposições na Gulbenkian - respectivamente, António Sena, Francisco Tropa e Carlos Nogueira - e "O Que Pode Um Rosto", de Susana Nobre, que acompanha doentes de cancro ao longo das diferentes fases clínicas.
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