A comunidade internacional, nomeadamente os EUA,

Japão e Fundo Monetário

Internacional, aperta o cerco à ditadura indonésia.

Mais do que aspectos

políticos, sociais e humanos, são os económicos

que estão em rota de colisão com Jacarta onde,

desde ontem, se encontra

O primeiro director-adjunto do FMI chegou a Jacarta para contactos ao mais alto nível. Stanley Fisher foi recebido no aeroporto internacional e directamente conduzido ao Ministério das Finanças indonésio, onde iniciou conversações com o ministro Marie Muhammad.

O ministro responsável pelo Planeamento, Ginajar Kartasasmita, participou igualmente na sessão de conversações. As autoridades indonésias não revelaram qualquer pormenor sobre a visita de Fisher, anunciada no fim-de-semana passado em Washington pela instituição financeira internacional.

No entanto, Fisher referiu aos jornalistas que ia discutir com as autoridades ndonésias.os detalhes de um plano de reformas adoptar pelo regime indonésio e o financiamento internacional a essas reformas. O responsável do FMI não acrescentou mais pormenores.

Rodeada de secretismo está igualmente a chegada de uma delegação norte-americana de alto nível, conduzida por Lawrence Summers, o secretário-adjunto do Tesouro. Esta duas visitas ocorrem na sequência do agravamento da crise financeira, que leva a acreditar que a Indonésia será coagida a decretar a moratória da sua dívida externa.

As autoridades norte-americanas, que receberam o apoio do Japão, o primeiro credor da Indonésia, fizeram saber inequivocamente que Summers assegurará a protecção internacional da Indonésia, mas lembram aos seus interlocutores que os compromissos assumidos com o FMI são para cumprir.

De qualquer modo, reagindo a estes pressões, uma das principais figuras do Governo indonésio declarou que o FMI não ditará "as reformas que serão feitas na Indonésia".

Murdiono, ministro e secretário de Estado, declarou à Imprensa, no final de uma sessão de trabalho com Stanley Fisher, que "o Fundo Monetário Internacional não ditará as reestruturações e reformas que serão conduzidas na Indonésia".

"A apresentação do projecto de Orçamento mostra-o com evidência", acrescentou Murdiono, na qualidade de porta-voz do presidente Suharto.

O anúncio deste Orçamento na terça-feira passada - que diverge seriamente dos compromissos tomados pela Indonésia para poder beneficiar da ajuda do FMI - foi seguido de uma quebra brusca da moeda nacional (a rupia) que, em 48 horas, perdeu mais de 20% do seu valor, gerando o pânico na população.

Por seu lado, Fisher, primeiro director executivo adjunto do FMI, declarou aos jornalistas que as conversações "estão apenas no início e que é preciso tempo. A missão do FMI demorará alguns dias".

Sabe-se, entretanto, que o Governo da Indonésia anunciou a suspensão de 15 importantes projectos de infra-estruturas, devido a pressões internacionais para que adopte medidas de austeridade que contribuam para combater a crise financeira.

Os projectos, entre os quais se encontram auto-estradas, um aeroporto regional e fábricas de energia, foram submetidos a uma revisão em Setembro passado, antes dos problemas económicos se agravarem.

A decisão de suspender os projectos foi tomada à medida que as críticas feitas ao presidente, o general Suharto, iam aumentando.

Suharto é acusado de não cumprir as condições impostas pelo FMI para ssa forma poder defender negócios familiares e afectos ao regime. Mas as delegações do FMI e do Departamento do Tesouro norte-americano deslocaram-se à Indonésia precisamente para o convencerem da urgência de cumprir o programa de austeridade.

Os analistas atribuem o colapso da rupia ao incumprimento das reformas económicas exigidas pelo FMI. No entanto, apesar da depreciação da rupia, a Indonésia está disposta a prosseguir com o projecto de construção do primeiro avião de passageiros.

A Oposição indonésia intensificou a sua luta e reclama a demissão de Suharto. Ante o crescente descontantamento popular, não é de excluir que Suharto, desesperado, recorra a maiori repressão.