Santa Maria da Feira Encarna a Rigor o Espírito da Idade Média
Não se pede, à entrada, para desligar o telemóvel, nem para apagar os sinais da modernidade do olhar. Nada disso. Sente-se, isso sim, que a imaginação está prestes a pousar em tempos que já lá vão. Mal se põe o pé no centro histórico da cidade de Santa Maria da Feira, percebe-se que as músicas e centenas de personagens não são desta época. O rei D. João I mora, por estes dias, no castelo feirense, e Dona Filipa de Lencastre percorre hoje à tarde as ruas do burgo. Cavaleiros, damas, nobres, mendigos, mercadores, artesãos, cuspidores de fogo, malabaristas, compõem o cenário medieval. Em cada canto.
Ninguém escapa. Tantos os moradores da cidade que dão um toque do passado às suas habitações, como o próprio executivo camarário que se veste a rigor. O alcaide, ou melhor, o presidente da autarquia feirense visitou anteontem o burgo medieval, como manda a época. A Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, que se estende até ao próximo domingo, pede isso mesmo. Ou seja, que se encarne o espírito da Idade Média. E não é assim tão complicado. Os grupos de animação, portugueses e estrangeiros, são mestres criar essa ambiência, em envolver os visitantes. Há representações todos os dias da época de 1386 a 1392. Cozinha-se a lenha, os vendedores enfiam roupas "históricas", no ar há músicas antigas, danças estranhas, cheiros intensos de especiarias, os artesãos concentram-se no seu trabalho.
Na escadaria do edifício da Câmara Municipal, todos os dias, às 11h30, depois de várias actuações pela área da Viagem Medieval, ouvem-se cânticos a quatro vozes que não são deste tempo. O Grupo Polifónico da Cruz, da Feira, que actua em todo o País em eventos do género, encarrega-se de presentear o público com trechos dos séculos XIII a XV. Carlos Silva é um dos 14 elementos. Vestiu-se como ditam as regras, com um traje verde à nobre, onde não falta o chapéu, com uma pena, da mesma cor do fato. Porque é preciso estar como ilustram os figurinos do século XIV. "Esta Viagem Medieval é a mais imponente do País", ressalvava, tempo depois da actuação.
Mavilde Fernandes, de Vale de Cambra, colocava o pé pela primeira vez na Viagem Medieval. Tinha ouvido falar do evento e resolveu ver com os próprios olhos. "É muito giro, muito engraçado, excedeu as minhas expectativas". E tanto assim foi que a visitante gostava que a Viagem Medieval se prolongasse durante "todo o tempo de Verão". E, por isso, promete voltar nos próximos dias.
Castelo recebe festim
Há três anos que o espanhol António Pérez, que trabalha na Feira, passeia pelo evento. E este ano parece que a iniciativa o encanta ainda mais. "O espaço está maior e melhor do que nos outros anos", comentava, enquanto dava uma espreitadela para uma das barracas de especiarias. E é pelos "espectáculos e pelo ambiente" que regressa ao sítio medieval, ano após ano. É também esse "espírito e a festa" que puxam a jovem Milene Marques, de São João da Madeira, ao recinto da Viagem Medieval feirense. Há aspectos que na sua opinião, ainda mereciam um retoque mais medieval, nomeadamente a existência de mais velas para iluminar alguns cantos do evento. Mesmo assim, o ambiente dos brindes medievais e as encenações que bancam no burgo prendem-lhe a atenção.
O evento prossegue nos próximos dias com a cerimónia do casamento esta quarta-feira, às 22h00, nas escadarias da igreja da Misericórdia. Na sexta-feira, o castelo recebe o festim, às 22h00 e no domingo, último dia, o pano fecha com o torneio medieval, que terá lugar nas margens do Rio Cáster, às 22h00.
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