PCP acusa Governo de inscrever verbas simbólicas
para construções em Loures tão cruciais como o Hospital Distrital
A Concelhia de Loures do PCP alertou ontem, no âmbito de uma visita de deputados comunistas à zona oriental do concelho, para o facto de o Governo se preparar para fazer tábua-rasa dos protocolos assinados com o município no respeitante às anunciadas construções do Hospital Distrital, centro de saúde e posto da GNR de São João da Talha.
A inexistência no PIDDAC'98 de qualquer verba para resolver o problema da Quinta do Mocho, em Sacavém, foi outra das acusações deixada no ar.
Para Demétrio Alves, presidente da Câmara de Loures, os equipamentos e infraestruturas que o PIDDAC (Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) devia consignar para o concelho são tantos como 67, número que, segundo o autarca, espelha uma proposta credível e sustentável, "limada", portanto, de todas as obras não consideradas imprescindíveis ao funcionamento de um município habitado por cerca de 350 mil pessoas.
Recordando que uma grande parte dos equipamentos citados foram já contratualizados com o Governo e sublinhando que, este ano, o Estado contribuiu apenas - via FEF (Fundo de Equilíbrio Financeiro) - com cerca de dez por cento de um orçamento municipal que ascende a 40 milhões de contos. Entre as empreitadas urgentes já negociadas com o Executivo de António Guterres contam-se o Hospital de Loures, os quartéis-sede dos bombeiros de Sacavém e Pontinha, os postos da GNR de Caneças, Loures/Infantado e São João da Talha e as esquadras da PSP de Loures, Camarate, Sacavém, Santo António dos Cavaleiros e Póvoa de Santo Adrião.
Com a discusão do PIDDAC para 1998, já entregue na Assembleia da República, agendada para a primeira semana de Novembro, um grupo de parlamentares do PCP decidiu, ontem, ver "in loco", as zonas para onde estão projectados alguns dos equipamentos considerados imprescindíveis, aproveitando a ocasião para se encontrar com as representantes das estruturas locais, auscultando o "concelho real".
No final de uma visita que durou cerca de sete horas, os deputados comunistas prometeram levar à discussão do Orçamento de Estado (OE), na especialidade, a proposta de extensão do Metropolitano a Sacavém, passando por Moscavide e pela Portela, via Gare do Oriente, bem como a questão da construção do quartel de Bombeiros Voluntários de Sacavém, aludindo, ainda, à instalação das forças de segurança pública em São João da Talha e Santa Iria da Azóia.
O Grupo Parlamentar do PCP promete, igualmente, levar à AR a proposta de um novo posicionamento do Ministério da Saúde face à rede de Centros de Saúde, criando o prometido centro de São João da Talha e melhorando as actuais instalações da Bobadela, de Sacavém e de Santa Iria da Azóia.
Face aos números revelados pelos parlamentares, a Comissão Concelhia de Loures do PCP acusa o Governo de apresentar um "PIDDAC eleitoral", afirmando qu, em aspectos cruciais como a saúde e a segurança pública, o Executivo apresenta um sem-número de projectos com verbas simbólicas que não permitirão executar o que quer que seja, autorizando apenas "a já estafada operação de propaganda com ministros e secretários de Estado ao lado de candidatos do PS, a garantirem inscrições em PIDDAC de obras virtuais".
Como exemplos, a concelhia cita os prometidos Hospital Distrital de Loures, com uma verba inscrita de 50 mil contos, e o Centro de Saúde de São João da Talha onde o Governo prevê um investimento de 12 mil contos.
Os valores de investimento previstos para a construção dos postos da GNR de São João da Talha (15 mil contos) e de Santa Iria da Azóia (cinco mil contos) são classificados como "ridículos" e mostram, no dizer do PCP de Loures, a atitude pouco séria da proposta de investimento da administração central.
No que respeita a verbas para a resolução do problema da Quinta do Mocho (urbanização inacabada na qual vivem, sem infra-estruturas, cerca de cinco mil pessoas) e para a construção do novo quartel dos Voluntários de Sacavém, pura e simplesmente não estão previstas.