Nas vésperas das legislativas
Joel Hasse Ferreira
A vitória do PS nas próximas eleições legislativas parece tão clara que devemos estar muito atentos à necessidade de fortíssima mobilização para que toda a gente vá votar. As perspectivas antecipadas de vitória têm este risco: a hipótese de se facilitar excessivamente.
A votação no PS terá que ser muito significativa para que o próximo Governo de António Guterres não venha a sofrer os efeitos das coligações negativas que frequentemente ocorreram na Assembleia da República, impedindo ou dificultando a concretização de medidas significativas. A experiência ganha durante esta legislatura com a acção governamental, parlamentar e na Administração Pública, merecendo um forte apoio popular, permitirá uma governação ainda mais eficaz, no sentido de uma mais aprofundada concretização de uma política de desenvolvimento económico, de solidariedade social, de equilíbrio financeiro, de promoção do emprego, de aperfeiçoamento dos sistemas de saúde e de cooperação internac ional.
Apesar de o nosso esforço, nos últimos dias, se dever centrar no combate ao principal adversário, a abstenção, há propostas oposicionistas que não podem passar sem reparos.
A fragilidade e superficialidade das propostas eleitorais do PSD evidencia-se nos próprios cinco compromissos eleitorais apresentados. Para além da inconsistência e incoerência das propostas feitas no domínio económico e na área fiscal, o patético compromisso relativo à melhoria do ensino das ciências e da matemática é simultaneamente uma autocrítica quanto à ineficiência de boa parte da governação do PSD na educação e uma reposta tíbia e frouxa ao inovador Programa do PS no domínio da sociedade da informação e da comunicação. Os generais do PSD estão com uma guerra de atraso.
Quanto ao Programa do PCP, evidencia-se com clareza a sua ambição de estatizar a economia. Para além do conjunto de propostas anódinas ou banais e de outras vagas ou de difícil concretização, o PCP propõe «o fim do processo de privatizações, incluindo o cancelamento imediato de todos os processos em curso» bem como «o reforço do papel do Estado nos sectores básicos e estratégicos, reapreciando inclusive privatizações que ultrapassaram os 50% do capital das empresas». Enfim, o que os comunistas portugueses pretendem é voltar a criar turbulências negativas na economia, reduzir o emprego e que se abandone o conceito de Estado regulador de uma sociedade desenvolvida e solidária para o de Estado-patrão numa sociedade que retomaria o caminho do colectivismo. A quem redigiu o Programa Eleitoral do PCP, não chegaram ainda as notícias da queda do muro de Berlim.
Toda esta análise bem como a reflexão sobre a estratégia e o funcionamento do Governo do PS, dirigido por António Guterres, devem ser elementos complementares de mobilização para uma vitória eleitoral. Que os cidadãos afirmem nas urnas o seu desejo de entrar no próximo milénio com um governo e uma política de solidariedade e de desenvolvimento.
«Os portugueses querem um governo PS por quatro anos
e não um governo que possa ser derrubado por uma coligação
negativa do PSD, PCP e PP por muito diferentes
que sejam as suas políticas»
«Há alguém em Portugal que imagine que eu seja capaz de construir
um poder absoluto e usar esse poder absoluto
contra os direitos dos cidadãos?»
«A única coisa que une os partidos da oposição,
nesta campanha, foi gasta a dizer mal de mim e do PS»
«Em dez anos, o PSD fez zero, zero, zero»
«Quem é que vai dar lições de democracia a um Presidente
da República chamado Jorge Sampaio? Quem vai ensinar a liberdade
a um presidente da Assembleia da República chamado Almeida Santos?
Quem vai dar lições de tolerância e de humanismo a um primeiro-ministro
chamado António Guterres?»
Manuel Alegre
«Não venham agora os herdeiros daqueles que enforcaram e decapitaram
dar lições àqueles que no PS são os herdeiros das revoluções
liberal e republicana, de tudo o que há de melhor na tradição
do pensamento livre em Portugal»