em que entrou nesta Assembleia uma moção de censura ao Governo, já o PRD tinha anunciado e publicitado essa moção de censura. Poucas horas passadas, já o PRD e o PCP...
Vozes do PRD: - Ah!
O Orador: - ... tinham feito a sua análise e publicitado o seu voto a favor da moção de censura.
O PS, uma semana antes do dia 27 de Março, começou as suas reuniões, as suas conferências de imprensa, o envio das suas cartas-ultimato, dizendo que se o PSD não quisesse conversar consigo, votaria contra a moção de censura.
Vozes do PS: - A favor!
O Orador: - Exacto, a favor da moção de censura.
O Sr. Alexandre Manuel (PRD): - Não se engane, Sr. Ministro, não se engane...!
O Orador: - Quando erro corrijo-me sempre, Srs. Deputados.
Aplausos do PSD.
Nestas circunstâncias será este debate minimamente esclarecedor? Estaremos a assistir a um julgamento falacioso com sentença pré-fabricada? Este processo dignifica a Assembleia da República?
O Sr. José Magalhães (PCP): - Dignifica!
O Orador: - Será ofensivo para este Parlamento? Terá falta de sentido de Estado este processo?
Nesta cronologia e nas circunstâncias que acabei de expor, deixo a análise e a resposta para V. Ex.ª, Sr. Presidente da Assembleia da República.
O Sr. Presidente: - Certamente que V. Ex.ª não desejará que eu o faça!
Aplausos do PS, do PRD, do PCP e do MDP/CDE.
O Orador: - Não ouvi, Sr. Presidente. Pedia-lhe o favor de repetir o que disse.
O Sr. Presidente: - Sr. Ministro, dada a sugestão que V. Ex.ª tinha feito, referi que, certamente, não desejaria que eu fosse dar essa resposta.
Aplausos do PS, do PRD, do PCP e do MDP/CDE.
O Orador: - A resposta, Sr. Presidente, é com V. Ex.ª é a resposta de um deputado eleito pelo distrito de Braga, que também é deputado, embora com suspensão de mandato.
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Sr. Carlos Lilaia (PRD): - E não é! Há aí uma confusão muito grande!
O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Se estamos a discutir uma moção irresponsável e inoportuna - como já a classificou o líder de um dos partidos desta Assembleia -, se este debate, pelas posições já assumidas, não foi minimamente esclarecedor, ele serve pelo menos para termos a oportunidade de analisar as posições criadas pelos fundadores da «frente popular» e seus potenciais integrantes.
O PCP, no seu caminho habitual de ortodoxia imobilista, luta pela sobrevivência.
Vozes do PCP: - Olhe que não!
O Orador: - Enfraquecido em eleições sucessivas, não conseguindo mobilizar os portugueses para grandes política;, nem os seus caciques para manifestações subversivas ...
Vozes do PSD: - Muito bem! Protestos do PCP.
O Orador: - .... grita e suja as paredes, continuando as suas mentiras.
O Sr. José Magalhães (PCP): - É baixo, é baixo!
O Orador: - Julga certamente, como o julgava o Dr. Goebbels, que a mentira repetida produz verdade. Só que se esquece que já não estamos na Alemanha de Hitler ou na Rússia de Estaline!
Aplausos do PSD. Protestos do PCP.
O Sr. José Magalhães (PCP): - Estamos em Portugal e há ministros que são uma vergonha!
O Orador: - O PCP, enfraquecido, desde há muito que procura uma muleta. Ainda me lembro quando o senhor de cabelos brancos dizia com insistência: no quadro político português ainda há lugar para mais um partido.
O PCP fomentou, apoiou e ajudou a criar o PRD.
Aplausos do PSD. Protestos do PRD.
Infiltrou-o com alguns inocentes à mistura, convenhamos - e transformou-o, no momento adequado e a seu bel-prazer, no seu novo MDP/CDE.
Aplausos do PSD.
Protestos do PRD.
O Sr. Alexandre Manuel (PRD): - Tenha vergonha!
O Orador: - Ao velho MDP/CDE, já sem prestígio político e nos últimos tempos tornado rabugento, mandou-o para casa sossegado.
Risos do PSD.
Srs. Deputados, há muito que o PCP queria a queda do Governo e a formação de uma «frente popular» - todos o ouvimos. Tinha chegado a hora para que o PRD desempenhasse o papel para que tinha sido criado. Da a ilusória iniciativa da moção de censura do Partido Renovador Democrático.
Mas não nos preocupemos, Srs. Deputados, com o PRD. Já se ouve para aí dizer que é a nova caserna do velho MFA...
Aplausos do PSD.