Sony Librié

%Henrique Carreiro

De entre todas as categorias de produtos informáticos, os livros electrónicos têm sido certamente dos que mais consistentemente têm falhado no mercado. Apesar das previsões de que o papel dos livros e dos jornais estava condenado - uma vez que, em breve, toda a gente teria apenas um dispositivo único capaz de fazer as vezes dos meios tradicionais -, o facto é que a pura lógica económica tem impedido que os dispositivos leitores de livros electrónicos tenham até agora obtido qualquer posição significativa.

Os livros e os jornais em papel têm preços imbatíveis se comparados com os dispositivos electrónicos, não precisam de bateria para funcionar e, em geral, as suas páginas oferecem melhor legibilidade que os usuais ecrãs de cristais líquidos. A obtenção dos conteúdos tem também sido problemática, dado que os fabricantes, para se protegerem da pirataria, têm também dificultado o acesso a quem, com intenções legítimas, pretende obter os livros ou as notícias.

É, por isso, com alguma expectativa que assistimos a mais uma tentativa de lançamento de uma plataforma de livro electrónico que obriga à aquisição de um novo dispositivo de leitura. Mas, desta vez, ao contrário do que aconteceu no passado, não são pequenas "startups" que estão por trás deste projecto mas as poderosas Sony e Philips, que cada vez mais aparecem associadas neste tipo de projectos que permitem desbravar novos mercados.

No final de Março, a Sony anunciou no Japão o seu leitor de livros electrónicos, a que deu o nome de Librié. Nenhuma empresa se atreveria, nesta altura, a lançar uma plataforma destas se não tivesse alguma grande novidade na manga. E a Sony tem: nada menos que um ecrã totalmente novo, baseado numa tecnologia de tinta electrónica que promete muito maior facilidade de leitura do que os ecrãs correntes baseados em cristais líquidos. O ecrã é produzido pela Philips, com a tecnologia de uma empresa denominada E Ink, e trata-se, na realidade, de um avanço enorme face a iterações anteriores.

Para começar, não necessita praticamente de energia, o que lhe permite trabalhar apenas com pilhas AAA. Segundo os fabricantes, podem ser viradas até 10 mil páginas electrónicas antes de ser necessário mudar as quatro pilhas do dispositivo. As dimensões são idênticas às de um livro comum, com uma espessura de 13 mm e um peso de 190 gramas. O contraste, afirma a Philips, é idêntico ao de uma folha de papel e o ecrã pode ser igualmente visto quer à luz directa do sol quer em ambientes menos iluminados. A resolução actual é de cerca de 170 pontos por polegada, o que, sem ser qualidade de revista, é perfeitamente aceitável. O dispositivo funciona com descarregamento de conteúdos a partir da Internet e os fabricantes afirmam que pode conter até 500 livros, embora a dimensão destes esteja omissa.

A tecnologia desenvolvida pela E Ink permite o fabrico dos ecrãs como se fossem páginas impressas num substrato de plástico especial. A tinta para impressão destas páginas é constituída por esferas microscópicas, dentro das quais se encontram cargas, que são atraídas ou repelidas quando é aplicada uma tensão eléctrica, originando assim que sejam escurecidas ou não. O fabrico do ecrã poderá, assim, ser massificado muito mais rapidamente que o dos (mais complexos) LCD, prevendo-se a possibilidade de ser produzido a preços mesmo atraentes.

O Librié será comercializado já neste mês de Abril e o seu percurso comercial será, decerto, observado com a maior atenção não só pela indústria da electrónica de consumo como, sobretudo, pelo mundo editorial, que terá que ver de perto se este será finalmente o verdadeiro empurrão para uma indústria de livros electrónicos.

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