Dezassete bispos, dois dos quais galegos, um metodista e outro anglicano,
na tomada de posse de D. José Pedreira
Uma multidão de fiéis, incluindo o representante do Núncio Apostólico, 17 bispos e mais de duas centenas de sacerdotes e seminaristas, além de figuras públicas da região, do governador civil a deputados e autarcas, associaram-se, ontem à tarde, à tomada de posse do novo prelado da diocese de Viana
do Castelo, D. José Augusto Pedreira, natural do concelho de Valença. Os sinos repicaram de júbilo, a Sé revelou-se exígua para acolher tão elevado número de pessoas, pelo que, ao lado do templo, foi montado um ecrã gigante, possibilitando, assim, que todos acompanhassem as cerimónias.
"Dedicar-me-ei por igual a todos. A única diferenciação que podem esperar de mim será uma atenção preferencial para com os mais sofredores: os doentes, pobres, desprotegidos, desempregados, excluídos sociais, grupos de risco", destacou, à homilia, o novo prelado vianense. Na mesma intervenção pastoral, o bispo referiu-se à família, como célula básica da sociedade, "lugar privilegiado do despertar e do crescimento da fé", prometendo-lhe acompanhamento atento "para que possa vencer os ventos adversos que sobre ela sopram de vários quadrantes". Quanto aos leigos na Igreja, garantiu igual atenção à acção pastoral e ao associativismo, tomando em conta "a equidade devida pela diferença dos serviços prestados à comunidade por essas instituições".
No tocante à "vida de especial consagração" (religiosos e instituições seculares), prometeu estímulo e apoio. A propósito, observou que a Igreja local conta apenas com 30 religiosos e 140 religiosas, "a maior parte dos quais já fora da vida apostólica activa em virtude de avançada idade".
Antes, D. José Augusto Pedreira falou da história da diocese, processo que remonta ao reinado de D. João III, em 1545 (30 anos após a integração na arquidiocese de Braga), do novo pedido, em 1920, dirigido à Santa Sé, posteriormente retomado três vezes, até que, finalmente, em 1977, se verificou a sua criação.
A diocese vi anense conta 292 paróquias, 10 arciprestados (correspondentes aos concelhos), 194 sacerdotes diocesanos e 30 religiosos. A média etária do clero, precisou, ronda 52,95 anos.
O prelado, terceiro bispo da diocese vianense, aludiu à obra dos antecessores, D. Júlio Rebimbas, bispo resignatário do Porto e D. Armindo Coelho, seu sucessor. Quanto ao primeiro, destacou a promoção do restauro do convento de S. Domingos, onde funciona a Cúria e os serviços pastorais, enquanto no mandato de D. Armindo Coelho avulta a edificação do novo seminário, dando também início ao restauro da casa denominada Associação Patriótica Nun'Alvares, onde funcionará o Instituto Católico.
Relativamente à Casa Episcopal (paço), D. José Augusto Pedreira disse não estar preocupado. "Alguém pensou nesse problema, tomando a iniciativa de dar os primeiros passos para colmatar essa carência. Até que isso aconteça, pela minha parte, espero sentir-me muito bem no quarto e apoios condignos existentes no Centro Pastoral Paulo VI, em Darque".
Na primeira mensagem ao "povo de Deus", o prelado vianense saudou as autoridades do distrito e locais, a todas prometendo "disponibilidade para colaboração leal em favor de toda a população", ao mesmo tempo que solicitou "igual cooperação para realizar a missão que me foi confiada". "Se para vós sou bispo, serei com todos vós um irmão", vincou.
O cortejo saiu da instituição da Caridade, próxima dos Paços do Concelho (em frente ao quartel dos Bombeiros Voluntários). Além de dignitários da Igreja e restante clero, destacava-se a presença de numerosos conterrâneos do bispo (muitos deslocaram-se de autocarro). À sua chegada, cumprimentou individualmente dezenas de valencianos, tratando-os pelo nome e, até, recordando alguns episódios. Vários grupos de escuteiros abriram o desfile, depois de aguaceiro passageiro que não chegou a incomodar. As varandas estavam engalanadas com colchas, com realce para as dos Paços do Concelho. As ruas encontravam-se repletas de gente, mais densa entre a Praça da República e a Sé, já superlotada pelos fiéis que, mais cedo, reservaram lugar. Foi difícil o cortejo romper a multidão, apinhada em todas as naves. À porta do templo, artístico tapete em pétalas naturais esperava-o. Graças à tecnologia, quem desejou acompanhar ritos e cânticos não teve necessidade de suportar maçadas ou sufocos. Os chuviscos só regressaram quando as cerimónias estavam a terminar.