Festa das Crianças Não Fez Esquecer Crise de Vendas
Os insufláveis, os espantalhos multicolores e as filas de crianças de mãos dadas que se "atropelavam", ontem, em frente ao Pavilhão Rosa Mota, anunciavam que a 74ª edição da Feira do Livro do Porto comemorava uma jornada especial. Ao mesmo tempo que as crianças celebravam o seu Dia Mundial, os comerciantes manifestavam o seu desagrado face ao decréscimo do número de vendas.
A maioria dos vendedores ouvidos ontem pelo PÚBLICO na feira portuense confirmou a quebra já constatada, na semana passada, na edição lisboeta (ver edição de 29/05). António Novais, responsável pelo "stand" da Estampa, lembrando que já no ano passado se tinha registado uma quebra de cerca de 20 por cento em relação a 2002, disse que na edição deste ano a curva continua a ser descendente.
Na Verbo, o cenário era idêntico. "Em termos de vendas, está bastante mais fraco do que no ano passado", referiu Jorge Geraldes, um dos funcionários da editora. E, na Areal, o sentimento era similar: "Este ano tem corrido um bocadinho pior do que nos anos anteriores", sublinhou Carmen Henrique.
Este balanço pessimista foi confirmado por Francisco Madruga, da direcção da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) e também responsável da comissão organizativa, referindo estarem a verificar-se quebras entre os 20 e os 40 por cento em relação ao ano anterior, e também "uma redução significativa" do próprio número de visitantes.
Os vendedores são unânimes em atribuir a culpa às dificuldades económicas do país, mas salientam também outros factores, como uma publicitação menos conseguida e o facto de a feira ter este ano começado mais cedo do que é habitual, antes das pessoas receberem os seus ordenados.
Francisco Madruga contesta a crítica à divulgação, realçando que para além dos instrumentos publicitários utilizados no ano passado, "a organização colocou publicidade em todas as faculdades do Grande Porto", para além de ter também apostado na "publicidade estática" nas paragens dos transportes colectivos da cidade. O responsável da APEL acrescenta ainda que, no geral, a cobertura mediática da feira tem sido superior. E, quanto à antecipação da abertura, refere que, "se isso for verdade, os dias que faltam vão ser um 'boom'".
Investimento nos
Mas nem só de objectivos comerciais se falou ontem no Pavilhão Rosa Mota. Celebrou-se também o Dia Mundial da Criança, cumprindo-se um programa que envolvia a representação da peça "História do Macaco de Rabo Cortado", pela Companhia de Teatro Itinerante "Os Últimos", um espectáculo de teatro de fantoches e um "rally paper". Andar à procura de respostas a questões sobre literatura junto das bancadas das editoras - um questionário elaborado pela Biblioteca Infantil -, poderia não entusiasmar toda a gente. Como incentivo, foi distribuído um livro a cada participante.
Para Joana Miranda, professora na Escola Profissional do Infante, a associação deste tipo de eventos a comemorações como a que se estava a viver é "uma mais-valia", já que se trata de um "investimento em futuros compradores". "É bom porque incentiva as crianças a ler", remata a estudante Alexandra Lage, do 1º ano de Comunicação.
Entretanto, no programa foi cancelado o encontro "Autor/Leitor" que hoje à tarde deveria reunir Mário Soares e Manuel Alegre. Segundo a organização da feira, o cancelamento deveu-se à necessidade de Manuel Alegre ficar na Assembleia da República, onde é um dos vice-presidentes, já que o Presidente, Mota Amaral, vai hoje visitar... a Feira do Livro de Lisboa. Em contrapartida, a feira do Porto vai contar, na tarde (15h) do próximo sábado, com a visita de José Saramago, que não estava prevista.
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