apenas de quatro deputados, é a voz tribunícia de muitos dos eleitores que puseram VV. Ex.ªs no Governo, com a posição confortável de que desfrutam.
Vozes do CDS: - Muito bem!
O Sr. Raul Rego (PS): - Esse pecado ninguém lhe tira!
Risos gerais.
Uma voz do PSD: - É um pecado venial!
O Orador: - Sr. Ministro, V. Ex.ª disse, voltando-se para a minha bancada e para mim que eu não sei o que digo - e assumo essa responsabilidade. Podia talvez retribuir o mimo, Sr. Ministro, mas entendo que nestes debates há regras de urbanidade e prefiro dizer o contrário: V. Ex.ª não diz tudo o que sabe,...
Risos do CDS.
O Orador: - ... o que é complicado e grave, como iremos porventura constatar ao longo do debate.
Ao contrário de mim, V. Ex.ª sabe tudo o que diz e sabe tudo.
É pena, Sr. Ministro, que não tenha sabido prever a evolução de algumas das principais variáveis económicas no ano que está agora a chegar ao seu termo. É pena que isso tenha acontecido.
E pena que V. Ex.ª não tenha conseguido prever que o consumo privado, em vez de crescer 3,4% , tenha crescido 6,8%; é pena que o investimento, formação bruta de capital fixo, em vez de 9,5%, tenha crescido 16%, que a procura interna, em vez de 4,4% , tenha crescido 8,1%, que as importações, em vez de subirem 6,5%, tenham subido 20%, que o produto, em vez de 4%, tenha crescido apenas 5% - mas já lá vamos, Sr. Ministro. É pena que a inflação não se tenha contido nos 8,5%, mas tenha passado para 9,3%, como tudo leva a crer irá acontecer.
No fundo, Sr. Ministro, toda esta deficiência de capacidade de cálculo e de previsão levou-nos ao grande problema com que nos defrontamos neste momento, ao discutirmos o Orçamento, e com que também VV. Ex.ªs se defrontam, que é a existência de um crescimento elevado da procura e um pequeno crescimento do produto.
É essa a derrapagem que V. Ex.ª não conseguirá esconder. É esse o grande problema, que determina a grande opção que V. Ex.ª tem de tomar, que toma e de que maneira!
E é sobre isto que lhe coloco uma pergunta: é ou não verdade que V. Ex.ª toma essa opção, pretendendo contrair a economia e fazendo-o, fundamentalmente, à custa dos contribuintes, empresários e trabalhadores e não à custa de moderação das despesas e dos gastos do próprio Estado? Isto é, Sr. Ministro, continua tudo na mesma? É ou não verdade isto?
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, já terminou o seu tempo.
O Orador: - Sr. Presidente, peço-lhe que me conceda só mais um segundo.
O Sr. Presidente: - Está bem, Sr. Deputado, mas há dificuldades do sistema em lhe dar o som.
O Orador: - Também acho, Sr. Presidente, que são dificuldades do sistema.
Risos gerais.
Vozes do CDS: - Muito bem!
O Sr. Presidente: - Dificuldades dos sistema sonoro, é claro!
O Orador: - Estou inteiramente de acordo, Sr. Presidente, são dificuldades do sistema, a que o Sr. Ministro das Finanças não consegue pôr termo.
Sr. Ministro, apesar de tudo, apesar desses grandes sacrifícios que vai impor a quem eu já disse, num mundo que é de maré de rosas para V. Ex.ª, vai também conseguir com que o investimento cresça 8%, em vez de 16%? Como é que, nessa perspectiva, V. Ex.ª vai conseguir resolver o grande bloqueamento que é a falta de crescimento do produto.
O Sr. Presidente: - Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.
Vozes do PS: - Muito bem!
O Orador: - ... que tiveram de ultrapassar obstáculos que V. Ex.ª não soube nem era capaz de ultrapassar se, ao tempo, fosse ministro.
Vozes do PS: - Muito bem!
O Orador: - V. Ex.ª deve ter mais comedimento nas suas afirmações, nomeadamente por nem sequer ter ressalvado o primeiro Governo da Aliança Democrática, que era um Governo maioritário - como seu governo -, presidido pelo Dr. Sá Carneiro, em que o seu actual Primeiro-Ministro era Ministro das Finanças na altura.
Pergunto ao seu Primeiro-Ministro se perdeu tempo nesse governo, pergunto-lhe se foi um governo de