Enquadramento

Económico e Financeiro

Relatório do Conselho de Administração Mercado Monetário e Cambial

Durante o primeiro trimestre de 1995 verificaram-se sucessivos ataques especulativos contra as moedas mais fracas dos países da União Europeia (Lira italiana, Franco francês, Peseta e Escudo), que obrigaram a fortes intervenções do Banco de Portugal no mercado cambial em defesa da moeda nacional e a um realinhamento do Sistema Monetário Europeu em 6 de Março, com a desvalorização das cotações médias do Escudo em 3,5% e da Peseta espanhola em 7%. Estes ataques especulativos retiram-se, embora com menor intensidade, no final do segundo trimestre ano, na sequência de dúvidas levantadas relativamente à capacidade da maioria dos países em cumprir os critérios de convergência e assim aderir à moeda única em 1999.

O valor do Escudo, medido pelo Índice da Taxa de Câmbio Efectiva, terminou o ano de 1995 sensivelmente ao mesmo nível que apresentava no final de 1994 (a média mensal de Dezembro de 1995 foi de 84,79 contra 84,57 no mês homólogo do ano anterior), tendo atingido em 23 de Março e em resultado dos ataques especulativos já referidos, o seu máximo do ano de 86,92.

Esta evolução do mercado cambial e a política de actuação do Banco de Portugal determinaram a evolução das taxas de juro de curto prazo que registaram significativa volatilidade em Março, tendo a taxa média de overnight atingido o seu máximo de 11,4877% no dia 9 de Março de 1995.

Após a referida desvalorização do câmbio médio do Escudo no SME verificou-se a redução das pressões especulativas sobre moeda nacional, o que, conjugado com a continuada redução da taxa de inflação em Portugal e com os cortes significativos nas taxas de juro efectuadas pelos Bancos Centrais dos principais países da União Europeia, veio permitir ao Banco de Portugal efectuar igualmente sucessivos cortes das suas taxas de juro de intervenção.

No mercado monetário interbancário as operações até 5 dias, directamente relacionadas com os períodos de constituição das disponibilidades mínimas de caixa, continuaram a ter um peso significativo no total das transacções desse mercado, tendo registado ao longo do ano de 1995 uma média mensal de 2.055 milhões de contos, inferior à média verificada em 1994, que foi de 2.860 milhões de contos, e representado 70,6% do total das operações efectuadas.

As taxas de juro de referência do mercado doméstico tiveram comportamentos semelhantes, tendo atingido os seus valores máximos do ano em Março, decrescendo posteriormente até ao final do ano, quando atingiram o seus valores mínimos. A título exemplificativo refira-se que a LISBOR a 3 meses em 30 de Dezembro de 94 era de 10,6565%, tendo atingido o seu máximo de 12,4375% em 8 de Março e o seu mínimo de 8,875% em 29 de Dezembro de 1995.

De referir igualmente a aproximação dos valores das taxas de referência de curto prazo (até um ano) que se verificava no final do ano.

Ao nível dos principais países da OCDE a tendência de descida das taxas de juro de curto prazo foi análoga à verificada em Portugal, embora as taxas de juro nominais e reais no nosso país se encontrem já ao nível de países como a Espanha e a Itália, mas ainda bastante acima das verificadas em países como a Alemanha, Estados Unidos e França.

A taxa Base Anual teve um comportamento semelhante ao já referido para as outras taxas de referência, tendo atingido o seu máximo anual de 11,134% em 10 de Abril de 1995 e o mínimo de 8,8589% em 29 de Dezembro de 1995.

O saldo vivo de Bilhetes de Tesouro manteve-se relativamente estável ao longo do ano de 1995, sendo o valor no final de Dezembro análogo ao verificado no mês homólogo de 1994, cerca de 1,3 mil milhões de contos, tendo atingido o seu máximo de 1,5 mil milhões de contos no final de Junho.

A redução das taxas de juro de curto prazo e a ausência de tendências inflacionistas, criaram condições para uma descida significativa das taxas de juro de longo prazo e, por arrastamento, a uma descida acentuada dos yields das obrigações de taxa fixa internacionais e nacionais, o que permitiu a obtenção de significativas mais valias, tal como sucedera em 1993, ao nível das carteiras dos investidores institucionais.

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