Passadas mais de 48 horas do atropelamento mortal que colocou a urbanização de Vila D'Este, em Vilar de Andorinho, Vila Nova de Gaia, debaixo de um clima de tensão, o presumível condutor do veículo envolvido no caso foi detido pela polícia. O suspeito, de 54 anos e residente na urbanização, terá voluntariamente comparecido perante as autoridades e foi ouvido ontem pela Polícia Judiciária. Ao que tudo indica, o indíviduo terá alegado que o atropelamento foi acidental, justificando a fuga com "medo de represálias", e deverá ficar detido preventivamente. Ontem, a PJ ouviu também dois moradores de Vila D'Este que asseguram ter testemunhado, na madrugada de domingo, "um atropelamento premeditado e intencional".
As velas em copos vermelhos continuam acesas no chão da Rua de Vila D'Este onde, na madrugada de domingo, foi encontrado o corpo de Domingos Miguel, de 24 anos. Os amigos da vítima, que nos últimos dois dias prometeram "justiça pelas próprias mãos" numa revolta justificada pela alegada "ineficácia da polícia", continuavam ontem à tarde a dar voz a um protesto de luto na rua. "Dizem que ele foi detido. Mas só ver para crer", afirmavam, incrédulos perante a notícia da detenção. "Ele vai dizer que fugiu com medo de represálias. Mas então porque é que não foi directamente para o posto da GNR mais próximo para se entregar?", questionam, reunidos em grupo à entrada de um prédio da urbanização. E mesmo admitindo que a detenção se tenha verificado, os "irmãos" de "Boneco" - como era conhecido Domingos Miguel - não se dão por contentes. "É melhor não dizerem onde nem quando é o julgamento porque pode haver problemas", avisam, acrescentando que "a morte de uma pessoa não pode ficar por uma prisão de meia dúzia de anos". Independentemente do desfecho que o caso tenha na justiça, os amigos da vítima são unânimes numa questão: "O 'assassino' não pode voltar a Vila D'Este".
O caso trágico que acordou a urbanização de Vilar de Andorinho para dias conturbados terá sido despoletado com uma discussão no café entre Domingos e o indivíduo de 54 anos que ontem se apresentou às autoridades. O atropelamento aconteceria pouco depois da zanga, cerca da uma e meia da madrugada, na urbanização, depois de a vítima ter levado a mulher e os filhos a casa. Testemunhas que se encontravam no local asseguram que o atropelamento "não foi acidental, foi intencional". "Atropelamento com fuga", referia fonte da GNR de Canelas, os primeiros a chegar ao local, que admitia, no entanto, a possibilidade de se estar perante "um gesto propositado". O presumível condutor acabaria por abandonar o local num táxi, com a família. Para trás ficaria o seu sobrinho que, no posto da GNR, terá, inicialmente, assumido que era ele que conduzia o veículo. O indivíduo, que, alegadamente, apresentava uma alta taxa de álcool no sangue, foi identificado como passageiro pelos moradores que dizem ter testemunhado o atropelamento. A longa madrugada de domingo prolongou-se até cerca das seis da manhã, com os distúrbios causados pelos amigos da vítima revoltados com a polícia. Ainda no domingo, durante a tarde, um significativo dispositivo policial voltava a Vila D'Este por causa de distúrbios. Dois carros, que pertenceriam ao alegado condutor, eram destruídos, um deles incendiado. A zona continuava ontem a ser patrulhada pela polícia. Um reforço de vigilância, aliás, que os moradores de Vila D'Este reclamam há já muito tempo e que acaba por se concretizar pelos piores motivos.
O corpo de Domingos Miguel, terá sido levado ontem do Instituto de Medicina Legal para a Igreja de Cedofeita e deverá seguir hoje para Lisboa, sendo posteriormente transportado para Angola, num processo que será assumido pelo Consulado do país de origem da vítima.
ARS-Norte recua na transferência compulsiva de crianças com cancro para IPO
Mais quatro peças para desatar o Nó de Francos
Rui Rio "chama" Rui Sá para resolver realojamentos de 200 famílias
Imoloc vence primeiro "round" dos tribunais contra Câmara do Porto
Presumível autor do atropelamento mortal em Vila D'Este entregou-se à polícia
Centro Hospitalar de Gaia "recusa" visita da Ordem dos Médicos
Vila do Conde quer retomar obras na marginal em Abril
Câmara da Póvoa aprova projecto imobiliário da Quintas &Quintas
Fábrica de calçado encerra e deixa 30 operários à porta