"Sá Carneiro é o meu farol político"

A tomada de posse do novo presidente da Câmara da Figueira foi no mesmo dia em que o líder do PPD/PSD subiu ao Poder

Fernando Madaíl

Lusa-Paulo Novais

Santana Lopes escolheu uma data simbólica para ser investido como presidente da Câmara da Figueira da Foz. "Há precisamente 18 anos, era empossado o VI Governo Constitucional, o primeiro presidido por Francisco Sá Carneiro", sublinhava, ontem à tarde, o novo autarca figueirense.

A evocação do mítico líder do PPD/PSD, como explicaria no seu discurso de improviso, perante uma multidão que extravasava do salão nobre dos Paços do Concelho para a escadaria da entrada, foi apenas uma forma de lhe prestar "uma pequena homenagem".

Evitando a comparação entre as duas tomadas de posse, "o que seria pretensioso", Santana Lopes dizia que "o exemplo de Sá Carneiro é o meu farol político".

Ao longo da sua intervenção, Santana aproveitava para lançar um apelo no sentido de os observadores e analistas se manterem tranquilos. No final, em conversa com os jornalistas, explicava melhor essa sua tirada. "Quando se aproxima um congresso, já sei como é. Começam a aparecer "n" notícias falsas sobre o que fiz, vou fazer ou não quero fazer. Espero que não publiquem nenhuma notícia sobre mim, porque não vou fazer rigorosamente nada e essas informações, depois, caem no ridículo", declarava. Santana Lopes admite que irá naturalmente ao próximo congresso - se for eleito delegado pela Figueira da Foz, onde se refiliou -, mas, ao contrário do que sucedeu nas duas últimas reuniões magnas dos sociais-democratas, "não estou a preparar nada".

"O meu trabalho é aqui", reafirmaria, para contestar mais uma vez os que sempre olharam para a sua candidatura naquele concelho tradicionalmente socialista como um mero "trampolim". Além disso, o facto, "inédito na história do poder autárquico em Portugal, de alguém, sem ligação efectiva a uma terra, ser eleito presidente da câmara", traz-lhe, na sua leitura, responsabilidades acrescidas.

De resto, adiantaria mesmo que os problemas do sector das pescas, tradicional no concelho, vão ter de ser repensados, inclusivamente no âmbito nacional e comunitário.

A sessão solene de transferência de poderes seria presidida pelo seu opositor na disputa eleitoral, pois o socialista Carlos Beja era, até ontem, o líder da Assembleia Municipal da Figueira da Foz - Duarte Silva, em detrimento de Manuel Alegre, também era empossado no novo cargo.

Na cerimónia, em que Santana Lopes juntou "alguns amigos que me prezo de ter", havia uma galeria de nomes, desde os autarcas Valentim Loureiro, Jaime Soares e José Raul, passando por figuras do partido, como Conceição Monteiro, Rui Gomes da Silva, Manuel Frexes e o candidato à liderança da JSD Pedro Duarte, até alguns vultos da cultura, onde se destacavam Eunice Muñoz, Carlos César e Tozé Martinho.

O presidente cessante, o socialista Aguiar de Carvalho, que esteve 15 anos à frente do município, lembrava, no discurso de despedida, que ganhou todas as eleições pelo seu partido, "o mesmo de sempre, note-se" - uma alusão ao passado político de Carlos Beja, que militou no MRPP. Agastado por ter sido preterido na última consulta popular, saudava democraticamente a vitória dos seus adversários políticos, "que, desta vez, não tive a oportunidade de defrontar".

Freguesias repetem eleições autárquicas

As eleições autárquicas são repetidas hoje nas freguesias de Viariz (Baião) e Ortiga (Mação) devido a empates registados, a 14 de Dezembro, na votação para as assembleias de freguesia.

Ambos os empates envolveram os socialistas e os sociais-democratas: 281 votos em Ortiga e 139 em Viariz.

De hoje a uma semana, haverá outra repetição, desta vez em Alvoco da Serra (Seia), também por causa de um empate, não entre os dois partidos (o PS teve 210 votos e o PSD 199), mas na eleição do sétimo membro da assembleia de freguesia (através do método de Hondt).

O PS recorreu para o Tribunal Constitucional da decisão de repetir as eleições.