recordo-me que V. Ex.ª dizia, relativamente ao Orçamento para 1992, que o Sr. Ministro devia pôr umas "orelhinhas de burro" e ir para o canto da sala dizer que a carga fiscal aumentava, etc. Tudo isso foi mentira, pelo que se alguém tem de pôr orelhas de burro não é o Sr. Ministro. V. Ex.ª é que tem um nariz como o Pinóquio porque mentiu e vem aqui mentir outra vez.
Quanto à carga fiscal, parece-me que não é preciso dizer mais nada.
Mas o PS traz para este debate uma estratégia, assente numa lógica muito curiosa, que é a seguinte: como em 1993 houve um orçamento suplementar, logo o Orçamento para 1994 não serve.
Bem, eu podia usar, por absurdo, a lógica inversa: como em 1989, 1990, 1991 e 1992 não houve orçamento suplementar, logo o de 1994 serve. E terminávamos aqui o debate sobre o Orçamento, assente na lógica que VV. Ex.ªs têm utilizado.
A Sr.ª Helena Torres Marques (PS): - 15so não é nada!
1978, com um Ministro das Finanças do PS, com uma derrapagem (a maior) de 5,7 % para 8,6 % ! Record nacional para o PS!
Vozes do PSD: - Muito bem!
0 Orador: - Srs. Deputados, segundo record nacional para o PS: o maior défice público registado em Portugal desde 1974. De quem é a medalha de ouro? Do PS, em
A Sr.ª Helena Torres Marques (PS): - E o senhor onde é que estava? Quem era o Secretário de Estado do Orçamento?
0 Orador: - Que credibilidade, pois, Sr.ª Deputada, para falar em matéria de défice público?
Protestos do PS.
Dois records nacionais para o PS em matéria de défice público!
Aplausos do PSD.
Srs. Deputados, mas a dupla irresponsabilidade do PS continua este ano. 0 Sr. Deputado Manuel dos Santos continua a dizer "não acreditamos nas projecções de 1994", e continuam, por outro lado, a pedir mais dinheiro para a educação, mais dinheiro para as autarquias, mais benefícios fiscais, mais défice. Continuam na dupla irresponsabilidade!
0 Sr. Presidente: - Sr. Deputado, já passaram três minutos.
9 Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente.
E caso para dizer que "pelas propostas morre o peixe". Coitada da nossa democracia que não tem uma oposição credível!
0 Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Só faltava essa!
0 Orador: - E já que estão tão preocupados com o relançamento da economia portuguesa, diria que o PS, enquanto oposição, pouco pode fazer pela política orçamental, pouco pode fazer pela política monetária. Já pode fazer qualquer coisa, mas ainda assim pouco, pela política de rendimentos e preços. Mas pode fazer alguma coisa por um aspecto importante, para relançar o investimento, que é a confiança. E o que é que VV. Ex.ªs fazem? Destroem-na todos os dias, destroem a confiança dos portugueses no relançamento. Ou seja, o pouco que podem fazer, enquanto partido da oposição, fazem mal, fazem o contrário daquilo que devia ser feito.
Aplausos do PSD.
0 Sr. Presidente: - Sr. Deputado Manuel dos Santos, havendo mais oradores inscritos para pedir esclarecimentos, V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?
0 Sr. Manuel dos Santos (PS): - No fim, Sr. Presidente.
0 Sr. Presidente: - Então, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Carp.
0 Sr. Rui Carp (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel dos Santos, começo por complementar o que disse o meu colega de bancada, Rui Rio, em matéria de buracos orçamentais. É que esses records de buracos orçamentais ocorreram numa época em que a economia portuguesa era uma economia fechada, em que os juros da dívida pública eram fixados administrativamente, em que havia adicionais, orçamentos suplementares, impostos extraordinários, em que, de facto, o Estado esmagava a sociedade civil.
Vozes do PSD: - Muito bem!
0 Orador: - Mas já vi que de economia V. Ex.ª está muito esquecido, mas de História de Portugal ainda está mais. É que V. Ex a disse que o Sr. Ministro das Finanças falou da "arraia miúda" e que o disse com um ar displicente. Ora, essa expressão não é do Ministro das Finanças, é de Fernão Lopes.
Risos do PS.
Riam-se. Nós não nos rimos. Nós respeitamos os portugueses que nos tiraram da "pata" castelhana. Nós respeitamos os portugueses que devolveram a independência a Portugal.
Aplausos do PSD.