das florestas para prevenção de fogos», dizia o governo há dois anos. Onde é que está tudo isto? Onde é que estão as medidas que, todos os anos, são anunciadas, Sr. Ministro?

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - E tudo o fogo levou!

O Orador: - O que verificamos é que a essas ideias não correspondem medidas novas. Por exemplo, o Sr. Ministro tem anunciado na imprensa que, este ano, vai haver muitos postos de vigia e dá um número: 192.

O Sr. Ministro da Administração Interna: - 201!

O Orador: - 200, 201! Muito bem! Já aumentou. Mas, Sr. Ministro, diga também que, no ano passado, havia 196, portanto, não são 201 postos novos, são apenas mais quatro em relação ao ano passado.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Não se pode estar a iludir a opinião pública, avançando com questões novas, que o não são, pois, na prática, não correspondem a medidas estruturais.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Que grande fartura! Mais quatro, vejam lá! ...

O Orador: - Depois, pode-se pôr uma questão que o Sr. Ministro não esclarece, isto é, como é que esses postos de vigia funcionam, pois, como sabe, não há verbas. Então, o que se verifica, como, aliás, podemos ler nos recortes da imprensa, é que a «vigilância depende dos calendários escolares». Ora, como não há pessoal especializado pago com meios financeiros e orçamentais para estarem nos postos de vigia, espera-se que acabe o calendário escolar para que os jovens, no seu tempo livre, vão fazer essa vigilância, muitas vezes depois da época dos fogos já ter começado.

Não basta termos ideias, é preciso termos políticas e, mais do que políticas, é preciso ter meios financeiros enquadradores para pormos na prática as ideias que temos.

Em relação às CEFF, o Sr. Ministro acusou as do Alentejo de não estarem constituídas. Como o Sr. Ministro sabe, mais de 90% dos fogos acontecem no Norte e Centro do País e é aí que a questão das CEFF se coloca. Mas, mesmo no Alentejo, s abe, Sr. Ministro, que as CEFF municipais tem estado à espera que as CEFF distritais, da responsabilidade dos governos civis, sejam postas em execução? Sabe, Sr. Ministro, que, na resposta que o seu Governo deu, Beja e Évora são exactamente os dois distritos onde as CEFF distritais, da responsabilidade dois Governos Civis, não estão em execução? Aliás, a CEFF de Évora teve, esta semana, a primeira reunião.

Sr. Ministro, a responsabilidade começa exactamente pelo seu ministério, pelos governadores civis, que ainda não puseram essas CEFF a funcionar.

Para concluir, diria que os nossos projectos não se limitam a propor algumas medidas e ideias, que, em alguns casos, coincidem com as que VV. Ex.ªs aqui trouxeram. Temos uma questão de fundo: é que essas medidas «encaram» com uma estrutura de produção das explorações florestais portuguesas em que, como disse há pouco, mais de 87% é constituído por pequenas explorações, inferiores a quatro ha, sem meios financeiros, sem meios técnicos para poderem pôr na prática as ideias que os senhores aqui vêm trazer.

Enquanto as vossas propostas e as vossas ideias não forem enquadradas com apoios financeiros, com medidas estruturantes, como nós propomos, jamais este problema será resolvido.

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr. Deputado Júlio Henriques.

O Sr. Júlio Henriques (PS): - Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Sr. Secretário de Estado, porque há liberdade na minha bancada, começo por a exercitar efectivamente discordando da afirmação inicial do meu camarada António Campos, na pergunta que dirigiu ao Sr. Ministro. Ele disse que esperava muito mais e eu, que ouvi atentamente o discurso do Sr. Ministro, não esperava nem mais nem menos. De resto, até gostei do discurso de V. Ex.ª.

O drama é que o PSD tem há 12 anos a responsabilidade nesta área e o problema dos fogos, que é gravíssimo, em Portugal, vem-se agravando ano após ano. No que respeita a discursos, que, aliás, tenho acompanhado, era este mesmo discurso que esperava, pois tenho acompanhado também as visitas que V. Ex.ª tem feito por todo o País e os apelos a pastores e a bispos para que, de facto, a população seja alertada para a gravidade do problema em que todos tem de colaborar.

Mas, Sr. Ministro, é dos manuais que em estado de guerra o poder não se