Até Sempre, Carlos Cardoso!

Depois de se ter verificado, uma vez mais, a fuga de um dos assassinos do jornalista moçambicano Carlos Cardoso, no princípio do mês de Maio, surge nas livrarias portuguesas a sua biografia, escrita por dois dos colegas que com ele trabalharam: Paul Fauvet e Marcelo Mosse.

A morte de Cardoso, no dia 22 de Novembro de 2000, foi um dos assuntos que mais mobilizou a opinião pública de Moçambique nestes últimos quatro anos, tendo ensombrado a honra de um regime que ele servira e do qual depois se distanciara.

O britânico Paul Favet, de há muito radicado em Maputo, e o moçambicano Mosse elaboraram um documento vasto em que nos falam dos estudos de Cardoso na África do Sul, da sua adesão à Frelimo e da sua especialização em questões de política regional.

Para qualquer pessoa que se queira debruçar sobre o que foi a África Austral nestes últimos 30 anos, muito em especial sobre a forma como Moçambique evoluiu dos tempos de Samora Machel para os de Joaquim Chissano, é essencial ler esta obra, que não se limita a uma mera biografia para, antes, se tornar, um manual de História.

Se Aníbal António dos Santos, mais conhecido pelo nome de "Anibalzinho", consegue por mais de uma vez fugir da cadeia onde cumpre pena de 28 anos de prisão pelo assassínio de Carlos Cardoso é porque este crime teve cumplicidades ao mais alto nível; teve a conivência ou até mesmo a autoria moral de alguém que não gostava mesmo nada da forma como o jornalista escrevia.

Figura de proa do esquerdismo que no fim da década de 70 imperava na comunicação social moçambicana, Cardoso aproximou-se depois dos que eram tidos por "revisionistas" ou "centristas" e lutou por um ambiente de liberdade, mais ao jeito do que é consenso na grande imprensa internacional. Compreendeu muito bem em 1986 que o fim de Machel estava próximo e que novos tempos se aproximavam para o país, quiçá com alguns dirigentes menos honestos do que aqueles que tinham governado durante os primeiros 11 anos de independência.

Carlos Cardoso, que depois de ter sido director da estatal Agência de Informação de Moçambique (AIM) viria a criar os jornais independentes "Media-fax" e "Metical", virou-se para o estudo dos casos de corrupção e de incompetência que impediam que o país se desenvolvesse. Criticou as hesitações do Presidente Joaquim Chissano, disse que a iniciativa estava a ser tomada por gansters, que se toleravam muitas ilegalidades, que havia exportações e importações ilícitas, desvio de fundos...

Estava aberto o caminho para a morte, ocorrida aos 49 anos, depois de ter considerado que "alguém tem que tirar Moçambique da lógica de degeneração" e do "pântano onde se está a atolar". Há verdades que não se podem escrever, quando se quer preservar a vida.

É proibido pôr algemas nas palavras - Uma Biografia de Carlos Cardoso

Autores: Paul Fauvet e Marcelo Mosse

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Até sempre, Carlos Cardoso!

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Schvetz, Daniel Bruno (n. Buenos Aires, 1955)

O ladrão de cores

A recriação do cosmos e a passagem dos dias

%Márcia Oliveira

Continuam

"Prototypo" escreve-se com "O" no fim

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