Ribeira de Pena na Rua por Causa da Falta de Médicos

A saída de dois médicos espanhóis que ali trabalhavam deixou a vila com gritante insuficiência de assistência na saúde. Presidente da câmara e responsável da ARS procuram solução em Espanha

Cerca de mil pessoas manifestaram-se ontem, frente ao Centro de Saúde de Ribeira de Pena, no distrito de Vila Real, contra a insuficiência de médicos para dar assistência aos oito mil habitantes do concelho.

O protesto partiu de um grupo de 50 utentes, entre professores, comerciantes, empresários, agricultores e presidentes das juntas de freguesia, e realizou-se um mês depois de os dois médicos espanhóis que davam assistência no concelho terem saído de Ribeira de Pena para fazer um internato de Medicina Familiar.

"Queremos médicos... e já" foi a frase mais ouvida durante a manifestação, que decorreu sob o mote "Pelo direito à saúde em Ribeira de Pena".

Irene Cunha Gil, professora e uma das promotoras da manifestação, referiu que os três médicos que actualmente prestam cuidados de saúde "são insuficientes para dar assistência aos cerca de oito mil habitantes".

O Centro de Saúde de Ribeira de Pena possui actualmente três clínicos, nomeadamente o director do centro, o delegado de saúde e uma médica de clínica geral, que servem apenas três mil habitantes do concelho, o que faz com que "cinco mil pessoas não tenham médico de família", salientou Irene Cunha Gil.

Segundo esta utente, a extensão de saúde de Cerva está a funcionar apenas com um enfermeiro e pessoal administrativo desde Dezembro, altura em que o médico espanhol que ali prestava serviço saiu. Em Alvadia e Canedo foram construídas infra-estruturas há 20 anos para a instalação da extensão de saúde, que nunca entrou em funcionamento devido à falta de médicos, disse ainda Luís Filipe, outro promotor da manifestação.

Para os utentes, o problema da falta de assistência nos cuidados de saúde agrava-se ainda mais em Ribeira de Pena porque "não existem outras alternativas, como por exemplo médicos particulares". Segundo o pároco Joaquim, muitos dos utentes do Centro de Saúde de Ribeira de Pena têm de se deslocar aos concelhos vizinhos para terem assistência médica, gastando muito dinheiro nas viagens.

"Com mais médicos teríamos capacidade para dar assistência à população de todas as freguesias", acrescentou o padre.

João Noronha, presidente da Câmara de Ribeira de Pena, explicou que a autarquia disponibiliza alojamento e paga as despesas de telefone, água e luz aos médicos que queiram exercer no concelho. O autarca diz estar disponível para ir "à Galiza procurar médicos que venham colmatar a carência na prestação de cuidados de saúde que a população sente".

Contactado pela agência Lusa, o director da Sub-Região de Saúde de Vila Real, Mário Alves, concordou que "três médicos não são suficientes para assistir as oito mil pessoas do concelho" e frisou que a sub-região já entrou em contacto com a Ordem dos Médicos espanhola para saber se há clínicos disponíveis para se instalarem em Ribeira de Pena.

Ainda segundo o responsável, está já a decorrer desde 1 de Dezembro passado um concurso externo, da responsabilidade da Administração Regional de Saúde do Norte, que incluiu as duas vagas para aquele município. "O que acontece em Ribeira de Pena não é uma situação nova, mas temos feito todos os possíveis para arranjar médicos para aquele concelho", sublinhou.

O presidente da Câmara de Ribeira de Pena vai entregar uma carta com as exigências da população ao secretário de Estado dos Recursos Humanos e da Modernização da Saúde, que hoje visita Vila Real para se reunir com os directores dos hospitais e centros de saúde do distrito.

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