Um líder à procura da sua imagem

"Ora bem... deixa-me lá juntar assim as mãos, a ver se o engenheiro vai na cantiga ecuménica da grande família socialista. E eu, a bem dizer, até tenho um nome com ressonância quase bíblica. E hoje, abençoado seja, sou eleito líder da bancada pela segunda vez consecutiva.

Vamos lá ver se não tenha as chatices do costume. Para já, o puto Pinto anda outra vez às voltas com o aborto, em conluio com os comunas. Isto para não falar no Eurico que gosta de regionalizar à sua maneira. E, para animar a rapaziada, ainda desenterraram aquela coisa das 40 horas, armados em "jospinianos". Até aquele - como é que ele se chama? - o... coiso.. o Baltazar (que diabo, de onde é que este saiu...) desata a dizer que o Parlamento faz julgamentos populares. Só problemas. Lá tivemos o presidente do partido a puxar-lhe as orelhas à frente da oposição toda.

E depois ainda é capaz de aparecer por aí um camarada mais alegre a descobrir uma "causa justa" e votar contra o Orçamento.

Vou mas é continuar com as mãozinhas postas... pode ser que do alto venha a ajuda que me falta em terra."

Balsemão em livro e cassete

Pinto Balsemão está a preparar as memórias dos seus tempos de primeiro-ministro. O livro sairá como uma autobiografia não autorizada. O lançamento está previsto para os "Filhos da Nação" da televisão de Alcabideche, perdão, Carnaxide, com os altos patrocínios de uma estação de rádio que emite em ondas de caracol e de uma conhecida marca de cervejas. A par do livro, será distribuída uma cassete com imagens proibidas da época, com música da banda filarmórnica da GNR, dirigida pelo comandante do posto de Alcabideche à época dos acontecimentos.

"Filhas da nação" mudam códigos

Os códigos da justiça portuguesa vão todos mudar a muito curto prazo. Vera Jardim já nomeou diversas comissões para o efeito. Tudo para facilitar a vida aos pobres juízes, que irão passar a julgar casos de cidadãos ofendidos pelo facto de lhes chamarem "filhos da nação". As "júlias" e as "cabritas" ficam fora da nova legislação. Isto é, quem lhes chamar tal nome está isento de culpa. As ditas, mais quem as apoia, são, de facto, "filhas da nação".

Josés na dança dos nomes

Terça-feira, na Quinta das Lágrimas, a TSF reuniu os coordenadores autárquicos dos quatro maiores partidos para um debate. Apresentaram-se António José Seguro (PS), José Luís Arnaut (PSD), Luís Sá (PCP) e Girão Pereira (PP). O debate não foi lá muito dignificante para o poder local. Serviu mais para trocar acusações e também os nomes. Girão Pereira teimava em chamar a Seguro, José António, seguido de pedido de desculpas. Depois foi a vez de Arnaut fazer o mesmo, mas sem desculpas. Aí, Seguro, que já não estava a achar piada, tratou-o por Luís José... Arnaut.

Má sorte ser secretário de Estado

Miranda Calha e Ferro Rodrigues andam de candeias às avessas. O secretário do Desporto disse que os clubes estavam há oito meses a negociar com o fisco e a segurança social o pagamento das dívidas. No dia seguinte, de forma implacável, Ferro Rodrigues desmentiu-o em público. No tempo de Cavaco Silva, os secretários de Estado eram "ajudantes". Com Guterres, são vítimas dos ministros. Dos deles e dos outros. Pobre destino, o deles.

FANTASMAS. A vida tem destas coisas. Cavaco Silva "atravessa-se" amiúde no caminho do PSD. E Marcelo talvez não saiba, mas o hotel de Santo Tirso onde se realizaram as Jornadas Parlamentares foi inaugurado pelo ex-primeiro-ministro em 1995.

AZAR. Já não bastava o partido estar na oposição. Os deputados reuniram-se numa sala do hotel com o sugestivo e irónico nome de Aboazar. Flagrantes tentou, mas não conseguiu, saber a origem deste nome.

INFILTRADOS. Até parece que uma mãozinha cor-de-rosa tinha andado pelo hotel de Santo Tirso a fazer malandrices. Ora cá vai mais uma. A sala de imprensa funcionava no piso 3 e tinha um nome algo subversivo: Gutierre.

CHARME. A jornada dos deputados do PSD em Santo Tirso tinha chegado ao fim. No átrio do hotel, encontraram-se três candidatos às autárquicas: Valentim Loureiro (Gondomar) e Teresa Gouveia e José Luís Arnaut (Mértola). Arnaut convidou o major a ir lá ao concelho. Valentim soltou um piropo para elogiar a dupla. "O par é justo", dizia, naquela sua voz possante. E até não via razões para ir dar a ajudinha. Olhou para Teresa Gouveia e atirou: "A senhora doutora, com o seu sorriso, leva-os a todos."