A 59.ª Edição da Volta
tem, hoje, o seu primeiro
contra-relógio individual,
que apesar de não ser decisivo é importante para definir
posições na geral.
A partir de agora,
as coisas vão mudar e muito. Está na hora de acertar
o relógio e especialistas
como Zenon Jaskula,
um portento de força,
Joaquim Gomes,
José Azevedo,
Massimiliano Lelli
e Wladimir Belli
farão o papel
dos senhores do crono.
O contra-relógio individual, que ligará Castelo de Vide a Portalegre, na distância de 22,2 quilómetros, irá clarificar, antes da dupla subida à Torre, respectivamente, na sétima e oitava etapas, as posições da geral individual.
O traçado, apesar de não ser muito duro, vai exigir um bom esforço, entre S. Salvador e Monte Palheiros. A subida, apesar de ligeira, representa a grande oportunidade para ganhar tempo e, nesse aspecto, o polaco Zenon Jaskula (Mapei-GB), muito físico, terá obviamente uma palavra a dizer.
Por seu lado, os derradeiros sete quilómetros, sempre a descer, não dão para conquistar muitos segundos. O traçado é bastante sinuoso e traiçoeiro. Uma queda poderá acabar com as aspirações dos mais credenciados.
O próprio Jaskula não se mostra muito preocupado com o resultado que vier a obter no contra-relógio:
"Se eu não der um minuto à concorrência, não ficarei muito preocupado, pois, na alta montanha, ganho, à vontade, seis a sete minutos aos meus adversários."
A receita para conquistar um bom tempo no exercício individual de hoje será, portanto, conseguir desenvolver um bom andamento na subida, de forma a amealhar preciosos segundos. Não se admirem, por isso, se os "craques" da matéria derem mais de dois minutos aos restantes corredorres.
Não é crime dizer que os portugueses Joaquim Gomes (LA Alumínios-Pecol), José Azevedo (Maia-CIN) e Alberto Amaral (Troiamarisco) podem fazer um brilharete. Contudo, terão de contar com Zenon Jaskula, que aos 35 anos é um sério candidato ao triunfo, com Massimiliano Lelli (Saeco), já mostrou que está na Volta para repetir o triunfo do ano passado, e com Wladimir Belli, um italiano que se estreou como profissional, em 1992, em Portugal, também, um sério candidato à vitória final.
Joaquim Gomes, talvez o melhor ciclista português, continua a dizer que "o contra-relógio não é favorável". "É muito rápido e sinuoso, mas vou tentar dar o meu melhor. Considero que há outro tipo de etapas, onde as minhas oportunidades serão maiores", referiu.
O ciclista da LA Alumínios, que conhece bem o percurso de hoje e já sabe que irá utilizar uma "cabra" (bicicleta própria para este tipo de exercício, com roda(s) lenticulare(s) e guiador rebaixado), mas fez segredo quanto ao "andamento" que irá utilizar.
Para Joaquim Gomes, os favoritos são os mesmos de sempre:
"Os melhores portugueses e italianos. José Azevedo, Paulo Ferreira, Alberto Amaral e Quintino Rodrigues. Nos estrangeiros, destaco o Lelli, o Belli e o Jaskula."
Apesar da queda que deu na primeira etapa, o moral de Joaquim Gomes está em alta. "Está tudo ultrapassado. O que resta é o minuto e tal que perdi nesse dia", concluiu Joaquim Gomes.
José Azevedo, por seu turno, tem a secreta esperança de estar ao nível dos contra-relógios que já fez esta temporada. "Tenho de me sentir bem. Conheço lindamente o percurso, principalmente a parte final. Os primeiros quilómetros são falsos, prendem muito o andamento, o que obriga o ciclista a estar sempre em grande esforço", considerou José Azevedo.
O corredor da Maia-CIN não escondeu qual o andamento que irá utilizar. "É uma combinação simples: 50/54 e carretos 12/19, de forma a imprimir um bom ritmo", salientou.
Ao lote de favoritos apontado por Joaquim Gomes, José Azevedo acrescentou, ainda, mais alguns nomes:
"Joaquim Sampaio e Cássio Freitas podem e devem fazer um bom contra-relógio. Uma coisa é certa. Contem com os portugueses para dar muita luta aos favoritos. A nossa hora há-de chegar."