18 Diário da Câmara dos Deputados
as minhas considerações, devo referir-me a uma expressão, que ontem escapou da boca do ilustre Deputado e meu colega Sr. Marques Loureiro.
Se bem me recordo, a frase de S. Exa. foi esta: "Essa afirmação tinha de ser feita, porque estamos aqui para falar com franqueza, face a face, olhos nos olhos".
Se bem que a minha passagem por êste lugar constitua para mim uma aventura política, a que anseio pôr o mais brevemente possível ponto final, não dou a ninguém, e muito menos àqueles que de há muito me conhecem, o direito de me supor um aventureiro político.
Apoiados.
Entrei por incidente neste lugar, mas quero sair dele levando para os meus filhos o mesmo nome honrado que recebi de meus pais. Aqueles, que são toda a minha ternura e todo o meu enlevo, àqueles, sim, é que eu quero ter sempre o direito de olhar face a face, olhos nos olhos, sem que tenha jamais razões para desviar os meus.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem.
O Sr. Álvaro de Castro (para explicações): - Sr. Presidente: tive necessidade de pedir a palavra para explicações, em primeiro lugar para agradecer ao Sr. Ministro das Finanças as palavras gentis que me dirigia, e em segundo lugar para procurar colocar determinadas afirmações de S. Exa. em termos de não parecer que eu me tinha munido de todos os elementos que haviam pertencido à comissão que nomeei, quando estive no Ministério das Finanças, para o estudo da questão dos tabacos. Êsses documentos estavam em poder do coronel Sr. Viriato da Fonseca.
Nunca mais tornei a ter conhecimento deles; se efectivamente até agora não
apareceram, a responsabilidade não é minha. Aliás, não tenho responsabilidade como Ministro que era ao tempo o tendo deixado de o ser, porque não fui nunca o depositário dêsses documentos.
Sr. Presidente: ouvi com muita atenção o Sr. Ministro das Finanças e agradeço, visto que sou o primeiro a ficar para explicações, o facto de S. Exa. ter procurado esclarecer-me e aos colegas que me seguiram no debate.
O Sr. Ministro das Finanças (Marques Guedes): - V. Exa. dá-me licença? Esqueci-me de dizer que aceito todas as modificações que a Câmara quiser para melhorar a proposta.
O Orador: - Evidentemente, e não existiria o regime parlamentar se efectivamente os Parlamentares não pudessem colaborar com os Ministros. Mas quando é apresentada uma proposta de lei é necessário que ela seja redigida de forma que imediatamente se compreenda o seu alcance em relação a tudo o que se refere.
Sr. Presidente: levantei, com efeito duas questões ràpidamente, porque tive apenas meia hora para estudar a proposta. A primeira foi para mostrar que nela faltava fundamentalmente um artigo, pelo menos, que dissesse qualquer cousa sôbre a cessação do regime de exploração do monopólio privado, determinando um novo estado de cousas. A segunda foi a questão das marcas; e se levantei esta questão - e felizmente que a levantei, não me peja o dizê-lo - foi porque, por mais melindrosa que seja, o Parlamento é exactamente para se tratar de questões melindrosas, e para que, sendo porventura melindrosa, não seja mais tarde grave e gravosa para o Estado. Mais: se levantei esta questão, foi com a certeza do que as minhas palavras ouvidas por alguém da Companhia dos Tabacos não podiam ser senão interpretadas num sentido favorável para o Estado, porque, quando a Companhia fez a sua proposta de um novo acordo com o Es-