Oliveira Dias, vereador da Câmara do Porto, garantiu, durante a assinatura do contrato para a elaboração do "Projecto de Remodelação do Mercado do Bolhão", que os trabalhos a desenvolver (somente a partir do próximo mandato autárquico) naquele recinto "serão feitos sob os olhares da cidade, dos comerciantes e dos consumidores."

Garantindo que a Câmara portuense deseja "total transparência no processo", Oliveira Dias revelou ainda que o gabinete que vai trabalhar o projecto ficará sediado no Bolhão, por forma a que "todos aqueles que se interessam pela vida do mercado", possam ali esclarecer as suas dúvidas. O vereador do Pelouro dos Serviços Técnicos e Apoio às Actividades Económicas considerou, ainda, que "o projecto de remodelação não pode resultar na perda de identidade do Mercado do Bolhão" e que o Município "não pretende que ele desapareça, sequer adulterar as suas características."

Estas declarações podem ser consideradas como uma resposta às críticas quanto aos objectivos pretendidos com obras no Mercado do Bolhão. Porém, Oliveira Dias disse que o recinto "sofre, neste momento, de várias patologias de raiz que se não forem atalhadas contribuirão para a sua total degradação: falta-lhe saneamento básico, um sistema eficiente de cargas, descargas e estacionamento; e sofre de desagregação comercial em resultado das transformações que, ao longo de décadas, se fizeram sentir nos circuitos de distribuição."

A esse respeito, Oliveira Dias esclareceu que, hoje em dia, um terço do Mercado do Bolhão é já um centro comercial pois, deixou de ser, apenas, um recinto de venda de produtos perecíveis para ter, agora, cabeleireiro, quiosques de revistas e tabaco, pronto-a-vestir, artesanato e armas de caça, entre outros produtos característicos de um centro comercial.

Porém, ao contrário do que tem acontecido em outros mercados do mesmo género, quer em Portugal quer no estrangeiro, a Câmara do Porto, segundo ainda Oliveira Dias, pretende conservar o Mercado do Bolhão como uma "praça aberta e de carácter popular."

Ao acto de assinatura do contrato de elaboração do "Projecto de Remodelação do Mercado do Bolhão, assistiram o presidente da Câmara do Porto, Fernando Gomes, o presidente da Assembleia Municipal, Manuel Baganha, e a directora da Divisão Municipal de Apoio aos Agentes Económicos, Daniela Rodrigues.

Trata-se do corolário de um processo iniciado em 1990, altura em que a Faculdade de Arquitectura foi encarregada de elaborar as bases para um concurso público para a Reabilitação do Mercado do Bolhão. O regulamento foi aprovado no ano seguinte, em 30 de Dezembro, e no júri, ao qual foram apresentados 11 candidaturas, figuravam, entre outros, Siza Vieira, Duarte Castel-Branco, autor do PDM do Porto e Marques de Aguiar, em representação da Secção Regional do Norte da Associação dos Arquitectos.

Foi escolhido o trabalho do arq.o Joaquim Massena que, posteriormente, lhe introduziu algumas alterações que incidiram nos acessos ao parque de estacionamento, com redução do número de lugares possíveis, e na possibilidade do recinto contemplar uma estação do Metro de Superfície (Linha Trindade/Campanhã), embora neste caso a renovação do mercado apenas contemple a existência do local, não tendo nada a ver com a estação propriamente dita.

Estas alterações deram origem a uma redução do valor do empreendimento que se fixa agora em dois milhões de contos.

A presença do gabinete de arquitectura que vai desenvolver agora o projecto no Mercado do Bolhão tem a ver, segundo Oliveira Dias, com a necessidade de coordenar as obras com a actividade normal do mercado. Essa actividade, segundo ainda o vereador do Pelouro de Apoio às Actividades Económicas, vai ser negociada a par e passo com os comerciantes. É precisamente este diálogo que leva Olivera Dias a considerar que o projecto só passará dos estiradores para os estaleiros no início do próximo mandato autárquico.