JAE transfere estradas para a Câmara Municipal

O executivo camarário da Póvoa de Varzim ratificou recentemente um acordo com a Junta Autónoma de Estradas (JAE) tendo em vista a transferência para a juridisção da edilidade de três troços de estradas nacionais situados no interior da cidade. Ao todo, são nove quilómetros de asfalto, cuja manutenção, doravante, ficará entregue à autarquia, que, por sua vez, receberá da JAE uma compensação financeira de 60 mil contos.

Se em dois dos troços - EN 13 e EN 205 - a referida transferência não implicará grandes alterações à disposição actual de tráfego, sendo apenas melhorados, já em relação à ligação entre o IC1 (Porto-Valença) e a Avenida de Vasco da Gama, o recente acordo com a JAE permitirá ao executivo liderado por Macedo Vieira executar uma "obra de vulto", antes das próximas eleições autárquicas.

De facto, com a assinatura do documento, a edilidade deixa de estar dependente da emissão de um parecer positivo pela JAE para executar o projecto de arranjo urbanístico do local (já elaborado) e, consequentemente, garante a diminuição do prazo previsto para a sua execução. Com o acordo, "as obras vão poder arrancar daqui a três meses e terminar antes do final do ano", estima Vieira.

Em causa está "o aspecto paisagístico" da citada ligação -principal entrada na cidade - o qual tem sido muito contestado pela autarquia, uma vez que, argumenta, falta iluminação pública e existem apenas dois sentidos de tráfego, provocando engarrafamentos monumentais no Verão e aos fins-de-semana. Da mesma forma, refere-se que a via actual "não dignifica a grandiosidade" do parque da cidade que será construído nos terrenos situados a norte.

Por outro lado, o projecto da autoria da arquitecta Raquel Vilaça contempla a duplicação das duas vias - divididas por um "separador central" - a construção de passeios, arborização, iluminação pública ao longo da sua extensão e a edificação de um parque de estacionamento com capacidade para 250 automóveis junto à central de camionagem, com o intuito de "sugerir aos veraneantes a deslocação a pé" até à zona balnear. em fase de conclusão

No entanto, a principal virtude da empreitada, cujo preço-base do concurso público atinge os 220 mil contos, reside no facto de esta ser essencial na execução do Plano de Ordenamento Viário, em fase de conclusão. É que, no projecto, está consignada a substituição de dois cruzamentos, "em fase de saturação", por duas rotundas: na Avenida de Vasco da Gama, com a ligação ao IC1 e entre esta e a Rua de D. Maria, na qual irá desaguar o trânsito oriundo da futura Via C (Póvoa-Famalicão).

No primeiro caso, a disciplina dos automóveis é, actualmente, mantida através de semáforos, mas, sobretudo no Verão, a fluidez do tráfego "não tem sido a desejável". A outra situação, diz Vieira, é uma "solução de futuro", uma vez que, nas proximidades, está em construção o Pavilhão Municipal, a Via C, existem já o Auditório Municipal e a central de camionagem e, como tal, segundo prevê, o "volume de trânsito irá aumentar significamente". Nesse sentido, recorde-se que, recentemente, o Supremo Tribunal Administrativo autorizou a instalação de um hipermercado a nascente da área em causa e o líder da edilidade quer garantir a "normalidade do trânsito" na cidade.

Ora, o Plano de Ordenamento Viário preconiza, essencialmente, a "descompressão" da circulação, permitindo a entrada ou saída da cidade "sem dificuldades" e, assim, as duas rotundas são consideradas "essenciais". Aliás, estão previstas soluções semelhantes para os cruzamentos, junto aos principais acessos às praias: na entrada da Avenida dos Banhos (em remodelação) e em frente ao casino. Este último caso justifica-se ainda "pela necessidade de acesso fácil" ao parque de estacionamento previsto para a área disponível no porto de pesca, com capacidade para 150 veículos.

Ângelo Teixeira Marques