O fumo passivo está associado a um maior risco de mortalidade, segundo um estudo divulgado ontem no site do "British Medical Journal" (BMJ). O estudo - que será publicado na edição impressa desta revista especializada - analisou a mortalidade de dois grupos de não-fumadores com idades entre 45 e 74 anos, residentes na Nova Zelândia. Num dos grupos, as pessoas viviam em casas onde havia um ou mais fumadores. No outro, não havia fumadores nas respectivas habitações.

Em termos simplificados, o que o estudo fez foi avaliar, por um período de três anos, qual a taxa de mortalidade para cada um dos grupos, escolhidos a partir de dois censos, em 1981 e 1996. E o resultado, em média, indica que entre os não-fumadores que compartilhavam a casa com fumadores a mortalidade era 15 por cento mais elevada.

Este é mais um trabalho entre a já ampla produção científica sobre os males do fumo passivo. Respirar o fumo do tabaco alheio tem sido associado desde a males imediatos, como irritação nos olhos e na garganta, cansaço e dores de cabeça, até a afecções crónicas, como doenças coronárias e pulmonares.

Os efeitos do fumo passivo sobre a mortalidade em geral, porém, ainda estão envoltos em alguma incerteza. Os autores do estudo agora publicado na BMJ - ligados à Faculdade de Medicina e de Ciências de Saúde de Wellington - dizem que há poucos trabalhos nesta área. E o que existia até agora eram análises com limitado poder conclusivo.

A mesma revista publicou, em Maio do ano passado, um estudo prospectivo com a população da Califórnia, o qual concluiu o contrário: ou seja, que não se pode estabelecer uma associação forte entre o fumo passivo e a mortalidade. Este trabalho mereceu uma chuva de críticas, muitas delas denunciando que os seus autores recebiam financiamento indirecto das empresas produtoras de cigarros.

Quando esse artigo foi publicado, a própria revista fez sair um editorial sobre a matéria, assinado pelo epidemiólogo George Smith, da Universidade de Bristol. A preocupação com o fumo passivo, lembrava o texto, remonta a 1928, quando um investigador alemão sugeriu que mulheres com cancro do pulmão poderiam ter sido afectadas pelo facto de os seus maridos fumarem. "Desde então, tem surgido uma série substancial de investigações, mas o impacto do fumo ambiental sobre a saúde permanece em disputa", escreveu Smith.

O maior peso, porém, está do lado dos estudos que indicam uma relação forte entre o fumo passivo e problemas de saúde, em particular sobre a população mais jovem. De acordo com a Agência de Protecção do Ambiente dos Estados Unidos, o fumo passivo é responsável, nas crianças, por algo entre 200 mil e um milhão de ataques de asma, 150 mil a 300 mil infecções respiratórias e 7500 a 15.000 hospitalizações.

A preocupação sobre o fumo passivo levou a Irlanda a pôr em prática, há pouco mais de uma semana, uma lei que proíbe o tabaco em bares e restaurantes. Inovadora na Europa, a medida pretende evitar uma parte das cerca de 7000 mortes anuais relacionadas com o tabaco no país.

Em Portugal também está prevista a adopção de medidas legislativas para reduzir a exposição ao fumo passivo, como a proibição do tabaco nos locais de trabalho.

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