sujeitas a um trabalho intensivo, e quando chegarem ao mesmo estado em que se encontram as outras, naturalmente os caminhos de ferro paralisarão.

Os horários não obedecem a um critério razoável, nem servem os interêses das regiões.

Apesar das mercadorias pagarem, como se os transportes fossem feitos dentro dos prazos regulamentares, êles são desrespeitados, e as reclamações não são atendidas, porque tudo anda à matroca.

No pessoal lavra um estado latente de revolta.

O administrador, por exemplo, resolveu um dia descontar 20 por cento nos ordenados do pessoal reformado. Quem o autorizou?

A sua livro vontade de administrador, porque é um déspota!

Um dia deu-se um roubo em certo comboio, e um condutor foi inculpado. Provou-se que nenhuma culpa tivera, que o roubo fora praticado por dois indivíduos que responderam e foram condenados. Pois bem: o administrador geral condenou aquele funcionário a pagar a importância do roubo!

Por êstes motivos, pode criar-se no pessoal dos caminhos de ferro um estado de revolta, e ainda há dias, numa sessão de propaganda realizada no Barreiro, a que assistiu o Sr. José Domingues dos Santos, um funcionário chamado Miguel Correia referiu-se em termos violentos aos seus superiores, um dos quais pertence à facção esquerdista, e o Sr. José Domingues dos Santos foi abraçá-lo.

Nos caminhos de ferro do Estado há um estado de revolta, e por parte do público também ela se faz sentir, por ser mal servido.

É, na verdade, um belo exemplo da forma como são administradas as cousas do Estado, como há poucos dias disse o Sr. Nunes Mexia!

Sr. Presidente: igualmente peço a atenção de V. Exa. para a situação em que se encontram, no Algarve, as indústrias da pesca e das conserva5?.

Essas indústrias, que foram prósperas, atravessam hoje uma crise gravíssima,

A pesca está-se fazendo pouco eficientemente. Será isto devido aos pescadores espanhóis, que invadem as nossas águas? Creio bem que sim, e por isso entendo que se impõe uma maior fiscalização.

Por outro lado, a indústria das conservas, por falta de matéria prima, e porque está onerada com muitíssimos impostos excessivos, está passando também por uma crise enorme.

Urge, pois, que o Govêrno atenda aos interêsses regionais, porque é da soma deles que resulta o interêsse nacional.

Nesta ordem de queixas, quero ainda referir-me a um notável regulo que em Montalegre parece querer ser dono da Nação: o Sr. Vítor Manuel Branco.

Num jornal da Póvoa de Lanhoso vem o relato do que êsse cavalheiro está fazendo em Cabril, dizendo o seguinte no seu artigo e o fundo:

Leu. Exa. resolveu fabricar uma junta de freguesia à sua semelhança, e, como não conseguiu o seu objectivo, está maltratando verdadeiros homens de bem, que se opuseram aos seus desígnios.

Os políticos que aqui estão têm de dar aos seus correligionários dos diversos pontos do País aquela assistência necessária para que êles sejam tratados como devem ser.

Eu não levo o meu facciosismo político até o ponto de dizer que os factos que relatei tenham sido ordenados pelo Sr. Presidente do Ministério, mas entendo que é preciso que êle faça cumprir a lei, a fim de que se não estabeleça um sistema, do corrupção e de violência.

É necessário que S. Exa. exerça a sua autoridade nesse sentido, porque se o não fizer nós aqui continuaremos a protestar com toda a energia.

Queremos que os recenseamentos eleitorais traduzam a verdade e que todos os cidadãos sejam tratados como merecem.

Feitas estas queixas, que não envolvem, repito, qualquer censura ao Sr Presidente do Ministério, eu espero que S. Exa. providenciará por forma a que haja uma boa política de relações entre os partidos, e que todos os homens possam viver livremente em Portugal.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Filomeno da Câmara: - Sr. Presidente: já ontem tinha pedido a palavra