Ninho de Reis, Espiões e do PRD
Cruz Silva, actualmente o único guarda do palácio da Cidadela, evoca as memórias de um monumento que há muito aguarda pelo esplendor passado. Por Luís Filipe Sebastião
O último habitante oficial do palácio da Cidadela foi o general Carlos Azeredo, chefe da casa militar do então Presidente da República Mário Soares, que ali residiu durante uma década. De há oito anos e meio para cá, o palácio tem vindo a degradar-se a olhos vistos, recebendo apenas visitas esporádicas de Jorge Sampaio, que nunca usou oficialmente o espaço.
Há três décadas, Jorge Manuel Cruz Silva começou a trabalhar no palácio como mordomo. Hoje, aos 59 anos, é o único guarda do monumento, pelo qual vai velando, depois de ver partir os colegas e enviuvar da mulher com quem partilhou a vida e o trabalho. Só as histórias que vai desfiando, recheadas com uma impressionante catadupa de datas, parecem fazer esquecer a amargura que lhe vai na alma perante a degradação que o palácio exibe tanto no exterior como no interior.
Em várias salas junto à entrada amontoa-se velho mobiliário e maquinaria sem préstimo. Após o 25 de Abril de 1974, o palácio serviu para banquetes, mas também ali funcionou um embrionário Serviço de Informações da República ou um instituto Damião de Góis, que terá servido de berço ao Partido Renovador Democrático (PRD), impulsionado pelo general Ramalho Eanes após a sua passagem pela Presidência da República. O militar não terá levado por diante obras de conservação no monumento pelas dificuldades em justificar ao povo, naquela época pós-revolucionária, tal dispêndio de dinheiro num edifício do Estado.
"D. Sebastião, quando isto era Cascais a sério, gostava de vir aqui para a pesca", assegura Cruz Silva, no pátio virado para a baía, para onde se rasgam as amplas vidraças das salas de chá e de jogos, às quais se acede pelo majestoso salão nobre, com tecto de madeira pintada e paredes revestidas a tecido.
Se no exterior as ervas tomam conta de pátios e paredes, no interior alguns quartos, como o que se situa ao lado dos aposentos onde morreu D. Luiz, em 1889, exibem sinais das infiltrações permitidas pelo mau estado de conservação dos telhados. Seja numa parede e tecto a gesso moído pelo salitre marítimo, seja pelo buraco redondo aberto num revestimento em madeira. Parece que caiu por ali uma bala de canhão.
Os aposentos que serviram de laboratórios a D. Carlos, onde desenvolveu a sua paixão pela oceanografia, estão transformados em três quartos e a sala de estudos, com janelas viradas ao mar aberto e à parada da Cidadela - construída em 1644 para impedir as invasões estrangeiras vindas do mar -, ostenta mais sinais de degradação provocada pela humidade.
A capela de Nossa Senhora da Vitória resistiu a sucessivas tentativas para roubar uma imagem de Santo António que terá protegido as primitivas unidades militares instaladas na Cidadela. Mas a estatueta original encontrar-se-á actualmente no Museu do Buçaco. No pátio permanecem os seis candeeiros que, segundo reza Cruz Silva, foram prenda de anos de D. Luiz aos príncipes, e onde pela primeira vez no país, mediante técnica trazida de Paris, a electricidade iluminou de luz um palácio que há muito aguarda pelo esplendor passado.
Refer quer eliminar passagem de nível mortal em Vila Franca de Xira
Uma morte por mês
Incêndio em Odivelas deixou 15 sem casa
"Recuperação pensada no seu todo"
Câmara deve 4,5 milhões ao Exército
Ninho de reis, espiões e do PRD
Bicicletas passam a viajar de borla no comboio da Ponte 25 de Abril
Mais de cem pessoas marcharam pelo Alviela
Coruche inaugura piscinas de 6,5 milhões de euros
Algarve não deve ter mais de 41 campos de golfe
Um jardim da vergonha no Parque das Nações
O aumento do preço dos transportes vai afectá-lo?
Pavimento escalavrado sem data de reparação