Afinal existem provas

de que Paulinho Santos

agrediu João Vieira Pinto durante o jogo

A TVI colocou no ar imagens que dão conta do sucedido

e António Oliveira deu

o braço a torcer, criticando

a acção do portista

e pedindo desculpas

Miguel Amorim

Luís Antunes

Surpreendendo tudo e todos, a TVI mostrou, ao início da noite de ontem, imagens que "relatam" uma cotovelada de Paulinho Santos a João Pinto. A jogada não tem nada a ver com a "molhada" de jogadores e a confusão que se gerou entre os intervenientes no desafio e que, de imediato, levou o árbitro António Costa a expulsar os dois futebolistas.

O lance, anterior à discussão generalizada que se instalou no campo, até passa despercebido (provavelmente, o árbitro nem se apercebeu do "embate"), mas é visivel que Paulinho Santos, quando passava pelo benfiquista, agrediu João Pinto na face, de forma sorrateira.

As imagens vieram a público, pela primeira vez, durante a emissão do programa "Directo XXI", originando que António Oliveira, por parte do F. C. Porto, viesse a terreiro lamentar a atitude do seu pupilo e pedir um inquérito interno de forma a serem apuradas as responsabilidades do vilacondense. Pelo meio ficaram os pedidos de desculpas a João Pinto e à massa associativa da Benfica.

"Vi as imagens com tristeza e espanto. Estou chocado e apenas tenho de repudiar o que se passou. Isto não é futebol. Vou pedir à direcção do F. C. Porto que proceda a um inquérito rigoroso. Durante todo este tempo fui enganado. Sinto-me traído. O que se passou é inqualificável", disse, em directo e ao telefone, o treinador portista.

O vice-presidente do Benfica para a área desportiva, José Capristano, comentando as imagens da TVI, manifestou a sua "satisfação por o clube contar com jogadores sérios" e reiterou a intenção de efectuar uma exposição à FIFA e à UEFA.

"Os dois organismos vão ter conhecimento do estado em que se encontra o futebol português", disse o dirigente "encarnado".

"É a segunda vez que João Pinto vai para a sala de operações devido a atitudes lamentáveis de Paulinho Santos. Desta vez foi submetido a uma intervenção cirúrgica num local muito complicado, que o inibe inclusivamente de mastigar", completou.

Durante a tarde, na Luz, e fazendo uso das imagens da RTP, os responsáveis benfiquistas tentaram, sem êxito, provar a agressão, que apenas a TVI conseguiu mostrar. Os "encarnados" serviram-se de um lance ocorrido aos 62 minutos e que precede o momento em que João Pinto pontapeou Paulinho Santos.

O próprio vice-presidente do Benfica José Manuel Antunes sublinhou que "não se vê claramente a agressão", adiantando que o "o que se observa é a reacção normal de quem é atingido". O "vice" da Luz não poupou a RTP, considerando que a "transmissão da televisão pública foi escandalosa".

Ribeiro e Castro, outro dos dirigentes do Benfica e responsável pela área jurídica, afirmou que irão ser pedidas responsabilidades a Paulinho Santos e que, tanto ao jogador como ao F. C. Porto, serão exigidas indemnizações.

Guilherme Aguiar, director-executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, confirmou que os castigos aplicados a Paulinho Santos e a João Pinto podem ser reavaliados amanhã pela Comissão Disciplinar.

Apesar de não ter visto as imagens exibidas pela TVI, Guilherme Aguiar confirmou que as mesmas poderão ser "anexadas" ao protesto do Benfica, que pretende a despenalização do seu jogador e o agravamento do castigo ao portista.

Conforme é sabido, ambos os jogadores foram expulsos sábado durante o encontro no Estádio das Antas, com a Comissão Disciplinar da Liga a aplicar posteriormente dois jogos de suspensão aos protagonistas.

No entanto, o Benfica considerou a decisão injusta, defendendo que o seu jogador respondeu a uma agressão de Paulinho Santos. "O Benfica tem o legítimo direito para fazer as denúncias que quiser. As imagens podem mesmo fazer parte da sua reclamação, que tem de ser enviada até amanhã. Depois, caberá à Comissão Disciplinar deliberar", afirmou o director-executivo.

Caso a Comissão Disciplinar não atenda a reclamação, o Benfica poderá ainda recorrer posteriormente para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.