que «o PS tinha metido o socialismo na gaveta» e pensei que V. Ex.ª ia por esse caminho. No entanto, ao referir que é preciso meter a justiça social na macroeconomia, o Sr. Deputado quis, certamente, dizer que há justiça social na microeconomia.

O PSD pode, realmente, orgulhar-se do seu Governo porque, em termos de justiça social, está atender ao maior número de portugueses.

Falou depois na questão da pobreza. Eu não sabia, Sr. Deputado, que havia pobreza urbana e pobreza rural. V. Ex.ª só aqui falou na pobreza urbana!... A pobreza também está dividida em urbana e rural?

Risos do PS.

Sr. Deputado Torres Couto, a terminar, quero dizer-lhe que, para mim, há uma outra pobreza, a do seu discurso, que foi uma pobreza cultural.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (Indep): - Que grande esforço!...

Aplausos do PS e do CDS.

Sr. Deputado Joaquim Marques, V. Ex.ª perguntou-me se era possível separar o deputado do PS do Secretário-Geral da UGT. Respondendo-lhe de uma forma muito simples: felizmente não é possível!!

E não é possível porque sou responsável por uma central sindical e sou deputado de um grande partido de trabalhadores, um partido com enormes preocupações sociais, o partido da liberdade, o partido que não suspende os seus militantes por pensarem de forma diferente do chefe...

Aplausos do PS.

O Sr. Joaquim Marques (PSD): - Quem é que expulsou o Aires Rodrigues?

O Orador: - ..., é o partido onde podemos livremente, sem sanções e sem punições, defender as nossas posições e, inclusive, marcar as nossas diferenças. É por isso que sou socialista e é por isso que não há incompatibilidade alguma entre as duas funções.

De qualquer maneira, em outras bancadas, como a sua, há, de facto, algumas incompatibilidades, que referirei.

O Sr. Joaquim Marques (PSD): - Quem é que expulsou o Aires Rodrigues?

O Orador: - Gostaria de dizer ao Sr. Deputado Joaquim Marques, por quem tenho um grande respeito e uma enorme amizade pessoal, que, para mim, é tremendamente penalizador, é muito difícil, responder a questões que me colocou não por imposição da sua consciência mas apenas por obrigação e por disciplina partidária. No entanto, o Sr. Deputado a isso me vai obrigar.

Como consigo separar as coisas e não tenho qualquer dificuldade em encerrar o pequeno contencioso aqui estabelecido consigo, estou convencido de que, depois disto, a nossa amizade vai continuar. Parece-me extremamente incorrecto, em nome do passado que V. Ex.ª aqui citou, em nome, inclusive, de uma história que, efectivamente, fizemos juntos, contrariando grande parte de militantes do seu partido a de deputados que actualmente se sentam na sua bancada, contrariando mesmo a vontade do líder da altura, Dr. Sá Carneiro, que também estava contra o percurso conjunto que trilhámos, que é inaceitável, o Sr. Deputado, que Ex." se tenha dirigido a mim dizendo: «Sr. Deputado, Secretário-Geral da UGT». Isso é tão incorrecto como se eu lhe respondesse dizendo: «Sr. Deputado, Ex-Secretário de Estado do Emprego».

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Era grave, era incorrecto, não o faço e lamento profundamente que V. Ex.ª, uma pessoa que me habituei a respeitar pelo seu comportamento elevado, pela forma correcta como se comporta na política, o tenha feito. Não esperava que tentasse, com essa pequena nuance, lançar alguma confusão num debate que, em nome da minha bancada, estou disposto a assumir com W. Ex." até às últimas consequências.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E estou disposto a assumi-lo até às últimas consequências pela simples razão de que VV. Ex.ªs querem confundir as questões. VV. Ex.ªs pretendem que eu, pelo facto de, como líder sindical, ter tido uma reunião institucional com o Sr. Primeiro-Ministro, seja obrigado a chegar à tribuna desta Assembleia e, sonegando a verdade, dizer que o Governo negoceia e dialoga.

Quero dizer-lhe, Sr. Deputado, que já cheguei à conclusão de que quantas mais horas dialogo com o Primeiro-Ministro menos negoceio, de quanto mais tempo passo com o Sr. Primeiro-Ministro menos vontade