Talvez me tenha enganado, mas baseei-me num trabalho de um especialista muito sério. E o Sr. Ministro verá em breve este indicativo certo ou errado,- porque, de facto, não sou especialista - quando esse trabalho for publicado, o que acontecerá dentro de pouco tempo. Portanto, já vê que não falei de cor. No entanto, por outro lado, se me enganei em 20 pontos, errei cerca de 50%. Contudo, o Sr. Ministro enganou-se em 100% na taxa da inflação e manteve esse engano quando era já óbvio!
Aplausos do PS e do PCP.
Aplausos, do PS.
Afirma também o Sr. Ministro quer com mais experiência, eu vou lá.
Bem, V. Ex.ª já só tem de esperar é que eu morra, pois já não vou muito longe em termos de experiência.
Diz também V. Ex.ª, que o trabalho está agora «mais acima» do que quando deixei o Governo.
Não compare coisas incomparáveis, Sr. Ministro. Desculpe-me que lhe diga, mas isso é. falta de escrúpulo mental. De facto, V. Ex.ª não pode comparar a situação do último governo do bloco central, seja no trabalho, na Segurança Social, no nível das pensões, no preço dos salários ou no que for, com a situação que agora disfruta.
Eu não vos acuso de a situação não estar melhor - aliás, estaria melhor em qualquer caso, mesmo que os senhores tocassem violino. Do que, eu vos acuso é de neste momento, em que poderiam aliviar a cruz de muitos portugueses, a não aliviarem, pois vivem em função de performances técnicas - e não em função de solidariedade humana ou de preocupação com o vosso semelhante .
Aplausos do PS.
pessoalmente tenho simpatia por este Sr. Primeiro-Ministro; damos-nos bem, penso eu. Politicamente é que não. Pessoalmente não há qualquer problema. O Primeiro-Ministro é uma pessoa honesta e um professor ilustre. Só que ele é também aquilo que lhe tenho dito nos meus discursos e por isso não posso gostar dele politicamente - era hipócrita se dissesse que gostava.
Penso que o Sr. Primeiro-Ministro não é uma planta de estufa. Ainda hoje fez aqui, ao meu partido, acusações de uma gravidade extrema e até completamento fora do contexto. Na verdade, 35 páginas do seu discurso são para falar de uma coisa que não estava em causa, incorrendo mais uma vez no tal anticomunismo, não primário mas pré-primário. E a verdade é que não se apercebeu que pode, na base desta coligação, estar uma atitude completamento diferente de um «dar a mão» ao PCP.
Não é isso, Sr. Ministro das Finanças. Isso que nós fizemos traduz-se, em primeiro lugar, no exercício de um direito que os senhores não têm nada que criticar. No entanto, devo dizer-lhe que não há o receio de isto se vir a transformar, como me pareceu resultar do discurso do Sr. Deputado Montalvão Machado, numa «frente popular» para as legislativas. Isto pela simples razão de que o povo já viu que, quando os senhores se coligaram com o PCP em Sintra, logo a seguir não veio uma «frente popular» à escala nacional.
Estejam, portanto, tranquilos, pois o povo também o está. Sabe-se que uma coligação para Lisboa pode ser, e ser só, uma coligação para Lisboa. Por amor de Deus, parem com isso, porque senão continuam a fabricar comunistas como Salazar fabricou, querendo afinal de contas, combatê-los.
Eu não tenho mau perder. Aliás, fui o único político que, numa eleição de 250 deputados, assumiu sozinho a responsabilidade da derrota - não encontra nenhum outro caso na política portuguesa. De facto, não fiquei ressentido, não fugi, não fiquei amuado, não disse: a política não me merece, não fui para cas
Mas há uma coisa que lhe quero dizer, Sr. Ministro: eu e o meu partido já fomos julgados uma vez, depois voltámos a sê-lo, voltámos a ganhar, e já pagámos, já cumprimos a nossa sentença. Quem está a ser agora julgado são os senhores.
Esta moção de censura é isso: o julgamento aos vossos actos. Portanto, não esteja preocupado com o que vai acontecer ao Partido Socialista ou mesmo ao meu futuro, porque o povo português, com o vosso exemplo, começa a ter sólidas razões para admirar os governos de que fiz parte e os actos que patrocinei como membro do Governo.
Risos do PSD.
Devo dizer-lhe uma coisa, Sr. Ministro: é injusto quando diz que sou um homem de tretas. Nunca me vanglorio disto, mas não encontro nenhum político por-