"Viemos Armados em Malucos"

Manuel Silva, Emanuel Correia e Mário Lúcio tiveram um passageiro clandestino. "Viemos com Deus", explicava Mário, o "motard" do trio, que partiu de São João da Madeira às 11h00 de sábado e chegou a Gelsenkirchen anteontem, pelas 23h00. A ajuda divina acabou por dar jeito: Emanuel, amputado de um braço, conduziu o BMW sem auxílio de ninguém e, em cima da hora, ainda arranjaram bilhetes "a preços normais", que é como quem diz oficiais, e hotel a dois passos do Arena a preços anormais. "Três quartos no La Scala, uma sala e pequeno almoço por 85 euros". Um achado.

"Viemos armados em malucos", resumiram. Pernoitaram em Baiona, em Genebra e já passaram a terceira noite na Alemanha. A viagem teve direito a "cerveja e vinho em quantidade", mas só para dois terços dos ocupantes. Emanuel ofereceu aos colegas uma "condução selecta" e foi recompensado com o milagre dos bilhetes. "Não tínhamos bilhete, mas comprámos hoje [ontem] sem roubos". "Agora, vamos com a Taça por aí a baixo". Outra coisa não se admite. Se o FC Porto ganhar, ficam para a festa; se o FC Porto perder... "Arrancamos logo, mas alegres na mesma".

Para o trio, tudo "depende do resultado". Mas, na opinião da maioria, o melhor é não desperdiçar a festa preparada pelos dois pólos de concentração de portugueses na região. À cabeça, o cada vez mais famoso restaurante Vasco da Gama. O cartaz está à porta: "Amigos dragões, amigos portugueses sejam bem-vindos a Gelsenkirchen. Temos festa azul e branca até às 03h da madrugada". A rua sempre vai estar fechada e sempre vai haver arraial para os milhares de adeptos esperados. Ontem, já se ouvia um ou outro "Tugas! Tugas!" envergonhado, mas o grosso do apoio chega hoje. A dona Fernanda Silva tem tudo pronto. "Gosto de fazer comida para muita gente", sublinhou a mãe da proprietária, que veio expressamente de Gondomar para ajudar à confecção dos petiscos. À sua frente, a cozinheira de serviço tinha as tripas em água e limão, as panelas preparadas para a jardineira, a orelheira, o toucinho e o feijão branco de molho. "Mas só trabalho até à hora do jogo", assegurou, acrescentando uns "calmantes" à receita. "Já estou a tomar hoje", sublinhou. "Sou uma maluquinha".

O segundo ponto obrigatório da festa portuguesa é o Centro Português Unidos a Gelsenkirchen. "Já sou empresário António Horta, já sou senhor doutor António Horta, já sou excelentíssimo senhor presidente António Horta". O telemóvel de António Horta, o presidente da pequena agremiação, não pára um segundo. São os preparativos. "A bateria acaba-se", comentava Abílio Ferreira (de Famalicão). "E a paciência", corrigiu José Miranda, sportinguista natural de Fermentelos. Não vai ao Arena, mas se fosse o Sporting... Aí o caso mudava de figura. "Largava tudo, não olhava nem à mulher nem aos filhos". Mas no Unidos são todos amigos. "Apoiava qualquer equipa, sou patriota", juntou Germano Ferreira, portista "do coração" que guarda com dedicação a cassete da final de Viena. Já estava emigrado na Alemanha, mas não foi. "Foi uma explosão". Mesmo em Gelsenkirchen, onde os adeptos do Schalke (que não vão à bola com o Bayern) ajudaram à festa. "Apitaram a noite toda", recorda João Sá, na altura com 12 anos - e que também conseguiu bilhete ontem por 69 euros.

Oliver Wittke, presidente da Câmara da cidade, estava confiante num dia "excitante". "A cidade está embandeirada. Será uma grande oportunidade para apresentar a região e para testar a cidade para o Mundial de 2006", resumiu aos microfones da Antena 1. Ontem, ainda assim, o resto de Gelsenkirchen continuava como sempre: indiferente às movimentações nas proximidades do Arena, no restaurante da moda e no Centros dos Unidos. Hoje, a história é outra.

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