Assim se verificou recentemente no Egipto e na China e em outros países.
Face a esta possibilidade de risco de colapso da indústria nuclear mundial, pergunta-se se cabe ao nosso país ajudar as indústrias nucleares de países mais desenvolvidos a suportarem as suas dificuldades e a ultrapassarem a situação com que se debatem.
Pergunta-se se o nosso país deve enveredar imediatamente por uma tecnologia que poderá vir a sofrer uma crise tão grave que ponha em risco a sobrevivência de algumas empresas e o apoio técnico que tem de continuar a dar às empresas de electricidade novos clientes, quer durante os trabalhos de manutenção, quer na substituição de peças deterioradas, quer na reparação de avarias.
Finalmente, pergunta-se que garantia de bom trabalho e de total seriedade de processos podem dar empresas com défice permanente e de futuro incerto?
Esta é uma breve resenha do panorama actual da construção de reactores nucleares.
Aplausos do MDP/CDE.
O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado António Gonzalez inscreveu-se para pedir esclarecimentos. Contudo, porque apenas dispõe de l minuto, pergunto-lhe se consegue ainda formular esse pedido de esclarecimento.
O Sr. António Gonzalez (Indep.): - Certamente, Sr. Presidente, tanto mais que já estou habituado a dispor de pouco tempo.
O Sr. Presidente: - Nesse caso, tem V. Ex.ª a palavra.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca, que dispõe igualmente de 1 minuto.
O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente Srs. Deputados: Começarei por dizer ao Sr. Deputado António Gonzalez que o MDP/CDE não pensa que essa seja a causa do problema nuclear francês. Pensamos -e está provado- que houve uma previsão de crescimento do consumo da energia nuclear demasiado optimista e que acabou por não se verificar.
Nessa altura não foi possível parar o programa nuclear francês e daí os problemas com que hoje se debate aquela indústria em França. A razão apontada por V. Ex.ª não é aquela que nos parece ter sido a principal responsável pela crise que se vive hoje no mercado da energia nuclear em Franca.
O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, tal como ficou acordado, está suspensa a sessão.
Após o intervalo, reassumiu a presidência o Sr. Presidente Tito de Morais.
O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão. Eram 22 horas e 25 minutos.
O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Guido Rodrigues.
O Sr. Guido Rodrigues (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A existência do Plano Energético Nacional, exaustivamente discutido e assumido nas suas linhas mestras pelas populações e posteriormente aprovado pelas instâncias competentes, constitui uma necessidade imperiosa do desenvolvimento coerente, global, do País.
Os diversos vectores que integram um plano energético, um especialmente, a componente nuclear, transformam-no num assunto polémico, difícil, com carga emocional significativa, portanto altamente politizado e ou politizável.
É um dado perfeitamente aceite a necessidade de diversificação das fontes de produção de energia, estabelecendo-se uma proporção adequada entre a produção de energia de origem hidráulica, de origem térmica, com base no petróleo e no carvão, e de outras origens, nomeadamente a nuclear e as renováveis.
Não é possível um país depender, muito especialmente um país como o nosso, sem produção petrolífera conhecida, na elevada proporção em que dependemos ' do petróleo.
Também é do conhecimento geral que todos os países industrializados recorrem actualmente em maior ou menor parcela à produção de energia por via nuclear, reconhecendo-se no entanto que há ainda sérios problemas tecnológicos a resolver para dominar completamente, para tornar perfeitamente segura, a energia nuclear.
Mas igualmente muitas outras dúvidas ainda subsistem no que toca à energia produzida a partir do carvão, a partir das energias renováveis, etc.
O problema da segurança das centrais e o dos resíduos respectivos são ainda dos que mais preocupam não só os que estão atentos ao assunto mas a generalidade das populações. Quantidades significativas de resíduos nucleares aguardam, por este mundo fora, destino final definitivo e seguro, no fundo dos mares, segundo alguns, no mais profundo do Badcock, segundo a maioria.
Constitui igualmente uma preocupação sempre presente a elevada quantidade de cinzas produzidas pelas centrais térmicas a carvão, as quais provocaram em vários países da Europa e nos Estados Unidos chuvas