O que se prova é o zelo do Ministro das Finanças na defesa dos interêsses da nação.

Depois é que veio a saber se que aquilo que se suponha um forte reduto financeiro era uma montanha de roubalheiras.

Veja a Câmara como a opinião pública estava informada procurando-se agitá-la no sentido de que os verdadeiros culpados escapassem à acção da justiça apontando êste caso como mais um tremendo crime que prova a incompetência desta República.

Como pode viver um país em que as "elites" são impunemente acusadas de colaborarem com corruptos!?

De maneira que eu julguei-me no direito de me libertar da situação ministerial para aqui e na praça pública poder afirmar livremente os factos tal como só passaram e defender os meus colegas do Govêrno e todos aqueles que pudessem ser atingidos por esta nova onda de lama de infâmias e suspeições. Procedi assim, porque se prezo muito a minha honra também prezo a dignidade dos meus concidadãos!

Tenho dito.

O orador foi muito cumprimentado.

Foi lido um acórdão da comissão de verificação de poderes.

O Sr. Presidente: - Proclamo eleito Deputado o Sr. Soares Branco, e convido os Srs. Jorge Nunes, Pestana Júnior e Carvalho da Silva para introduzirem S. Exa. na sala.

Entra na sala o Sr. Soares Branco.

O Sr. Amâncio de Alpoim (para explicações): - Segundo depreendi da afirmação do Sr. Tôrres Garcia, S. Exa. redigiu oito quesitos tirados do seu espírito sem coacção de ninguém.

Os quesitos não são consequência de um plano tenebroso, mas de S. Exa.

O que é certo é que eu fiz fé e juízo pela entrevista do Sr. Luís Viegas e por outras informações que me deram.

Os quesitos são iguais aos que eu possuo.

A segunda declaração do Sr. Ministro foi de que nem todas as respostas o satisfazem. Não é preciso sublinhar mais nada, Sr. Presidente.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal (para explicações):- Sr. Presidente: o Sr. Amâncio de Alpoim é, com certeza, ao contrário de todos os membros desta Câmara, muito pouco exigente.

O actual Sr. Ministro da Agricultura, que no Govêrno transacto foi Ministro das Finanças, declarou que fizera determinadas preguntas ao Banco de Portugal com o fim, sobretudo, de forçar aquele Banco a entrar em negociações com êle acerca de várias medidas que o Govêrno tinha como úteis para a causa pública, visto que se necessita, conforme eu, aqui, várias vezes, o sustentei, do acordo da parte contratante, Banco de Portugal.

Vieram as respostas do governador. O governador é um funcionário do Estado; e consta-me que a direcção do Banco de Portugal não tem conhecimento oficial das respostas dadas pelo governador. Essas respostas em nada obrigarão aquela direcção, nem podem depor em cousa alguma contra ela.

Vieram as respostas do governador do Banco. Toda a gente dentro desta Câmara pode discordar das atitudes do Sr. Tôrres Garcia, mas não deixa de o considerar um perfeito homem de bem. (Apoiados). Nestas condições nós encontramo-nos em face da seguinte situação:

Um homem de bem que a si próprio se apelida de pessoa competente, e que estava na pasta das Finanças, recebe as respostas das suas preguntas e contenta-se com elas.

Essas respostas não poderiam satisfazê-lo em absoluto, mas não lhe deixavam nenhuma dúvida no seu espírito acerca da honorabilidade da direcção do Banco de Portugal, pois que, se não sucedesse assim, o Ministro das Finanças, que não era um incompetente, nem um desonesto, havia de aplicar, por certo, à direcção do Banco as sanções que tivesse por convenientes.

Temos, pois, que as respostas dadas pelo governador do Banco nenhuma dúvida deixaram no espírito do Ministro das Finanças, de então, acerca da honorabilidade da direcção do Banco de Portugal. Pois muito bem! O Sr. Amâncio de Alpoim, comparando as preguntas com as respostas, acha que deve considerar a direcção do Banco de Portugal