Ministro da Saúde Criticado por Causa dos Genéricos

Luís Filipe Pereira em debate dos TSD-Coimbra

"Parece que estamos numa consulta externa", ironizou o líder dos Trabalhadores Sociais-Democratas de Coimbra, José Alberto Coelho, a entreter as cerca de 180 pessoas que, anteontem à noite, aguardavam há mais de uma hora a chegada do ministro de Saúde. Solicitado pelas rádios e televisões para comentar em directo a greve dos médicos dos centros de Saúde, Luís Filipe Pereira chegou muito atrasado ao debate promovido pelos TSD-Coimbra, onde ouviu elogios, mas também muitas críticas. A política de fomento dos medicamentos genéricos foi aquela que maiores reparos inspirou a uma plateia de militantes e simpatizantes do PSD, na qual os médicos estavam em maioria.

Hermano Gouveia, médico dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), acusou o Governo de ter um discurso "politicamente correcto" nesta matéria. "Os genéricos são defendidos do Bloco de Esquerda ao CDS, o que dá logo para desconfiar",acrescentou.

Para este médico, o Governo está a esquecer que também há medicamentos de marca substancialmente mais baratos do que os genéricos e que estes são apenas produzidos e comercializados para nichos de mercado que representam boas perspectivas de lucro para os produtores.

"Há 20% de medicamentos para os quais existem genéricos, mas no mercado são apenas 4 a 5 por cento. E não se vê o genérico de um xarope para a tosse", concretizou. José Manuel Silva, outro médico dos HUC e professor da Faculdade de Medicina de Coimbra, disse mesmo ter "dificuldades em prescrever genéricos". Para este clínico, o Infarmed não assegura um "controle de qualidade" - o instituto tem estabelecido prazos de validade para cópias de medicamentos que são superiores aos indicados para os originais, argumentou - e "alguma coisa tem que explicar a disparidade de preços" entre os genéricos e os medicamentos de marca.

O ministro da Saúde garantiu a qualidade do serviço prestado pelo Infarmed e insistiu que a generalidade dos genéricos é mais barata. Mas insistiu estar acima de tudo preocupado que a prescrição seja, além de eficaz, a mais barata possível. Daí, a divulgação de preços de referência para todos os fármacos aprovada pelo Governo - medida que, anteontem, foi aplaudida por todos os intervenientes.

Em dia de greve nos centros de saúde, a possibilidade, defendida pelo ministro, de médicos que não têm essa especialidade exercerem clínica geral, também suscitou várias intervenções críticas. Já a possibilidade de os centros de saúde serem dirigidos por pessoas que não sejam médicos foi admitida, e até defendida, pelos clínicos e enfermeiros presentes.Em todo o caso, Luís Filipe Pereira avisou que não recuaria na questão dos médicos sem especialidade de clínica geral. "São mil profissionais que exercem há dez anos, sem que alguma vez tenha sido posta em causa a sua qualidade", comentou.

A introdução de mecanismos de gestão mais racional dos recursos do Serviço Nacional de Saúde, a consideração do mérito na progressão das carreiras e a reavaliação da formação dos médicos portugueses foram outras ideias apresentadas pelo ministro da Saúde que se revelaram pacíficas.

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