Foi um Papa com um ar visivelmente cansado e apoiando-se pesadamente numa bengala que os franceses puderam ver ontem, através da Televisão, à saída do seu avião no aeroporto de Orly, em Paris.
Às 10.30 horas, o Papa apareceu à porta do avião, antes de descer lentamente as escadas, onde se encontravam o presidente francês, Jacques Chirac, o cardeal de Paris, monsenhor Lustiger, e outras personalidades políticas e religiosas.
Manifestando dificuldade em se deslocar, o Papa, de 77 anos, percorreu depois os 80 metros que o separavam do salão de honra do aeroporto.
Um helicóptero transportou o Sumo Pontífice até à Esplanada dos Inválidos, onde foi delirantemente aclamado por milhares de jovens de todo o Mundo.
João Paulo II percorreu a seguir no seu "papamóbil" a curta distância que o separava do Palácio do Eliseu, onde foi acolhido de novo pelo presidente Jacques Chirac.
Os discursos foram pronunciados sentados. João Paulo II deu mesmo aos telespectadores a sensação de adormecer durante o longo discurso do presidente francês.
Respondendo a Jacques Chirac, o Sumo Pontífice saudou a França e a juventude mundial reunida em Paris para estas Jornadas Mundiais da Juventude.
De tarde, o Papa João Paulo II presidiu à grande cerimónia no Champ de Mars, onde estiveram reunidos mais de 500 mil jovens estrangeiros e franceses, no que foi também um dos momentos mais fortes destas jornadas.
Após a calorosa recepção no Champ de Mars, o Papa visitou o Palácio dos Direitos do Homem, na Praça do Trocadero, para uma homenagem às vítimas da miséria, antes de se dirigir à Nunciatura, onde ficará durante a sua estada em Paris.
No "Trocadero", onde fica o Museu do Homem, João Paulo II prestou uma homenagem às liberdades e aos Direitos do Homem, num tributo ao padre Joseph Wresinski, fundador do movimento "ATD - Quarto Mundo".
Hoje de manhã, o Papa celebra a missa de beatificação de Frédéric Ozanam, na Catedral de Nossa Senhora de Paris. Pelas 18 horas, visita a Catedral de Evry, na região parisiense, recentemente edificada.
Aqui, o Papa conta recolher-se na campa do "seu amigo", o padre Jérôme Lejeune. Trata-se de uma visita "estritamente privada", conforme refere a Conferência Episcopal Francesa.
Amanhã de manhã, João Paulo II celebra uma missa na Igreja Saint-Étienne du Mont com os jovens do "Forum Internacional", reunidos desde o dia 13 no âmbito das XII Jornadas Mundiais da Juventude. À noite, pelas 20 horas locais participa numa vigília no Hipódromo de Lonchamp.
O último dia das Jornadas Mundiais da Juventude será assinalado no domingo de manhã, dia em que o Papa celebra no Hipódromo de Lonchamp uma missa de acção de graças, sendo esperada uma multidão de centenas de milhar de pessoas.
Jovens católicos de todo o Mundo, incluindo 4.200 portugueses - e também uma delegação de timorenses - , estão reunidos na "Cidade Luz" para debater os problemas e os desafios que hoje em dia enfrentam.
João Paulo II deixa o aeroporto de Orly pelas 17 horas locais, de regresso a Roma, sendo saudado à partida pelo primeiro-ministro gaulês, Lionel Jospin.
Trata-se da sexta viagem pastoral que o Papa efectua a França, desta vez para se reunir com jovens.
Refira-se, entretanto, que uma sondagem publicada ontem, no próprio dia da chegada de João Paulo II a Paris, revela que 65% dos franceses consideram a religião "pouco ou nada importante" para as suas vidas. O estudo foi divulgado pelo jornal de inspiração cristã "La Croix".
A maioria dos franceses (64%) considera ainda que a Igreja exerce uma influência negativa "na luta contra as doenças sexualmente transmissíveis" e "no debate sobre o aborto".
Enfim, para 77% das pessoas interrogadas, as religiões são um "factor de divisão entre os homens".
Esta sondagem é a segunda publicada em dois dias, em Paris. Na quarta-feira, foram revelados os resultados de uma outra sondagem, segundo os quais cerca de 60% dos franceses consideram o Papa João Paulo II "conservador e retrógrado".