Porém, muito mais do que olhar para o passado, interessa-nos olhar para o futuro - e foi para isso que o PRD apareceu. Temos consciência do contributo decisivo que demos, através de alguns dos nossos deputados, para que a Assembleia da República tivesse na discussão desse orçamento suplementar o papel de grande importância que teve, pela primeira vez assumindo em plenitude as suas competências e responsabilidades nesta matéria. E esperamos que, doravante, não se voltem a verificar situações como aquela a que agora se pôs cobro, antes, pelo contrário, se solucionem as situações semelhantes que ainda se verificam.

Aplausos do PRD.

O Sr. Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Amândio de Azevedo.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Sr. Deputado Hermínio Martinho, relativamente à ideia base que determinou a intervenção que V. Ex.ª acaba de fazer, há, evidentemente, uma concordância sem quaisquer limites. Ou seja, há uma concordância total relativamente à ideia de fundo de que é indispensável que, neste e noutros domínios, a actuação seja conforme com a lei e que os agentes políticos ou administrativos que violem a lei sejam, de acordo com esta, chamados à sua responsabilidade.

De facto, um dos problemas mais graves da nossa sociedade e da nossa vida política é a ausência de responsabilização daqueles que violam a lei ou não cumprem os seus deveres.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Olha quem fala!

via eventualmente diferente da sua, o Governo se empenhou seriamente e sem qualquer reserva, sem que lhe possam dirigir críticas a esse respeito, na ultrapassagem de uma situação que criticou e que considero que criticou com toda a razão.

Como última nota, creio ainda que, por exemplo, em matéria de contas, o Governo apresentou já as contas relativas a 1984 dentro do prazo, pela primeira vez e na linha da sua preocupação de, efectivamente, alterar completamente a situação que se tem vivido até este momento.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Hermínio Martinho.

O Sr. Hermínio Martinho (PRD): - Sr. Deputado Amândio de Azevedo, V. Ex.ª acaba de expressar a sua opinião que a mim, naturalmente, me compete respeitar. No entanto, em relação às minhas afirmações iniciais e embora V. Ex.ª conteste algumas delas, gostaria de salientar que mantenho o que disse.

Em relação à seriedade e à transparência ficou aqui claro que algumas das afirmações de membros do Governo não correspondiam, de facto, à verdade. Isso ficou perfeitamente claro.

Também é verdade que o que eu gostaria que realçasse da minha intervenção é que o nosso aplauso só não é total pelo facto de o Governo não ter levado até ao fim esse saneamento e foi o próprio Governo que reconheceu, aqui perante a Assembleia, que, de facto, há operações que não foram regularizadas. Era isso que gostaríamos que acontecesse.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Tiago Bastos.

O Sr. Tiago Bastos (PRD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: São cerca de 13 000 alunos que vivem hoje uma situação de instabilidade e insegurança nas Faculdades de Letras de Lisboa, Porto e Coimbra. Como é do conhecimento público, estes alunos levaram ontem a efeito uma greve. Importa, pois, serem hoje aqui trazidos os problemas que atingem estes jovens.

Em primeiro lugar, deparam-se com grandes dificuldades de colocação os jovens licenciados por estas faculdades cuja saída é, predominantemente, o ensino preparatório e o ensino secundário. O índice de desemprego é cada vez maior, pois basta lembrar que no concurso de 1985-1986 de 13 394 candidatos somente 4470 foram colocados, menos de um terço, portanto!

Em segundo lugar, é flagrante a falta de articulação entre as matérias curriculares dos seus cursos e as realidades sociais, as exigências do desenvolvimento técnico e científico e o mercado de trabalho.

Para além disso, esses mesmos alunos vêem-se ainda confrontados com uma situação de manifesta desigual-