Portugal vai reencontrar a Argentina amanhã nas meias-finais do torneio

Manuel Luís Mendes

Enviado JN

A selecção olímpica conseguiu, em Miami, escrever história ao qualificar-se para as meias-finais depois de afastar a França por "morte súbita". Este jogo - e o seu desfecho - mostrou que esta selecção tem uma estrelinha a acompanhá-la, pelo que tudo pode acontecer em relação à obtenção de uma medalha, o que colocaria os portugueses no topo do futebol nesta categoria.

Com efeito, contrariamente ao acontecido com os "europeus" que, notoriamente, não receberam o mínimo sopro dos deuses da fortuna, os nossos olímpicos vão de vento em popa a caminho de uma medalha.

Isto partindo-se do princípio que tal desiderato é possível, já que será pedir demais exigir-se a final.

É que a Argentina demonstrou ante a Espanha que, contrariamente a outras formações, mantém-se imune ao calor e à humidade, tendo-se dado mesmo ao luxo de deixar de fora no jogo com os nossos vizinhos alguns dos seus craques, como foi o caso de Simeone.

Quanto a Portugal nota-se que, fisicamente, a equipa está a ressentir-se do desgaste provocado por um "torneio relâmpago" a que os nossos jogadores não estão habituados no nosso país.

Na realidade, no jogo com a França a equipa mostrou, no segundo tempo, que está longe de ter uma óptima condição física. Pelo contrário, houve jogadores que deixaram de ter pernas para os franceses, nitidamente mais fortes e com uma dinâmica de jogo mais eficiente.

Só num ligeiro assombro de dignidade, no final da partida, os portugueses deram a imagem de que não estavam ali unicamente para ver o adversário jogar.

No prolongamento, acabaria por ser beneficiado por um lance confuso e que deixou algumas dúvidas em relação a um eventual fora-de-jogo.

Mas, como o realizador norte-americano não sabe o que são os lances sensíveis de uma partida de futebol, ficou por ser feito o respectivo "replay" que tiraria as dúvidas.

Todavia, pior do que o realizador esteve o árbitro italiano Collina - muito cotado na FIFA... -, pois no lance do "penalty" cometeu um duplo erro de palmatória. Primeiro, não mostrou o amarelo, no mínimo,ao guarda-redes francês. E, depois, deveria ter validado o golo, já que a bola entrou na baliza e ao assinalar um "penalty" beneficiou claramente o infractor. Se os portugueses falhavam esta penalidade... era bom e o bonito...

Os erros da arbitragem acumuluram-se, mas o comité da arbitragem da FIFA vai insitindo sempre nos mesmos "amigalhaços"...

No cômputo geral da partida, Portugal não mereceria passar, não obstante o público ter "puxado" pela nossa equipa, claque brasileira incluída.

Curiosamente, os jornalistas do Brasil que assistiram ao encontro - a sua selecção vai hoje jogar também no mesmo estádio -, foram unânimes em considerar a França como sendo superior a Portugal.

Mas futebol é futebol e quem marca é quem ganha.

Nesta partida houve um momento "menos conseguido" após a saída de Litos, já que Beto não está à altura, de forma alguma, da capacidade do boavisteiro. Esta foi uma baixa importante para os portugueses.

Outra razão para a exibição sem brilho feita pelos olímpicos residiu na falta de personalidade ofensiva, fundamentalmente depois do golo inaugural.

Marcar e defender é a triste sina que, de quando em vez, afecta as nossas equipas com todas as consequências negativas que daí advêm.

Esperemos que nas meias-finais a selecção jogue mais personalizada.

Se o não fizer, os argentinos encarregar-se-ão de "massacrar" a defensiva portuguesa, agora mais fragilizadada com a saída de Litos.

Temos de acabar com esta endémica atrofia de nos mostrarmos fracos quando podemos continuar a ser fortes, mais por razões psicológicas do que propriamente por incapacidade própria.

Árbitro: Pierluigi Collina (Itália). Cartões amarelos: Dieng (4 m), Capucho (12 m), Maurice (20 m), Legwinski (40 m), Kenedy (42 m), Peixe (6O m), Andrade (66 m), Vidigal (68 m) e Afonso Martins (93 m). Cartão vermelho: Bonissel (104 m).

PORTUGAL - Nuno; Andrade, Rui Bento, Litos (Beto, 13 m) e Rui Jorge (Afonso Martins, 60 m); Peixe e Vidigal; Calado e Kenedy; Capucho (Dani, 50 m) e Paulo Alves.

Ao intervalo: 0-1. Marcadores: Capucho (aos 7 m), Maurice (aos 49 m, grande penalidade) e Calado (aos 104 m, grande penalidade).