A irmã dos pobres
Libânia do Carmo Mexia de Moura Telles e Albuquerque era de família nobre e aparentada com os marqueses de Távora e os marqueses da Fronteira.
Nasceu no dia 15 de Junho de 1843, no Palácio da Quinta dos Bosques, Amadora, perto de Lisboa. Aos 26 anos de idade, sabendo que outra missão lhe estava reservada, deixa tudo o que possuía para abraçar a vida religiosa, e se dedicar inteiramente à causa e ao serviço dos mais humildes, dos pobres, das crianças e de todos os que sofrem, tomando o hábito simples de religiosa e o nome de Irmã Maria Clara do Menino Jesus.
Esta notável religiosa veio a ser a fundadora e também a superior-geral da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição.
Devido à sua coordenação, dinamismo e incentivo, a sua vasta obra expandiu-se rapidamente por todo o território nacional, chegando até Angola, Goa, Guiné e Cabo Verde. Dotada de um coração todo de ternura e bondade, delicado e compassivo, Mãe Clara era uma permanente oração no labor contínuo de fazer o bem: aliviando sofrimentos, dando conforto espiritual, pão e agasalhos, tratando dos doentes e dos órfãos, sempre com a sua presença benfazeja em todos os caminhos e em todos os lugares... tarefa inquietante que a não deixava descansar. Ela procurava a força, na força de Deus pela oração e no grande amor que tinha pelo próximo, ficando conhecida pela Irmã dos Pobres.
Diz-nos Maria Lucília L. de Carvalho, em certo momento do seu belo e amoroso livro "A Irmã dos Pobres": - "Mãos em prece, chama crepitante de si mesma é a vida de oração da Mãe Clara".
"Vida de oração... vida de amor, que busca, anseia, procura sempre descobrir a vontade de Quem ama".
"Vida de oração... vida humilde, iluminada pela verdade de Deus que a lança no mais profundo abismo da oração".
"Vida de oração... vida de fé, visão d'Aquele que é Certeza e os sentidos não percebem. Fé que se reveste de pobreza para desabrochar em fraternidade e esper ança". "Vida de oração... a história de Deus escrita na vida de Mãe Clara...".
Ao ler estas belas e lindas palavras que muito me comoveram, não deixo de meditar também no que diz Henri Ghéon no seu livro o "Cura d'Ars:"
"O maior de todos os corações é o coração de um santo. Não lhe basta abrir-se ao próximo e ao estranho, a toda a humanidade sofredora, pecadora ou hostil; é a Deus que ele quer abarcar"!...
Madre Maria Clara do Menino Jesus faleceu com fama de santidade no dia 1 de Dezembro de 1899.
Conhecida como era pela sua extrema caridade, mansidão e humildade, a notícia faz chorar pobres e crianças, órfãos e doentes, nobres e povo simples. Depositada num sepulcro novo no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, cedido por pessoa amiga, aí repousou incorrupta, durante 55 anos. No dia 5 de Maio de 1954 foi transladada para a Igreja do Convento de Santo António, em Caminha, onde permaneceu até 1988.
Desde o dia de 1 de Dezembro desse ano, os seus restos mortais conservam-se na cripta da nova Casa-Mãe da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, em Linda-a-Pastora, meta da peregrinação dos seus devotos. E diz-nos ainda Maria Lucília L. de Carvalho, Irmã pertencente à Liga Pró-Canonização da Madre Maria Clara do Menino Jesus: - "Porque muito amou, o Senhor cumulou-a de imensas graças que se vão perpetuando, tempos além, no coração de cada Irmã Franciscana Hospitaleira".
"Em Deus, continua ainda com os pobres, nos favores que derrama sobre quantos imploram a sua intercessão junto de Deus".
Hoje a Congregação está espalhada por quatro continentes, e as suas Irmãs, no dia-a-dia da sua doação a Deus e ao próximo, concretizam o lema que orientou a vida da sua fundadora: -
No próximo dia 15 de Junho do corrente ano comemora-se o 153º aniversário do nascimento de Mãe Clara. Desde já presto a minha singela homenagem a esta notável, humilde e sa nta religiosa portuguesa, modelo de virtude e de amor a Deus e ao próximo, a imitar.
Francisco Saldanha de Oliveira