Festivais de jazz continua em alta
Com a temporada definitivamente marcada pela impressionante "cimeira vanguardista" que foi a edição do Jazz em Agosto 2000, o circuito dos festivais de jazz não pára de crescer e de subir a fasquia da qualidade. Em Setembro, Braga entra no mapa com o pé direito e em Novembro a próxima edição do Guimarães Jazz também já está definida.
A tendência não é nova - de ano para ano o circuito nacional dos festivais de jazz aumenta, alargando a oferta, em quantidade e qualidade. De um passado próximo, dominado pelas correntes estéticas há muito consolidadas na história, entrou-se num ciclo de ampla variedade, onde é possível tomar o gosto a uma significativa maioria de novas opções, saudavelmente polémicas.
Mais importante do que a sempre recorrente questão das fronteiras do jazz (existem ou não? se existem convém derrubá-las? se não existem há que criá-las?) será reflectir sobre a sua identidade. E para isso, nada melhor do que atravessar e mergulhar na múltipla realidade hoje vendida com o carimbo de "jazz" (mesmo por alguns dos mais acérrimos defensores da proibição de colocar rótulos na música...)
Para comemorar o bimilenário da cidade de Braga, aí está a "Mostra Bragajazz", uma iniciativa da Fundação Cultural Bracara Augusta, dinamizada por uma comissão organizadora constituída por José Carlos Santos, Ivo Martins e Sérgio Araújo. Apoiada por entidades como o Ministério da Cultura e a Câmara Municipal de Braga, a ambição da Mostra é, logicamente, crescer e multiplicar-se. Se o público e os apoios estiverem à altura do cartaz, Bragajazz tem futuro.
Assim, entre 22 e 24 de Setembro, o Auditório do Parque de Exposições de Braga vai receber seis concertos, altamente recomendáveis. Depois, em cima do palco, se verá se as expectativas dizem sim ou não. Na sexta-feira, 22, a noite abre com o Azur Quintet do contrabaixista Henri Texier. Quem ainda se lembra da sua presença nos primeiros Cascais, na European Rhythm Machine de Phil Woods vai querer matar saudades. Quem o tem acompanhado ao longo dos anos e conhece os cantos de Azur só falta se tiver de ser. Azur são hoje Glenn Ferris (trombone), Sébastien Texier (sax/clarinete), Bojan Z. (piano), Tony Rabeson (bateria) e, claro, Texier. Na segunda parte, há festa com o octeto do soprador Gianluigi Trovesi, italiano da Instabile Orchestra mas nada instável na bondade da sua música. Conhecer o jazz italiano contemporâneo é uma viagem urgente.
Dia 23, Steve Kuhn, David Finck e Billy Drummond cultivam a arte do trio piano-contrabaixo-bateria, o mais clássico no jazz e um dos mais produtivos. Muito a favor, nada contra. Steve Kuhn é pianista maior, conhecido por cá de modo menor. A noite fecha com o quarteto do baterista Matt Wilson. Ouvi-lo é um prazer, vê-lo é outro. A criatividade torrencial de Matt sobre as peles e os pratos tem dimensão orquestral (desde que se aceite, também, a capacidade minimal da bateria).
O último dia, domingo 24, começa com um homem da casa, o trio do bracarense Manuel Beleza (órgão Hammond) e acaba na voz de Jeanne Lee (cantora de longo e variado currículo) com o trio do pianista Alain Jean-Marie, um dos grandes da cena francesa.
Todos os concertos são de entrada livre.
A partir de 9 de Novembro e até 18, o Guimarães Jazz já tem contas feitas. Embora ainda sem elenco colectivo exaustivo, já é possível adiantar os nomes dos líderes. Estreia com uma Big Band dirigida por Gil Goldstein, com concerto temático - "Pastorius & Flamenco Jazz" (dia 9): sexteto de Ernest Dawkins + Joe Fonda & "From The Source" (10); projecto "Monk's Dream" com Steve Lacy e Roswell Rudd + Carlos Maza "Cubrasil Trio" (11); Cyro Baptista "Beat The Donkey"/Pedro Moreira (15); Ernst Reiziger, seguido de Vandermark 5 (16); Giorgio Occhipinti Hereo Tentetto (17); e a terminar David Binney Ensemble (18).
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