não se pode, levianamente, escolher o local para uma incineradora em Estarreja quando os ventos dominantes vão trazer as partículas venenosas, intoxicantes - os furanos e as dioxinas - directamente para Aveiro, cidade com uma população assinalável.
Também não se pode escolher Vagos para aterro tóxico, pois trata-se de uma zona húmida e com níveis friáticos muito elevados, situada perto da ribeira do Pontão, que conduz as águas a outros locais, bem como de um canal da ria de Aveiro que importa preservar.
Esta é, pois, uma intervenção perigosa que não pode ser assumida leviana, precipitada e amadoristicamente, como tem estado a ser feito.
Outra crítica que faço prende-se com o facto de se ter consentido nos anúncios que têm passado na televisão e nos outros órgãos de comunicação social sobre o problema dos lixos e dos aterros, pois trata-se de uma propaganda realmente viciada, desonesta e inaceitável.
Para terminar, gostaria de vos dizer que a população da região está preocupada e activa, esperando que todo este processo seja revertido ao início, de forma a ser programado e conduzido segundo as normas correctas e de modernidade.
Com efeito, a incineradora e o aterro tóxico que querem implantar, cujas técnicas já foram a última palavra, estão manifestamente desactualizados, desusados e postos em crise por esse mundo mais evoluído e, tecnicamente, mais actualizado.
O Sr. Álvaro Viegas (PSD): - Aponte uma solução!
O Orador: - Tenho elementos, mas não vale a pena estar a enunciá-los...
O Sr. Silva Marques (PSD): - Vale, vale!
O Orador: - Vale a pena? Então, eu digo!
O entendimento da OPCA com a France Dechets, que depois deu origem a duas outras companhias semimajestáticas, ou seja, a Ecotredi para o aterro e a Sigal para a incineradora - a Tecninvest é outra conversa e já lá irei!
Com efeito, a France Dechets está a impingir-nos técnicas que já não têm actualidade na Europa mais evoluída, ou seja, está a seguir o esquema de exportar para o Terceiro Mundo as sobras e as técnicas que estão démodées, para usar a expressão francesa!
O Sr. Silva Marques (PSD): - O que é que propõe?
O Sr. Silva Sr. Deputado?
(PSD): - E os servos da gleba,
O Orador: - Os servos acabaram, pelo menos, do meu ponto de vista! Já não há servos da gleba nem escravos e o Sr. Deputado sabe, tão bem como eu, que assim é! Aliás, também comparticipou para que assim passasse a ser.
O Sr. Silva Marques (PSD): - Não estou seguro!
O Orador: - Não participou? Penso que sim!
Aplausos do PS.
Temos, pois, de ultrapassar esse vício de miserabilismo aparente.
Estarei com a gente da minha terra, pois acredito que não vão ser instalados estes focos de morte na nossa terra.
Somos a favor do progresso, da modernidade, da evolução, da saúde e contra a poluição e a morte; somos a favor da vida para todos, mas também para nós! Vivam, então, as Sr.ªs e os Srs. Deputados e viva também V. Ex.ª, Sr. Presidente.
Adeus e até ao meu regresso. Voltarei quando for oportuno.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, inscreveram-se os Srs. Deputados Silva Marques, Luís Peixoto, Olinto Ravara, André Martins, Casimiro de Almeida, João Rui de Almeida, Filipe Abreu e Manuel Queiró.
Tem a palavra o Sr Deputado Silva Marques.
O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Candal, pela consideração e pela amizade pessoal que lhe tenho, de há longa data, a sua intervenção não podia ficar sem resposta, porque a amizade impõe frontalidade.
Ora bem, o Sr. Deputado disse que nada presta, técnica e moralmente. O que é que presta? Ninguém? Nada? O Sr. Deputado? Tem obrigação de nos dar uma resposta.
Se a tecnologia prevista não presta, então, qual é a válida? A resposta a esta questão constitui uma obrigação imperativa, sob pena de o seu discurso ser uma simulação e não uma abordagem reflexiva e séria de um dos problemas mais graves com que se defronta o nosso país. Técnica e moralmente, repito, o que é que presta?
Sr. Deputado, esta é uma herança do anterior Governo, do anterior e de muitos anteriores! O que é que o Sr. Deputado fez, como cidadão e como Deputado, para que este problema tivesse uma resposta? Hoje, antes e há anos? Tem obrigação de nos dizer.
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - No seu esboço tétrico de reflexão, o Sr. Deputado chegou a avançar com a seguinte questão: