A rua ditará a moda do século XXI
Manuel Neto
Os novos talentos no mundo dos criadores de moda vão ter de escutar a rua se quisrerem vencer no século XXI, esta é a opinião de especialistas do sector, segundo despacho da Agência Lusa.
"Não há moda, se ela não descer à rua", dizia Coco Chanel - mas há muito que a alta costura deixou de ditar a moda, a verdadeira, a usada no quotidiano. Chega mesmo a acontecer que as marcas de renome estão a recuperá-la ao aperceberem-se de certas roupas sob o betão das cidades.
"Os criadores trabalham no decorativo, mas muito pouco no vestuário. Muitos andam ainda pelo séc. XIX, vestem uma mulher que já não existe", constata Dominique Cuvillier, jornalista e consultora de Gabinetes de Estilismo.
Para ele, o futuro dos criadores passa pelo desporto, "por aqueles que vestem os adolescentes. O consumidor conduz a dança, é infiel às marcas e torna-se no seu próprio estilista".
Se os costureiros têm um futuro, ele reside "no excepcional: as pessoas continuarão a disfarçar-se para ocasiões especiais", acrescenta ele.
O conforto será muito mais importante, em detrimento do vestuário em si. As responsáveis são as novas fibras "inteligentes" como a ultra-recente "ultramicrofibra", inventada pelos japoneses, que mede 0,4 micros (milésima parte do milímetro), em vez dos usuais 2,4 micros. É tão leve que permite tecidos que não se sentem sobre a pele.
As modernas fibras poderão levar a uma verdadeira revolução. O objectivo é criar materiais que resolvam definitivamente o problema das estações: tecidos termorreguladores que armazenam o calor e o libertam quando faz frio.
Em 2005/2010, a técnica deverá permitir usar-se os mesmos tecidos todo o ano. Isto poderá pôr em causa a fiação têxtil, as apresentações sazonais de colecções, os salões de vestuário e muitas outras coisas do mundo da moda, como hoje o conhecemos.
É, pois, com este cenário à vista que há dias foram apurados os 15 finalistas do Concurso Design de Moda Novos Talentos Optimus 99, subordinado ao tema da banda desenhada e "direccionado a jovens recém-formados em design de moda (mas não estilistas profissionais) e a criadores espontâneos, com idades compreendidas entre os 18 e os 26 anos".
Os 15 finalistas são: Ângela Renata Costa (24 anos, de Lisboa), Carina de Lima (20 anos, de Santa Eufémia), Carla Maria Oliveira (21 anos, de Vale de Lobos), Célia Maria da Fonseca (22 anos, de Lisboa), Helena Guerreiro (23 anos, do Porto), Joana Lopes Jorge (20 anos, de Paço de Arcos), Lara Mendonça Guterres (21 anos, de Lisboa), Miguel Barros (24 anos, do Porto), Nádia Oliveira (20 anos, de Leiria), Paula Alexandre Pequito (21 anos, de Arraiolos), Pedro Pinto/Eurídice Conceição (19 e 20 anos, de Almada), Sandra Cristina Macedo (19 anos, de Vila Nova de Gaia), Solanja Ribeiro/Carlos Alberto (19 e 20 anos, do Porto), Vera Lúcia Almeida (21 anos, do Porto) e Verónica Teixeira (21 anos, da Maia).
O primeiro classificado terá acesso directo ao Portugal Fashion 99, onde apresentará uma minicolecção própria, além de ganhar uma viagem, com estada paga, a Nova Iorque, para assistir aos desfiles ready-to-wear e um estágio de um mês com um conhecido criador nacional. O segundo classificado viajará até Londres para assistir à London Fashion Week e o terceiro até à Cibeles, em Madrid.
Entretanto, empenhado em deitar por terra lugares comuns, o Gabinete Novos Talentos vai realizar, no próximo dia 12, na discoteca Indústria, em Lisboa, um casting com o objectivo de seleccionar modelos não profissionais para o desfile final da sétima edição do Concurso Design de Moda Novos Talentos Optimus 99. Pouco importa se são gordos ou magros, altos ou baixos, lindos ou feios. Basta aparecer!
As ilustrações mostram os dez elementos do júri que, entre centenas de propostas, escolheu os finalistas do Concurso de Design de Moda Novos Talentos Optimus 99