Em poucos minutos reúnem-se, juntam as pranchas e os pés-de-pato, rasgam o sorriso porque a aula vai começar. O professor faz a chamada, antes de partir para a areia porque é aí que se faz a revisão da matéria dada. Peles torradas pelo sol, colocam-se em fila, em cima da prancha e põem o dedo no ar quando é lançada a pergunta. Ainda há uma pequena confusão entre manobras e estilos, mas o corpo está já preparado para as "acrobacias" que o "body-board" exige. Cada um ao seu estilo, com as regras básicas interiorizadas. Têm entre seis e 18 anos, frequentam o Centro Comunitário de Esmoriz, moram no bairro dos pescadores de Cortegaça e Esmoriz, a dois passos do mar que os viu nascer. Nos tempos livres mergulham num ATL que, pela primeira vez, tem a praia e o mar como cenário. Não escondem a ansiedade de ir ao encontro das ondas e há mesmo os que não resistem a um rápido banho entre uma ou outra questão, este ou aquele exercício.

Antes de se fazerem ao mar, simulam que saltam as ondas. Disciplinadamente. E é assim que os miúdos dos bairros piscatórios passam parte das férias, bem perto de um recurso que lhes é muito familiar. Libânia Pereira, 14 anos, é a única menina de um dos grupos. E faz ver. Tem a técnica, sabe o que é preciso fazer em cada exercício. Até que chega a hora da verdade. A primeira vez que partia para o mar com a prancha na mão. Mergulhou com os ganchos no cabelo, tal era a ansiedade. "Tenho algum medo", confessava momentos antes de mergulhar. Não se notou.

Mário Jorge, 14 anos, conseguiu um fato à maneira para o "body-board" apesar de não ser o seu tamanho. Mas isso pouco importa. "Consegui-o numa destroca com os amigos", revelava. Já tinha algumas noções do desporto e, por isso, é difícil tirá-lo do mar. Esta sexta-feira é o grande dia do mini-campeonato para os miúdos do ATL. Mário não sabe se vai ficar entre os primeiros, mas é certo que vai dar o seu melhor.

Depois do visionamento de filmes sobre a matéria, após uma formação intensiva sobre os "segredos" do "body-board", há aqueles que já conseguem ir "buscar" a onda no sítio certo. As manobras na praia dos pescadores em Esmoriz não passam despercebidas aos veraneantes que, de quando em vez, observam a agitação dos mais pequenos.

António Côrte-Real é o professor de serviço. Amante do "body-board" achou que era tempo de ensinar o que constantemente lhe perguntavam quando andava no mar. "Os miúdos metiam-se comigo, alguns punham os pés-de-pato ao contrário, não sabiam estar no mar e estavam super interessados em saber mais", conta. Daí até bater à porta do centro comunitário esmorizense para propor, em regime de voluntariado, ensinar os mais pequenos a "estar no mar", foi um passo. A instituição recebeu-o de braços abertos.

O jovem falou com os primos e vários amigos para recolher o material necessário, pranchas e pés-de-pato, e colocou mãos à obra num trabalho de dimensão social. "Podem não ter dinheiro, mas gostam e querem aproveitar o mar", explica.

Esta visão tem ainda um outro alcance. António Côrte-Real pretende que Esmoriz tenha a visibilidade que teve há cerca de cinco anos, quando ostentava o estatuto de capital nacional de "body-board". Nesse sentido, está a organizar um campeonato nacional na praia esmorizense que terá lugar no próximo fim-de-semana, sábado e domingo. Esperam-se mais de 50 inscrições. "É preciso puxar pelos recursos naturais, como o mar, fazer alguma coisa para um desenvolvimento sustentável, para o melhorar a todos os níveis", defende.

Metro do Porto vai circular na Ponte Luís I em meados de 2005

Trânsito desviado para jardim dos Aliados a partir de amanhã

Metro vai até Pedras Rubras já em Outubro

Falta de carteiros atrasa correspondência em Paços de Ferreira

Vila Real vai ter gabinete para apoiar recuperação de casas degradadas

Comissão interministerial vai chama peritos para investigar acidente de Leça

Serafim Coelho é o último colmeiro do Vale do Sousa

Licenciamento de centro comercial de Viana continua a dar polémica jurídica