8 Diário da Câmara dos Deputados
ção de O Mundo, sob a direcção inolvidável de França Borges.
O Sr. Alberto Sonsa estore em Marrocos, onde teve ocasião do ver os monumentos que os nossos antepassados ali ergueram. Êsses notáveis documentos da nossa acção colonizadora sensibilizaram vivamente a sua retina e o seu alto espírito do patriota e de republicano, e soube, com uma técnica Admirável, reproduzir em tintas do nina cor suavíssima a impressão fiel dêsses monumentos históricos, a que a sua emotividade artística deu um relêvo carinhoso do elevação o de beleza. Foi um acto patriótico e de educação artística e histórica que realizou. Merece, por isso, justos louvores do Estado e do povo.
Também outro espírito do artista, arqueólogo erudito o professor notável da Universidade de Coimbra, Dr. Vergílio Correia, esteve em Marrocos a estudar os referidos monumentos.
O Sr. João Camoesas, quando Ministro do Instrução Pública, prestou o seu concurso a essa visita, que teve um alto significado, muito interessou o nosso meio artístico, e foi fie grande vantagem para a nossa educação estética.
O Dr. Vergílio Correia, com a sua alta competência, demonstrou que não há influência mauretanense na arte portuguesa do século XVI.
Verificou-se que fomos nós que levámos a Marrocos a nossa arte, como o atestam êsses monumentos do estilo manuelino.
É com o maior prazer que presto a minha homenagem ao ilustre professor Dr. Vergílio Correia, que também é um sincero e digno republicano.
É interessante, Sr. Presidente, registar esto facto, para destruir a afirmação feita tantas vezes de que as elites intelectuais estão divorciadas da República e da Democracia. Espíritos dos mais talentosos da nossa terra, com uma obra notável na arte contemporânea, como Alberto Sousa, Vergílio Correia, como Matos Sequeira o Rocha Júnior-que há pouco evocaram para o nosso sentimento patriótico a velha cidade do Olivença, que hoje está na posse de Espanha, mas que mantém as suas características portuguesas - estão sinceramente integrados na Democracia.
A França tem pôsto em evidência as belezas naturais o artísticas de Marrocos. Tom organizado naquela região um serviço do belas artes e arqueologia, que por todos os vestígios do passado, pré-histórico, romano ou português -, vela com o maior carinho e interêsse. Nós sôbre êsse problema, como afirma o Sr. Vergílio Correia, apenas precisamos do reunir a documentação bibliográfica e diplomática referente ao norte do África, que existe nos nossos arquivos o publicá-la. As autoridades francesas e os serviços do belas artes e arqueologia em Marrocos reconheceram que os monumentos ali construídos por Portugal têm o mais alto valor artístico e histórico. Várias personalidades dedicaram-se ao estudo dêsses monumentos e à sua conservação, sendo notável a acção do padre Cornbo o do Sr. J. Gouhen, advogado, autor do livro interessante - "La placo do Mazagan sous Ia domination portugaíse"-, que foi condecorado pelo Govêrno Português com o oficialato de Santiago, mas a quem não foram enviadas as respectivas insígnias ou qualquer diploma. Apenas a nota veio publicada no Diário do Govêrno. Para o facto chamo a atenção do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Não menos carinhosa o dedicada é a acção do Sr. Weisgerber, médico e controleur civil em Mazagão, que tem empregado o maior esfôrço para que a célebre praça do Mazagão seja conservada, mantendo todas as características do tempo da dominação portuguesa, transformando-a num verdadeiro museu. Basta dizer que nas ruas, largos e travessas dessa praça, que se conserva como cidade do passado, foram reavivadas as designações e títulos portugueses. No próximo mês do Agosto, em que passa o aniversário da conquista de Ceuta, vai realizar-se em Mazagão uma festa interessante, de reconstituição histórica, com a designação honrosa para o nosso país: Lafête portugaise.
É necessário que Portugal só faça representar condignamente nessa festa, sem, é claro, grande encargo para o Tesouro. Confio em que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros concordará que a República só deve fazer representar numa festa tam característica e que será uma home-