Da Negação da Morte à Suave Memória

José Eduardo Rebelo, biólogo, professor universitário, perdeu a mulher e as duas filhas num acidente de viação há 11 anos. Pouco tempo depois voltou a casar-se e teve um filho, mas divorciou-se. Decidiu então racionalizar as suas vivências e inscreveu-se num mestrado de psicologia, centrado no luto. Casou novamente. Fundou uma associação de apoio a pessoas em luto e escreveu um livro sobre esse período de tempo em que se experimenta um turbilhão de emoções. "Desatar o Nó do Luto" é lançado agora no início de Junho. É o momento final do seu pesar. "Pacifiquei-me comigo mesmo".

Antes do acidente que levou a sua primeira mulher e as duas filhas, uma bebé e uma menina de sete anos, José Eduardo Rebelo nunca tinha vivido perdas tão intensas de pessoas muito próximas. O inesperado desaparecimento da família mais chegada levou-o a entrar num processo conturbado. "Andei à procura de um significado para a vida". Pouco mais de um ano depois casou-se e foi pai de um menino que hoje tem oito anos, mas a união não resultou porque - reconhece agora - tudo não passou de um processo de substituição de família.

"Quando há uma perda, há uma ponte de afectos que rui. Continuamos a ter necessidade de receber e de dar, mas a pessoa já não existe. Inicia-se o luto", diz José Eduardo Rebelo, 47 anos, doutorado em biologia e residente em Aveiro.

Talvez por defeito profissional, sentiu que tinha de transferir do coração para a cabeça a percepção das suas vivências. Dedicou-se a um mestrado em psicologia da saúde e intervenção comunitária, que concluiu no ano passado. Foi aí que conheceu a actual mulher.

Desde a sua pesquisa mais informal em livrarias aos estudos científicos que fez na universidade encontrou poucos livros sobre o luto e quase ninguém interessado em aprofundar o assunto.

Ao mesmo tempo que fazia o mestrado, tornou-se moderador de grupos de pessoas que passaram por circunstâncias semelhantes à sua na associação de apoio a pais em luto, A Nossa Âncora.

Em Fevereiro deste ano, José Eduardo Rebelo fundou a Apelo - Apoio à Pessoa em Luto (www.apelo.web.pt) que já tem perto de meia centena de associados. Além de promover acções de esclarecimento sobre a entre-ajuda, a associação dá consultas de acompanhamento psicológico e reúne grupos de pessoas uma vez por mês.

São viúvos, pais ou irmãos dos falecidos que partilham a sua experiência emocional. E, muitas vezes, o passo para a recuperação dá-se depois de momentos dramáticos. "É preciso 'bater no fundo'. Eu senti isso e outras pessoas também dizem sentir o mesmo".

O fundador da Apelo quer levar a entre-ajuda a outras paragens e, por isso, aposta na divulgação do trabalho da associação. A pedagogia é feita em espaços de opinião na imprensa regional e num programa semanal na Rádio Terra Nova. Mas o seu grande desafio é "introduzir o luto em alguns currículos de formação de alguns profissionais de saúde".

Com todos estes projectos em curso, sobretudo a finalização do livro, José Eduardo Rebelo diz que já viveu o seu luto. "Não consigo imaginar as minhas filhas hoje com 12 anos e com 18 anos. Mas tenho memórias muito bonitas do tempo que vivi com elas".

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