Tanto o Hospital de Santo António como o Hospital de São João, ambos no Porto, ainda não foram chamados pelas diversas forças de protecção civil para, tendo em vista o Euro 2004, tomar decisões sobre medidas de prevenção. "O Hospital de Santo António não foi contactado por ninguém, nem bombeiros, nem Administração Regional da Saúde (ARS), nem polícia, nem INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica]. O Euro 2004 vai acontecer. Quem de direito deve dizer o que se espera de cada hospital", alertou Humberto Machado, director do serviço de Urgência do Santo António.

Tiago Guimarães, responsável pela Comissão de Acreditação do Hospital de São João, também diz não ter sido contactado por nenhuma entidade. Contudo, os dois hospitais portuenses garantem que avançarão com simulacros, mesmo que seja de forma independente. Nuno Morujão, presidente do conselho de administração do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, está na expectativa de que haja um simulacro em parceria com forças como os bombeiros ou o INEM, mas também admite avançar sozinho com a iniciativa se ninguém se manifestar. "Há uns meses houve uma reunião com o INEM, mas não tratámos nada de concreto. O plano de catástrofe é uma decisão nossa. O nosso papel está feito, agora o resto terá que fazer a sua parte", afirmou ao PÚBLICO Sollari Alegro, presidente do concelho de administração do Santo António. Algo semelhante diz Nuno Morujão, que lembra ter havido "uma reunião com várias entidades no fim do ano passado", durante a qual "falou-se por alto na preparação para o Euro 200 4". Nessa ocasião, "ficámos de agendar uma reunião mais concreta", mas tal encontro ainda não foi calendarizado.

Ao que o PÚBLICO apurou, a ARS do Norte pediu recentemente aos hospitais informações básicas - as valências que cada unidade têm, por exemplo - que ajudarão o Plano Integrado de Intervenção do Ministério da Saúde para o Euro 2004. O PÚBLICO tentou contactar, sem sucesso, a ARS para apurar as medidas previstas pela Comissão de Acompanhamento de Saúde do Euro 2004. Não se sabe, por exemplo, se já estão em elaboração medidas de precaução em relação a um ameaça nuclear, biológica ou química.

"O Hospital de Santo António não está preparado para uma ameaça nuclear, biológica ou química. Não está e isto é gravíssimo", alertou Humberto Machado, director do Serviço de Urgência. O responsável contou ao PÚBLICO que, há cerca de duas semanas, apontou esta fragilidade num inquérito da Inspecção Geral da Saúde. E recordou que, há menos de três anos, um camião com amónia tombou na Via de Cintura Interna, no Porto. "Aquela quantidade de amónia, se [tivesse sido] libertada naquela zona, significaria uma incidência na população por problemas respiratórios que iria inundar os serviços de urgências", referiu. O médico recorda ainda que a libertação deste tipo de gases tóxicos acabaria por "inviabilizar o trabalho de todos profissionais por problemas respiratórios", a menos que os pacientes "fossem lavados num duche no exterior do hospital" de modo a evitar "a concentração de gases" no serviço. "E isto é apenas um químico. Multiplique isso por outro tipo de ameaças que ve nhamos a sofrer. Penso que será elaborado um relatório da Inspecção Geral de Saúde a propósito do Euro 2004. Nós dissemos que não estávamos preparados para isso", afirmou Humberto Machado.

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