O valor patrimonial do País

Serão "Sete Dias com o Património", entre 21 e 28 deste mês. Um programa que se anuncia de luxo, de Norte a Sul

CENÁRIO. A Fortaleza de Sagres é um dos palcos da iniciativa "Sete Dias com o Património"

O programa é de luxo. A iniciativa Sete Dias com o Património, organizada pelo Ministério da Cultura e que tem o apoio do DN, vai traduzir-se em dezenas de eventos por todo o País, durante a semana que decorre entre 21 e 28 deste mês.

Exposições, debates, conferências, visitas guiadas, concertos, reaberturas: enfim, a pretexto de uma semana temática, é Portugal em peso que vai ser sensibilizado para os problemas do património.

No primeiro dia desta semana, já este domingo, inaugura, no cenário referido no título, a mostra Livros Raros da Biblioteca da Ajuda - uma exposição e, em simultâneo, um programa de visitas guiadas. Na Casa de Burgos, em Évora, outra exposição: são fotografias do Atelier du Patrimonie, arrumadas numa série intitulada Marselha: O Património e a Cidade. Sempre no domingo, abre ainda outra exposição, desta vez na Fortaleza de Sagres. Trata-se de Flora Algarvia, um conjunto de fotografias de Sebastião Pernes.

Ainda no domingo, há os Encontros Arqueológicos do Alentejo e Algarve, que incluem uma visita guiada, Miróbriga no Mundo Romano, em Santiago do Cacém, e um debate, A Importância de Miróbriga no Litoral Alentejano. Quase em simultâneo, no Mosteiro de Alcobaça, haverá um concerto de música barroca pelo contratenor Luís Peças, acompanhado pela cravista Ana Braga. O Mosteiro dos Jerónimos, entretanto, abre-se a visitas guiadas para crianças.

Entretanto também, no Mosteiro de S. Martinho de Tibães, perto de Braga, outra exposição: O Cerco, Memórias e Olhares da Festa, sobre as celebrações religiosas dedicadas a S. Sebastião. Novamente descendo pelo país, temos uma exposição fotográfica, de imagens do grande Emílio Biel, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

No domingo, espaços como os do Paço dos Duques de Bragança, mais os palácios da Pena, de Sintra e de Mafra, estarão também mobilizados para os Sete Dias com o Património.

Segunda-feira, dia 22, para além de continuarem diversas iniciativas inauguradas no dia anterior - a acrescentar às já referidas, temos, por exemplo, as visitas guiadas ao Estaleiro de Santa Clara-a-Velha, em Lisboa -, destacam-se visitas ao Paço dos Duques de Bragança (À Descoberta dos Espaços da Residência do Estado), ao Palácio da Ajuda (Visitas Guiadas ao Tempo Real), e ao Palácio Nacional de Mafra (Labirinto: O Acesso aos Orgãos de Mafra).

Para o resto da semana, o programa mantém-se essencialmente idêntico, com os mesmos espaços envolvidos - e alguns novos, como o Arco da Rua Augusta, palco de uma visita guiada à Sala do Relógio e ao terraço -, e iniciativas idênticas ou complementares das já referidas.

Mais do que indicar aqui este ou aquele programa específico, o que vivamente se aconselha é a consulta do programa geral, distribuído ou publicado na imprensa pelo Ministério da Cultura.

Entretanto, em matéria de património, a agitação em território nacional não se fica por aqui. Em Évora, arrancou na quarta-feira a III Assembeia Geral da Organização das Cidades Património Mundial (OCPM), que tem a participação de representantes de 60 cidades.

Na sessão de abertura, o primeiro-ministro, António Guterres, que presidia ao debate, deu o mote para todo o encontro, destacando a importância da preservação do património histórico como peça indispensável à identidade nacional e como factor de dinamização do país.

Por sua vez, Abílio Fernandes, presidente da câmara de Évora, e ao mesmo tempo vice-presidente da OCPM, corroborou da opinião de Guterres e apontou o turismo cultural como "o compromisso possível entre o desenvolvimento, o emprego e a qualidade de vida, mas também a preservação do património físico e ambiental".

E acrescentou: "Só assim o turismo poderá cumprir a função cultural, contribuindo parta atenuar as diferenças e constituindo um factor objectivo de paz e de entendimento, de revelação da multiplicidade e da perenidade da nossa condição humana".