Como último recurso, explico, na mobilização de meios para resolver o problema dos excessos demográficos, por que a emigração, em certa medida, terá de ser permanente, em virtude de razões de ordem política, económica e moral.
Qual o estado actual da emigração portuguesa?
Ao entrar neste capítulo, pego no relatório da Repartição de Estatística das Nações Unidas de 1900, que contou 2:400 milhões de habitantes no Mundo, confronto a cifra com os 515 milhões do século XVII, os 704 milhões de cem anos depois, os 8T5 milhões do princípio do século passado e os 1:161 milhões, aproximadamente, do ano de ILSÕO; aceito o vaticínio dos 3:500 milhões no fim do nosso século; recordo a declaração de Norris Dodd, director da F. A. O. (Organização Mundial para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas) de que todas as manhãs há no Mundo inteiro 50:000 pessoas .mais que na véspera para almoçar; medito nesta pobre terra cansada de tanto produzir; vejo terras consideradas celeiros inesgotáveis de trigo, como as ricas terras dos Estados Unidos e da Ucrânia, acusarem um empobrecimento progressivo; avalio a ansiedade dos quinhentos sábios reunidos sob a égide da U. N.º E. S. C. O. para estudar, em conjunto, a salvação da terra assassinada pelo homem; meço os espaços de cada país, cada vez mais reduzidos para a preocupação tom que todos., salvo três ou quatro -o Brasil, « Argentina, o Canadá, a Austrália, vão pondo de reserva área bastante para o seu próprio crescimento, fisiológico; reparo na política seguida por alguns, de nacionalismo fechados ou de (preferências raciais; revejo os prólogos de guerra, as devastações da última guerra mundial, as crises económicas, os já normais estados de emergência, e não tenho remédio s>enão dar por explicado este embargo que cada qual tem votado à admissão de emigrantes, embargo absoluto em alguns casos, restrições noutros, dificuldades, em suma, que nos confinam a vida em horizontes mais apertados e inquietos.
Com maiores ou menores médias anuais, de 1900 a 1941, o número dos nossos emigrantes foi, segundo os registos, de 1.213:536. Por falta de elementos estatísticos anteriores a 1936 sobre o movimento de retornados, apuram-se 37:756 -neste número estão os. que vieram ò. Pátria de visita- nos últimos seis anos daquele período.
Quando falo .de emigração refiro-me só, como já disse, às deslocações para o estrangeiro; não envolvo a saída para as províncias ultramarinas.
Foi a primeira vez desde 1931 -salienta-se no Boletim Mensal do Instituto Nacional de Estatística de Outubro de l951 - que registamos mais de 20:000 emigrantes, e só isso constitui um facto significativo. Acresce que esse número ainda avulta mais pela tendência que revela e que aparece bem vincada no movimento mensal, onde o 2.º semestre acusa um aumento de cerca de 30 por cento sobre o primeira.
O mesmo número do Boletim chama ainda a atenção para o facto de 14:13-3 emigrantes dos 21:892 se terem destinado ao Brasil irmão.
Como me demorei a descrever a situação demográfica da ilha da Madeira, e, paralelamente, a de S. Miguel, ofereço dois quadros obtidos no Instituto Nacional de Estatística.
1940...2:783
1942 ...1
1945 ... 110
1950 ...501
Enquanto do distrito do Funchal, nos últimos onze anos, contados até 1950, inclusive, saíram ao todo 18:772 emigrantes, numa percentagem de 7 relativa à população calculada para o ano intermédio de 1945, do distrito de Ponta Delgada, no mesmo período, saíram unicamente 2:071, na baixíssima percentagem de 1,2, também relativa ao número de habitantes estimado para aquele mesmo ano.
Interessava, sem dúvida, conhecer qual o destino destes emigrantes, mas não consegui dados respeitantes a todo o período compreendido entre 1940 e 1950, tendo-me, no entanto, a Junta da Emigração fornecido números e indicações respeitantes aos anos de 1945 até 1951, inclusive.