papel inestimável do hospital, no tratamento das doenças da miséria e dos pobres.

"Mas como se adAptar às novas realidades, nesta estrutura secular?" - pergunta Rocha Marques, director do hospital, acrescentando que "em termos de inovação, o grande problema a resolver tem a ver com as condições hoteleiras das instalações."

Rocha Marques disse que Paulo Mendo, quando foi secretário de Estado da Saúde, reconheceu a importância da manutenção do hospital e da sua lotação, bem como a necessidade de se proceder a obras de beneficiação. Chegou mesmo a propor, nessa altura, o estudo de um Plano Director para um novo hospital. Mas o projecto ficou pelo caminho, sendo retomado mais tarde, já com Paulo Mendo à frente do Ministério.

Porém, "a estrutura pavilhonar do hospital e a própria estrutura física de cada pavilhão eram incompatíveis com as transformações necessárias à modernização dos serviços", salientou Rocha Marques, referindo-a à incapacidade daquela estrutura cen tenária suportar a instalação de equipamentos de moderna tecnologia. Daí que se tivesse avançado para a construção de um hospital novo.

O plano respectivo foi feito e aprovado, mas parou nas vésperas da adjudicação do projecto, com a mudança de ministro.

"Não sei em que pé está agora a ideia, mas é evidente que a situação hoteleira do hospital exige atenção urgente - apesar da aparente conservação das instalações. Isso resulta do nosso grande esforço, que está atingir os limites do impossível."

Na opinião de Rocha Marques, "o estado das instalações já não vale remendos. Até porque está previsto um novo hospital. Teoricamente, esta estrutura será demolida, se se der continuidade ao projecto. Tenho indicações avulsas de que os serviços regionais do Norte da Direcção-Geral de Instalações e Equipamentos de Saúde (DGIES) estão na disposição de, logo que haja indicação para tal, retomarem e darem continuidade aos doentes de Infeccciologia, tanto na consulta como no internamento - recebe-os primordialmente das áreas correspondentes ao Centro Hospitalar de Gaia e "Santo António", que não têm esta especialidade.

"É evidente que nem todos estão ou estiveram internados; alguns vêm à consulta, e, se necessário, fazem hospital de dia."

Em termos financeiros, o "Joaquim Urbano" não foge à regra.

"A minha angústia é a insuficiência de meios", lamentou Rocha Marques, dizendo que está atrasado cinco meses no pagamento aos fornecedores privados, mas acrescentando que tem dívidas mais antigas ao Serviço Nacional de Saúde. "Num hospital como este, cuja patologia dominante está isenta de taxa, por Lei, as receitas próprias não têm significado. Por outro lado, as novas terapêuticas e as novas tecnologias para o doente com SIDA e doentes oncológicos do foro pneumológico têm custos pesadíssimos. A própria evolução terapêutica tende a aumentá-los. "Recorde-se, como exemplo, as muito recentes propostas terapêuticas para a SIDA, assim como os novos métodos para avaliação da doença.

Estima-se que um doente custe cerca de três mil contos por ano. O subsídio do Estado para acudir a patologias tão específicas e a um hospital tão específico é muito limitado. E com a Saúde subfinanciada, ninguém faz milagres. Obviamente que, a partir do nada, não se poupa."

No plano dos recursos humanos, o "Joaquim Urbano" tem o quadro médico praticamente preenchido e, segundo o seu director, enquanto não houver ampliação de serviços ou instalações, não haverá problemas, a este nível.

No sector da Enfermagem, entretanto, são referidas algumas carências, à espera de descongelamento de vagas. Carências essas que estão a ser supridas com contratos a termo.

Rocha Marques destacou ainda algumas insuficiências, que "são resolvidas como se pode", enquanto os serviços de cozinha e lavandaria estão sob a responsabilidade do hospital.

"Falta acima de tudo, definir a política de Saúde, na área da tuberculose, porque a doença está em expansão", concluiu Rocha Marques, dando relevo ao facto de o número de novos casos, por ano, se manter muito alto e de as cidades de Lisboa e Porto apresentarem metade dos novos casos - resultado das migrações maciças para os grandes centros urbanos.