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O LIVRO de Virtuosa Bemfeyturia

O texto que se apresenta é a tese de licenciatura de Luís Afonso Ferreira, O Livro de Virtuosa Bemfeytoria do Infante D. Pedro com a colaboração do licenciado fr. João Verba (Esboço de Edição Crítica do Primeiro Livro com Introdução Histórico-Literária, Restituição do Texto, Comentário Paleográfico e Ortográfico e Pequeno Glossário), apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 1948.

Do Livro da Vertuosa Benfeytoria existe apenas uma edição crítica, preparada por Adelino de Almeida Calado, e publicada em 1994. A tese de licenciatura de Luís Afonso Ferreira é, segundo o próprio Adelino de A. Calado, na introdução à sua edição crítica, uma “abordagem lúcida” das questões codicológicas e textuais de tal obra (cf. infante D. Pedro, frei João Verba. Livro da Vertuosa Benfeytoria. Ed. crítica, introdução e notas de Adelino de Almeida Calado. Coimbra: Universidade de Coimbra. 1994. pp. XI, XII), problematizando e apontando soluções para as mesmas, que podem, até hoje, ser consideradas válidas. A tese encontrava-se, até agora, inédita.

Da mencionada tese existem, pelo menos, dois exemplares (é possível que existam ainda outros dois, nos espólios dos Professores - Costa Pimpão e Paiva Boléo - que fizeram a arguição da mesma, mas não foi, até agora, possível localizá-los): um exemplar na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com a cota n.º 67, Sala do Instituto de Língua e Literatura Portuguesas, e um exemplar privado, de que é proprietário Luís Prista, com anotações manuscritas pelo próprio autor, presumivelmente visando a sua publicação. Este exemplar apresenta algumas diferenças relativamente ao da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, não apenas correcção de gralhas ou lapsos, mas mesmo propostas de alterações estilísticas, acrescentos ocasionais, pistas destinadas a investigação posterior, indicações para reajustamento das partes da tese e mesmo correcções à fixação crítica do texto, que significam um estado mais avançado da investigação do autor. Não se conhece nenhuma alteração posterior a esta revisão manuscrita que agora se apresenta, e desconhece-se por que não terá chegado a ser objecto de publicação.

O que agora se apresenta é a digitalização do exemplar privado, com as anotações manuscritas consideradas relevantes transcritas. O que interessa, essencialmente, é dar a ler o texto de Luís Afonso Ferreira, daí que a transcrição das anotações só apareça se solicitada pelo leitor. Sempre que as alterações manuscritas sejam meras correcções de gralhas, a que não possa ser atribuído nenhum significado que não esse, não é feita a transcrição, desde que não haja problemas de legibilidade. Assim também quando as anotações manuscritas são inequivocamente legíveis, não se transcrevem. Não se transcrevem, ainda, símbolos marginais, que não correspondam a letras ou sinais de pontuação, existentes no Tomo II da tese.

Para além da transcrição das anotações manuscritas, o exemplar privado foi colacionado com o existente em Coimbra, apresentando-se agora também o texto de Coimbra, quando divergente, de forma relevante, do texto do exemplar privado. Mais uma vez, a lição de Coimbra apenas aparecerá ao leitor se por ele solicitado. No exemplar da tese guardado em Coimbra, há três fotografias dos manuscritos, inexistentes no exemplar privado que se reproduz. São elas: (i) a página da dedicatória a D. Duarte, do manuscrito de Viseu; (ii) depois da página 12, outra fotografia do códice de Viseu, e (iii) depois da página 104, uma fotografia do manuscrito de Madrid.

A digitalização foi feita com uma máquina Xerox C2424. A transcrição foi feita a partir de uma impressão da digitalização do exemplar privado da tese, tendo-se optado por uma transcrição paleográfica, mantendo a ortografia, a pontuação e as maiúsculas e minúsculas das anotações manuscritas. Não foi feita qualquer correcção das gralhas manuscritas.

Os símbolos utilizados na transcrição são os utilizados pelo Grupo de Trabalho para o Estudo do Espólio e Edição Crítica da Obra Completa de Fernando Pessoa, e são os seguintes:
<> segmento riscado;
† palavra ilegível;
<>/\ substituição por sobreposição, <substituído>/substituto\;
<>[↑] segmento riscado e acrescento substituto na entrelinha superior;
[↑] acrescento na entrelinha superior;
[↓] acrescento na entrelinha inferior;
[→] acrescento na margem direita;
[←] acrescento na margem esquerda;
| mudança de linha.

O símbolo C. é usado para identificar o texto da tese existente na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Sempre que o autor use os símbolos <> nas suas anotações, são substituídos por chavetas, de forma a que não sejam confundidos com o símbolo idêntico que uso.

Qualquer destes símbolos só é, no entanto, utilizado quando se revele necessário para mostrar as alterações que o texto sofreu. Quando as mesmas sejam visíveis pela imagem, optou-se por não os utilizar, de forma a facilitar a leitura da transcrição. Do mesmo modo, não se transcrevem os acrescentos manuscritos existentes no aparato, que se devem à impossibilidade de a máquina de escrever utilizada por Luís Afonso Ferreira os representar, sendo apenas mostrados nas fotos.

No Tomo II, há dois erros na numeração manuscrita feita pelo autor na margem superior das páginas: um salto entre o fim do texto do Livro e o início do capítulo "Ortografia e Pronúncia"; e uma duplicação do número 157, depois corrigida também manualmente. No exemplar de Coimbra o referido salto não ocorre, havendo portanto um desfasamento na numeração entre os dois exemplares, que se manterá até ao final do volume.

Agradeço ao Sr. Prof. Doutor João Dionísio ter-se lembrado de mim para este trabalho, bem como todas as sugestões, ajuda e disponibilidade, que fazem com que, na verdade, a autoria seja mais dele que minha – em todas as qualidades que lhe possam ser reconhecidas, ainda que não em quaisquer eventuais erros.

Agradeço ainda ao Pedro Rufino o desenho deste sítio, e ter-me feito ver como a forma pode melhorar o conteúdo. Ao Diogo, tudo: da arquitectura do sítio à paciência constante para as dúvidas permanentes - sobre isto e o resto.

Ariadne Nunes, 16 de Agosto de 2011